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Brasil
13/06/2019 16:36:00
Moro perde apoio após The Intercept, mas ainda é o político mais popular

El País/PCS

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Governo Bolsonaro mantém avaliação negativa, enquanto apoio à prisão de Lula tem queda, mostra pesquisa inédita do Atlas Político. Mais de 70% dos entrevistados tiveram conhecimento das reportagens com os diálogos do ex-juiz e Dallagnol

Partida entre CSA e Flamengo na noite de quarta-feira (12), no estádio nacional de Brasília, onde Moro foi hostilizado (Foto: Alex Farias)

As revelações do jornal The Intercept Brasil começam a mostrar ao ministro da Justiça, Sergio Moro, o que significou tirar o manto de magistrado e vestir a fantasia de político.

Pesquisa exclusiva da empresa Atlas Político mostra que o ex-juiz da Operação Lava Jato perdeu parte do seu capital popular após as reportagens que apontam sua ligação estreita com o procurador Deltan Dallagnol no processo que condenou mais de 1000 pessoas, entre eles o ex-presidente Lula que cumpre pena há um ano em Curitiba. Em pesquisa da Atlas realizada em maio, Moro tinha uma imagem positiva para 60% dos entrevistados.

Na pesquisa realizada entre os dias 10 e 12 de junho, o ministro havia perdido quase dez pontos percentuais – manteve o mesmo prestígio entre 50,4% dos entrevistados –, mas recebeu avaliação negativa de 38,6%, contra 31,8% no levantamento do mês passado. Apesar do desgaste, Moro ainda é o político mais popular do Brasil, e tem o respeito da maioria dos brasileiros.

O levantamento, feito online com 2.000 pessoas de todo o país (o resultado tem margem de erro de 2% para cima ou para baixo), mostra que 73,4% dos entrevistados tomaram conhecimento das conversas entre Moro e Dallagnol, divulgadas no último domingo, dia 9, pelo jornal The Intercept Brasil. Desses, 58% reconhecem que a prática de um juiz aconselhar e manter conversas privadas com membros da acusação ou defesa de um réu, sem o conhecimento da parte adversa, é incorreta. Somente 23,4% consideram esse comportamento correto. Outros 18,6% não opinaram.

Os diálogos divulgados até aqui pelo jornal, e que não foram desmentidos pelo atual ministro, mostram que Moro mantinha intensas conversas privadas com o coordenador da Lava Jato pelo aplicativo Telegram com orientações, broncas, elogios e até dicas de fontes que a força tarefa deveria ouvir nas investigações que os procuradores conduziram para condenar o ex-presidente Lula. Esse comportamento fere princípios constitucionais e do Código Penal Brasileiro. Vai contra, ainda, uma posição que o próprio Moro sempre adotou. “Eu não tenho estratégia de investigação nenhuma. Quem investiga e quem decide o que vai fazer é o Ministério Público e a Polícia [Federal]. O juiz é reativo, o juiz normalmente deve cultivar virtudes passiva... e até me irrita ver críticas infundadas dizendo que eu sou um juiz investigador”, disse ele em palestra na Associação Nacional dos Auditores Fiscais em Curitiba, há três anos.

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