Sexta-Feira, 19 de Abril de 2024
Brasil
09/09/2017 09:38:00
IPTU: empresários dizem que aumento do imposto agravará crise

O Globo/LD

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Uma carta assinada por 11 sindicatos, enviada à Câmara dos Vereadores do Rio, em 10 de agosto, demonstrava a apreensão de representantes de diferentes setores da economia com a aprovação da lei que vai alterar o cálculo do IPTU. O documento entregue ao presidente da Casa, Jorge Felippe, pedia a discussão do projeto com a sociedade “de forma transparente e aberta”. Com a aprovação da proposta do Executivo por 31 votos a 18, na última terça-feira, empresários e comerciantes temem que a crise que atinge o Rio se agrave ainda mais. O presidente do Sindicato dos Lojistas (SindiLojas), Aldo Gonçalves, criticou a falta de diálogo por parte da prefeitura:

— O aumento do IPTU é inteiramente inoportuno neste momento de crise. Penaliza a população, penaliza a sociedade como um todo, o comércio, a indústria, tudo. Diálogo e transparência é o que pedimos.

Segundo Aldo Gonçalves, o comércio enfrenta ainda um outro grande problema: a concorrência dos camelôs.

— O aumento de imposto diminui ainda mais o poder de compra. Muitas lojas já fecharam, o desemprego está grande e o comércio informal cresce. A situação que já está ruim pode se agravar ainda mais. Estão todos endividados — desabafou.

A carta dos sindicatos destaca que a lei poderá provocar “graves consequências, prejudicando milhões de pessoas, do contribuinte comum aos setores produtivos, já totalmente asfixiados pela alta carga tributária”. Alega ainda que o aumento do IPTU “alimentará ainda mais o atual círculo vicioso e pernicioso que o Rio de Janeiro vivencia: a sociedade não consome, o comércio não vende, a indústria não produz”. E conclui que a medida terá um efeito contrário, pois “aumentará a inadimplência”.

Embora o prefeito Marcelo Crivella tenha declarado esta semana que debateu o aumento do imposto durante seis meses com a sociedade, apenas uma audiência pública sobre o assunto foi realizada na Câmara, 18 dias após a entrega da carta e uma semana antes da votação. O sentimento do empresariado, afirma o presidente do Sindicato da Habitação, Pedro Wähmann, é de indignação:

— Nossas reivindicações não foram atendidas. Somente depois de muita insistência, marcaram uma reunião. O que vai acontecer é que o comércio vai pagar mais pela ocupação e vai vender menos.

A Fecomércio-RJ, apesar de não ter assinado a carta, sustenta que não houve o diálogo necessário para uma decisão que vai provocar impacto em todos os setores. Em nota, Natan Schiper, diretor da entidade, afirma que o aumento do IPTU diminui a competitividade das empresas instaladas no município e que faltou sensibilidade por parte da administração pública. Segundo ele, o IPTU comercial poderá aumentar 153%. A prefeitura diz que o reajuste do imposto residencial será, em média, de 36% em toda a cidade.

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