Sábado, 20 de Abril de 2024
Ciência e Saúde
19/05/2017 15:00:00
Aedes aegypti é capaz de transmitir múltiplos vírus em uma única picada
Pesquisadores querem descobrir se algum desses vírus é dominante

G1/PCS

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O mosquito Aedes aegypti é capaz de transmitir múltiplos vírus em uma única picada, como os da dengue, zika e chikungunya. Este foi o resultado de um novo estudo da Universidade Estadual do Colorado (CSU, sigla em inglês), publicado na revista "Nature Communications" nesta sexta-feira (19).

Os pesquisadores acreditam que os resultados jogam luz sobre como ocorre uma co-infecção - quando uma pessoa é atingida por duas ou mais doenças ao mesmo tempo. Eles dizem que o mecanismo ainda não é compreendido totalmente e que pode ser bastante comum em áreas afetadas por surtos, como o Brasil.

A equipe da CSU infectou os mosquitos em laboratório com os três tipos de vírus, depois realizaram testes para verificar qual a taxa de transmissão. De acordo com o estudo, ainda não há uma razão para acreditar que uma co-infecção possa ser mais grave do que ser atingido por um só vírus. As pesquisas sobre o assunto são escassas.

O primeiro relato de co-infecção por chikungunya e dengue ocorreu em 1967, segundo o estudo. Recentemente, há registros de pacientes que tenham contraído a zika, dengue e a chikungunya ao mesmo tempo na América do Norte e Sul.

A líder da pesquisa, Claudia Ruckert, pós-doutora do laboratório de doenças infecciosas e artrópodes da CSU, diz que a equipe chegou ao resultado de que é possível uma co-infecção, mas que a transmissão dos três vírus simultaneamente é mais raro.

Próximos passos

Os pesquisadores querem, a partir de agora, tentar descobrir se algum desses vírus é dominante e consegue "superar" os outros dentro do organismo dos mosquitos. Ruckert diz que não há qualquer evidência forte de que uma coinfecção possa resultar em sintomas ou um quadro clínico mais grave.

No entanto, as descobertas sobre casos de dois ou mais vírus no mesmo paciente são contraditórias, diz o estudo. Uma equipe da Nicarágua analisou um grande número de co-infecções, mas não observou mudanças na hospitalização dos pacientes ou no estado clínico. Outros estudos, porém, encontraram uma possível ligação entre uma múltipla infecção com complicações neurológicas.

A equipe da CSU levanta, ainda, outra possibilidade: que as co-infecções em seres humanos não tenham sido diagnosticadas da maneira certa.

Além de analisar essa relação entre os diferentes vírus no corpo dos mosquitos, a pesquisa pretende, mais tarde, inserir o responsável pela febre amarela nos testes.

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