Março é o mês das mulheres, mas não é \n preciso esperar até lá para trazer à nota assuntos dedicados ao universo\n feminino. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) \n acaba de divulgar o estudo Síntese de Indicadores Sociais – Uma Análise \n das Condições de Vida dos Brasileiros, trazendo uma revelação \n preocupante: de cada 10 jovens que não estudam e nem trabalham, 7 são \n mulheres. Elas pertencem a um grupo que soma 9,6 milhões de pessoas \n entre 15 e 29 anos, contingente que, pela desocupação, é conhecido como \n “geração nem-nem”.Como se vê, as desigualdades de tratamento \n entre gêneros se reproduzem tanto dentro quanto fora do mercado de \n trabalho. O IBGE mapeou também o impacto da maternidade na vida das \n trabalhadoras: 58,4% das mulheres nem-nem têm pelo menos um filho. E \n nada menos do que 3 de cada 10 jovens com idades entre 15 e 17 anos já \n são mães. O percentual cresce para 51,6% na faixa de 18 a 24 anos, e \n para 74%, entre 25 e 29 anos.O lançamento da pesquisa coincidiu \n com um dos mais importantes momentos do CIEE: a formatura anual de \n integrantes do Aprendiz Legal, programa de forte cunho social voltada à \n formação profissional de jovens de 14 e 24 anos – a fatia mais grossa da\n geração nem-nem. A entrega dos certificados àqueles que passaram pela \n capacitação prática (nas empresas) e teórica (em aulas ministradas por \n instrutores do CIEE) teve a participação de centenas de ex-aprendizes, \n representando a turma de 1,3 mil capacitandos na Grande São Paulo, que \n fogem do cenário traçado pelo mapeamento do IBGE. Encontravam-se, no \n lotado Teatro CIEE, ao menos duas jovens mamães que conseguiram driblar \n as estatísticas. Tifani Barbosa da Silva, de 19 anos, simboliza essa \n alternativa: pouco antes de subir ao palco para a foto oficial dos \n aprendizes, cobrindo o colo com uma leve fralda, amamentava um \n bebezinho.Ao longo dos dois últimos anos, milhares de aprendizes \n como Tifani tiveram estudo e trabalho, e agora, cumprida essa etapa, \n estão mais preparadas para a vida. Pois, além de transmitir \n conhecimentos técnicos básicos de uma profissão, o Aprendiz Legal cuida \n também do lado atitudinal e cidadão, com ações de assistência social e \n desenvolvimento pessoal, que envolvem também as famílias e, muitas \n vezes, estendem-se às comunidades, em especial aquelas que se encontram \n em situação de vulnerabilidade.(*) Luiz Gonzaga Bertelli é \n presidente Executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da \n Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp.