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ImprimirMato Grosso do Sul registrou em 2020 a morte de 16 mulheres durante a gravidez ou pós-parto, das quais duas foram por conta da Covid-19, de acordo com a Associação de Ginecologia e Obstetrícia de MS. Neste ano, o Estado já contabiliza 27 mortes, sendo 17, comprovadamente, em decorrência da doença, conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES).
De acordo com boletim do Observatório da Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado na sexta-feira (4), os óbitos maternos no País em 2021 superaram o total de 2020. É importante salientar que essas perdas ocorreram enquanto as vacinas contra a Covid-19 já existiam e estavam em aplicação no Estado para esse público.
Ao longo de todo o ano passado, foram registrados no Brasil 544 óbitos em gestantes e puérperas pela Covid-19. A média semanal foi de 12,1 perdas.
Em contrapartida, de janeiro a maio de 2021, o número de mortes foi de 911. Uma média semanal de 47,9 falecimentos.
“Esse quadro aumenta a preocupação em relação à disponibilidade de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) adulto para essas mulheres e de leitos de UTI neonatal para os recém-nascidos, que podem ser inclusive prematuros”, afirma o boletim. Segundo o documento, as gestantes podem evoluir para uma descompensação respiratória.
“Em especial, aquelas que estão em torno da 32ª ou da 33ª semana de gestação. Em muitos casos, há necessidade de antecipar o parto”, alerta a Fiocruz.
A diretora de Assistência à Saúde da Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul (Cassems), obstetra e ginecologista Maria Auxiliadora Budib, explicou ao Correio do Estado que, com o agravamento da pandemia em MS, muitas mães abandonam o pré-natal pelo medo de contágio da doença.
Por esta razão, a médica defende a imunização neste público. “Vacinar a gestante contra a Covid-19 acima de 12 semanas se faz necessário em todo o País”, reiterou.
Conforme Budib, apesar de a vacina não evitar a doença, o imunobiológico proporciona um resultado significativo da atenuação do quadro clínico com um menor número de pessoas com casos graves e que, eventualmente, necessitam de uma UTI.
Segundo a infectopediatra e pesquisadora da Fiocruz Ana Lúcia Lyrio, é importante que as mulheres aptas procurem pela vacinação.
“Todas as gestantes devem se dirigir às unidades de saúde para tomar a vacina, não só para a sua proteção, bem como de seus filhos”, ressaltou a pesquisadora.
Em Campo Grande, a vacinação deste domingo (6) foi exclusiva para lactantes com 30 anos ou mais. O atendimento foi no Ginásio Guanandizão, até as 17h. Mais de 1.500 mulheres no período de até dois anos de amamentação já haviam recebido a primeira dose do imunobiológico até o fim da tarde de ontem.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde Pública (Sesau), 3.127 gestantes e 914 puérperas já foram vacinadas com a primeira dose contra a Covid-19 em Campo Grande. Dessas, 195 já receberam a segunda dose do imunobiológico.
Aptas a receberem as doses, 3.845 gestantes já fizeram o cadastro para a vacinação, ou seja, ainda há 718 gestantes cadastradas que não procuraram os postos de vacinação. Em relação às puérperas (45 dias pós-parto), 1.238 já se cadastraram no sistema da prefeitura, número maior do que o de vacinadas.
SRAG
A Fiocruz constatou ainda a tendência de crescimento de síndrome respiratória aguda grave (Srag) em 12 estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Tocantins e Distrito Federal.
“Este nível alto das Srags significa que um elevado número de novos casos surge com necessidade de hospitalização em um sistema de saúde já com altas taxas de ocupação”, afirmam os pesquisadores do Observatório.
De acordo com o boletim, todos os estados das regiões Nordeste, Sul, Centro-Oeste e a maior parte da região Sudeste estão com a ocupação de leitos de UTI em níveis críticos (maiores ou iguais a 80%) ou mesmo extremamente críticos.
Mato Grosso do Sul lidera os índices de internação em leitos de UTI pela Covid-19, com 106% de ocupação. Conforme o último boletim epidemiológico da SES, em MS, 301.559 pessoas já foram contaminadas pela Covid-19. No total, 7.122 pessoas morreram em decorrência da doença no Estado.
A média móvel de casos dos últimos sete dias está em 1.779 registros diários. Em relação às mortes, 47,3 sul-mato-grossenses morrem em decorrência da doença todos os dias no Estado, em média atualizada ontem. A taxa de letalidade em Mato Grosso do Sul está em 2,3%.
CADASTRO
Na Capital, é necessário um cadastro prévio no portal da prefeitura para que as gestantes ou puérperas recebam as doses contra a Covid-19.
No site, será exigido, além dos documentos pessoais, o anexo em PDF ou JPEG da autorização para a vacinação feita por um obstetra.
O mesmo comprovante será exigido no ato da vacinação.