Quinta-Feira, 28 de Março de 2024
Ciência e Saúde
30/05/2019 17:52:00
Pesquisadores criam sensor para diagnóstico de zika com gota de urina e resultado na hora em Campinas

G1/LD

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Diagnóstico rápido e preciso, sem chance de um "falso positivo", para o vírus da zika. Esse é o resultado de uma pesquisa do Centro de Tecnologia da Informação (CTI) Renato Archer, em Campinas (SP). Um sensor é capaz de atestar a doença a partir de uma gota de urina.

Pesquisadores modificaram, em laboratório, uma placa de circuito usada normalmente em equipamentos eletrônicos. Criaram nanoestruturas para isolar a proteína NS1, liberada no corpo humano pelo vírus da zika.

Com a amostra do paciente, o teste é feito e a presença da proteína fica visível em gráficos.

"Na maior parte dos testes hoje que existem, que seriam feitos com a proteína NS1 do zika, devido à similaridade com a proteína da dengue, podem dar falsos positivos e falsos negativos, o que dificultaria exatamente a prescrição médica do paciente. [...] Conseguimos identificar apenas zika", afirma Talita Mazon, pesquisadora do CTI.

A imprecisão de alguns exames já existentes dificulta o diagnóstico do paciente. Com o sensor, a proteína NS1 já pode ser identificada desde primeiro dia da doença, o que é um diferencial, até o oitavo dia, quando termina o ciclo do vírus.

"O nosso já foi testado em urina humana e pega pequenas alterações de sinais elétricos a nível de ligação química anticorpo-antígeno", conta Talita Mazon.

Resultado na hora

Assim que a urina é colocada em contato com o equipamento, o resultado já aparece na tela de um computador ou em um equipamento portátil, como a tela de um telefone celular.

A tecnologia é de baixo custo e pode ser facilmente aplicada no Sistema Único de Saúde (SUS), segundo os especialistas. A implantação do sistema num equipamento portátil de hospital, por exemplo, pode ser feita por R$ 450.

"Poderia ser utilizada também em postos de saúde, sem a necessidade de equipamentos que precisam de pessoas especializadas para operarem. Então, sem a necessidade de equipamentos caros", explica a pesquisadora Talita Mazon.

Reconhecimento internacional

Duas publicações científicas internacionais, uma delas do grupo Nature (Scientific Reports), aceitaram a metodologia da pesquisa. A mesma tecnologia também permite o diagnóstico preciso de inúmeras doenças.

"Agora nosso plano é desenvolver um sensor para dengue e para chikungunya. A gente conseguiu ter um avanço", explica a pesquisadora Aline Macedo.

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