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Cidades
05/08/2017 16:01:00
Sociedade civil de Coxim rechaça implantação de hidrelétricas nos rios

Da assessoria/SF

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Foto: Divulgação/PMC

Em reunião pública realizada na noite de quinta-feira (3), no auditório do Hotel Coxim, mais de 150 pessoas representando a sociedade civil coxinense rechaçaram publicamente a implantação de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) nos rios da região.

O objetivo da reunião, realizada pela Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH, Agência Nacional de Águas – ANA, governos dos de MS e MT e do Grupo de Acompanhamento (GAP) da Elaboração do Plano de Recursos Hídricos da Região Hidrográfica do Paraguai (PRH Paraguai), na qual Coxim está inserido, era apresentar o Diagnóstico (situação atual da região) a partir de estudos realizados por diversas instituições ao longo dos anos e o Prognóstico (possibilidades de mudanças e desenvolvimento da região), que serão a base para as propostas do Plano.

Quando aberta a participação opinativa e questionamentos, estudantes da UEMS, UFMS e IFMS, técnicos de diversas áreas, ruralistas, ambientalistas, profissionais autônomos, pescadores profissionais, pesquisadores, vereadores e o prefeito de Coxim, Aluizio São José, deixaram claro que a população coxinense rechaça qualquer possibilidade de implantação de PCHs nos rios Coxim, Taquari, Jauru, entre outros.

O coordenador técnico do Cointa (Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento Sustentável da Bacia do Rio Taquari), Nilo Peçanha, explica que, geologicamente, a região está sobre placas tectônicas que se movimentam periodicamente, inclusive com registros na Escala Ritcher, o que poria em risco a cidade de Coxim caso alguma barragem se rompesse após um abalo sísmico.

O prefeito de Coxim, Aluizio São José, esclarece que há quase sete anos a prefeitura e a Câmara de Vereadores, juntamente com instituições de pesquisa instaladas no município, vem estudando a fundo o tema: "Sabemos que esses empreendimentos hidrelétricos causam prejuízos e impactos negativos na cidade sem qualquer contraprestação, remuneração seja por tributos ou royalties".

"Estamos integrados ao Pantanal, temos muitos pescadores profissionais, temos uma cadeia produtiva em torno dessa atividade econômica. É um debate extenso, mas por conta dos reflexos sociais, ambientais e econômicos, temos uma posição contrária. Agradeço e parabenizo a população coxinense por ter contribuído de forma qualificada, trazendo informações do pescador, do biólogo, enfim, das instituições aqui presentes, que representaram muito bem o povo", finalizou o prefeito.

O presidente da Colônia de Pescadores, Armindo Batista, argumentou que de nada adianta preservarem as cabeceiras dos rios "se lá embaixo (na planície pantaneira) os fazendeiros fecham bocas de baías do rio Taquari causando a morte de milhares de peixes, como vimos recentemente". Estudantes do curso de Gestão Ambiental da UEMS questionaram e opinaram acerca dos estudos secundários levados em conta no PRH Paraguai.

Rosana Evangelista, especialista em Recursos Hídricos da Agência Nacional de Águas, conta que a mobilização da sociedade na reunião de Coxim foi uma surpresa: "Nessa reunião ficamos felizes com a participação popular e é importante porque recebemos informações de quem vive no local, quem conhece mais a região, de quem já está envolvido com projetos, ações. Isso enriquece o trabalho. E percebemos que a participação da comunidade não foi só em quantidade mas vimos que as pessoas estão dispostas e qualificadas a discutir e propor ações, inclusive vereadores e o prefeito, tomadores de decisões, isso mostra comprometimento das instituições que eles representam, pois por exemplo, em parceria com as universidades locais podem desenvolver pesquisas relacionadas a essa temática".

No mês de agosto as reuniões acontecem em municípios do Mato Grosso e em novembro acontece a segunda etapa do PRH Paraguai em MS, com mais uma reunião pública em Coxim.

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