Sexta-Feira, 19 de Abril de 2024
Ciência e Saúde
14/03/2019 11:17:00
Com quase 11 mil casos de dengue, decreto não melhora atendimento
Notificações da doença aumentam 44% em 13 dias

CE/PCS

Imprimir

A epidemia de dengue ganhou força nos últimos 13 dias, em Campo Grande. O número de notificações saltou de 7.350, no dia 1º de março, para 10.607, ontem. Deste total, 2.805 casos já foram confirmados e uma pessoa morreu. A explosão de casos mostra que apesar de decreto de emergência, publicado na semana passada pela prefeitura, a doença avança. Postos de saúde estão superlotados, faltam médicos e insumos, enquanto o prefeito Marcos Trad (PSD) ainda tenta recursos do Ministério da Saúde.

Além de permitir a compra de medicamentos e insumos sem licitação, o decreto de emergência permite a capitação de recursos extras da União. Com isso, o município espera receber R$ 1.174.682,2, sendo que a maior parte, R$ 804.852,24, será destinada para compra de material de laboratório, como tubos para coleta de sangue e reagentes para exames. O restante servirá para compra de luvas, sacos de lixo, aquisição de equipamentos de manutenção, tranporte de equipes e até o pagamento de chaveiros para entrada em imóveis fechados. Os dados estão em estimativa de custos da prefeitura para conter a sengue, enviada ao Ministério da Saúde.

Chama atenção que, apensar do caos instalado nos postos de saúde, nada do dinheiro que pode vir da União será utilizado na melhoria do atendimento a população como, por exemplo, contratação de médicos, enfermeiros e outros profissionais.

CAOS

Na manhã de ontem, na UPA do Coronel do Antonino, havia pelo menos 100 pessoas esperando atendimento, metade delas com crianças pequenas no colo. Durante o tempo em que a reportagem do Correio do Estado esteve no local, poucos foram atendidos. Segundo a escala da prefeitura da Capital, havia cinco médicos para atender crianças e cinco profissionais para pacientes adultos no período matutino.

A espera pelo atendimento, ao que parece, virou costume para os pacientes. Ser atendido em três horas ainda é vantagem para alguns. A massoterapeuta Luciana Borges de Deus, 44 anos, tem ido todos os dias à UPA do Bairro Coronel Antonino levar o filho de 13 anos, diagnosticado com dengue. “Cheguei às 6h e essa tem sido nossa rotina nos últimos dias”, disse.

A diarista Fátima Maria Vieira, 58 anos, foi diagnosticada com zika vírus. Há seis dias, ela tem ido à UPA para fazer exames e acompanhar o quadro da doença. “Eu chego por volta das 8h, mas sempre sou bem atendida. Tem muita gente precisando ser atendida, a espera é normal. A gente já se acostumou com a demora. Esse negócio da dengue tem lotado ainda mais os postos”, considera.

O confeiteiro Mauro César Benites, 52, chegou às 7h10min e saiu da UPA às 9h, para pegar os resultados de exames. “Na terça-feira, procurei a unidade e fui atendido rápido, pois estava com suspeita de dengue. Peguei os exames hoje, mas não vou esperar o médico me falar o que eu tenho, tem muita gente esperando”, afirmou.

Uma mulher de 33 anos quebrou uma vidraça na sala de triagem da UPA do Coronel Antonino com um soco, depois de esperar quatro horas para ser atendida, na noite de terça-feira (12). Os estilhaços atingiram um técnico de enfermagem, que sofreu vários cortes pelo corpo e sangrou bastante.

CENÁRIO PIOR

O prefeito Marcos Trad (PSD) afirmou que, desde o ano passado, a prefeitura tem se preparado contra a epidemia de dengue e que, se não fossem os trabalhos de conscientização, o número de casos poderia ser maior.

“Desde outubro do ano passado, nós estamos trabalhando para conscientização e educação da população no sentido de não ter um desastre. Nós lançamos as campanhas juntamente de várias redes de supermercados, envolvemos a Associação Comercial, envolvemos as associações de moradores e fizemos material publicitário com divulgação em todos os meios de comunicação, intensificamos as visitas dos agentes de endemias e aumentamos em cinco os veículos de fumacê.

Deu resultado. Há três anos, em 2016, nesse mesmo período de tempo que você está me entrevistando, nós tivemos 19.800 notificações. De 2016 para cá, aumentaram os conjuntos habitacionais, aumentou a população e diminuiu a notificação do registro dessa enfermidade, a campanha de prevenção funcionou sim”, considera o prefeito.

O prefeito afirmou ainda que reforçou o atendimento nos postos de saúde e que as equipes estão preparadas para atender a população. Desde ontem, mais dez unidades básicas de saúde e da família começaram a atender em horário estendido, passando de 22 para 32 unidades.

COMENTÁRIO(S)
Últimas notícias