Ciência e Saúde
26/05/2013 10:20:13
Vacina contra dengue pode chegar ao mercado em 2015
Há uma boa e uma má notícia sobre a dengue. Primeiro a má: o número de casos de contaminação no Brasil é preocupante. No ritmo atual, o ano de 2013 deve superar 2010, considerado o pior da história em notificações.
Terra/PCS
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\n \n Há uma\n boa e uma má notícia sobre a dengue. Primeiro a má: o número de casos de\n contaminação no Brasil é preocupante. No ritmo atual, o ano de 2013 deve\n superar 2010, considerado o pior da história em notificações. Agora a boa\n notícia: a vacina contra a doença pode chegar ao mercado em 2015.\n \n De 1º de\n janeiro até 20 de abril, a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti\n atingiu 799.661 pessoas no Brasil. O pico da transmissão da dengue ocorreu na\n primeira semana de março, quando foram registrados 84.122 casos da doença.\n Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a dengue afeta entre 50 e 100\n milhões de pessoas a cada ano, em mais de 100 países. \n \n Por\n enquanto, não existem medicamentos disponíveis para prevenir ou tratar a\n doença. O que se faz hoje é reprimir a proliferação do mosquito e, em caso de\n contaminação, tratar os sintomas.\n \n Apesar\n dos esforços atuais de controle da dengue, a carga e os custos da doença\n continuam a ser consideráveis.\n \n Mas o\n aumento considerável no número de casos demonstra que isso não é o suficiente.\n Apesar dos esforços atuais de controle da dengue, com base principalmente no\n controle do vetor e manejo de casos, a carga e os custos da doença continuam a\n ser consideráveis. O controle do vetor vai continuar a ser uma parte importante\n do controle da dengue, mas é claro que uma vacina também é necessária, explica\n Ciro de Quadros, vice-presidente executivo do Instituto de Vacinas Albert\n Sabin, em Washington, DC.\n \n Desafio
\n Embora existam muitas fórmulas candidatas, em vários estágios de\n desenvolvimento, a complexidade da infecção pelo vírus da dengue tem sido um\n desafio para as pesquisas da vacina. Um dos entraves é conseguir uma vacina que\n forneça proteção contra os quatro sorotipos do vírus da dengue (1 a 4).\n \n Além\n disso, outra dificuldade encontrada é a falta de conhecimento de como a doença\n se comporta e da maneira que o vírus interage com o organismo humano. Há\n também uma falta de modelos animais de laboratório disponíveis para testar as\n respostas imunitárias às vacinas potenciais, bem como resolver questões sobre os\n imuno-correlatos de proteção, acrescenta Quadros.\n \n Promessa\n de vacina
\n Dentre todas as soluções em desenvolvimento atualmente, a vacina criada pelo\n grupo farmacêutico Sanofi Pasteur, divisão de vacinas da Sanofi, da França,\n parece ser uma das mais promissoras, do ponto de vista clínico e industrial. O\n grupo trabalha há mais de 20 anos no desenvolvimento de uma vacina tetravalente\n contra a dengue. Em 2015, o resultado desse trabalho pode chegar ao mercado.\n \n O\n laboratório publicou, em setembro do ano passado, os resultados do primeiro\n estudo de eficácia realizado no mundo. Esse estudo clínico envolveu 4.002\n crianças entre 4 e 11 anos de idade, na Tailândia, em parceria com a\n Universidade Mahidol e o Ministério da Saúde da Tailândia, no distrito de\n Muang, na província de Ratchaburi.\n \n Apesar de\n bem-sucedido, o estudo indicou que ainda há desafios a serem superados. Os\n resultados demonstraram que a vacina candidata da Sanofi Pasteur contra a\n dengue é capaz de oferecer proteção contra três tipos de vírus da dengue (vírus\n tipo 1, vírus tipo 3 e vírus tipo 4). Não foi confirmada proteção contra o\n vírus tipo 2 no contexto epidemiológico específico da Tailândia, argumenta\n Pedro Garbes, diretor regional de Desenvolvimento Clínico na América Latina da\n Sanofi Pasteur.\n \n A vacina\n candidata da Sanofi Pasteur já foi avaliada em estudos clínicos (Fase I, II) em\n adultos e crianças nos EUA, na Ásia e na América Latina. No momento, está em\n andamento na Ásia e na América Latina, com mais de 31 mil voluntários, a\n terceira e última fase de testes, chamada de Estudos de Fase III, a última\n etapa do desenvolvimento clínico de uma vacina. Esses estudos serão\n importantes para evidenciar a eficácia da vacina candidata contra a dengue em\n uma população mais ampla e em diferentes ambientes epidemiológicos, ressalta\n Garbes.\n \n O Brasil\n está incluído nessa etapa do estudo. Cinco capitais brasileiras Campo Grande,\n Fortaleza, Goiânia, Natal e Vitória estão participando dos testes, que\n começaram no país em agosto de 2011 e envolvem cerca de 3,5\n milnbsp;participantes, entre crianças e adolescentes de 9 a 16 anos. Os resultados\n da Fase III estão previstos para o final de 2014. Esperamos ter as condições\n necessárias para antecipar um primeiro lançamento em 2015, contudo a Sanofi\n Pasteur não pode prever quais serão os países que irão lançá-la primeiro, pois\n a decisão será tomada pela autoridade regulatória de cada país, justifica o\n diretor regional da Sanofi Pasteur.\n \n A vacina\n do laboratório Sanofi Pasteur usa o vírus vivo da dengue atenuado, preparando o\n sistema imunológico, sem causar a doença. A atenuação é obtida pelo uso da\n tecnologia do DNA recombinante. As propriedades imunogênicas de cada um dos\n quatro sorotipos da dengue são combinadas com o perfil atenuado bem\n caracterizado da cepa da vacina YF-17D (usada para a vacina contra a febre\n amarela), explica Garbes. A vacina é aplicada em 3 doses, com intervalo de\n seis meses entre elas. A vacina é bem tolerada, com perfil de segurança\n semelhante depois de cada uma das doses, ressalta Garbes.\n \n Outros\n estudos
\n Além da Safoni Pasteur, outras instituições estão trabalhando na busca de uma\n vacina contra a dengue. Os Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em\n inglês), dos EUA, desenvolveram uma vacina viva atenuada que foi licenciada a\n quatro fabricantes de países em desenvolvimento. De acordo com Quadros, o mais\n avançado desses licenciados é o Instituto Butantan, em São Paulo, cuja vacina\n está entrando em Fase II de ensaios clínicos.\n \n Conforme\n informações de sua assessoria de imprensa, o Instituto Butantan aguarda\n atualmente aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para\n iniciar os ensaios clínicos em humanos. Mesmo que essa fase comece logo, o\n processo é longo, e não há estimativa de quando a vacina estará disponível à\n população.\n \n O\n Instituto Butantan aguarda aprovação da Anvisa para iniciar os ensaios clínicos\n em humanos\n \n Enquanto\n isso, a empresa Inviragen conta com uma vacina viva atenuada, que recentemente\n entrou em Fase II dos ensaios clínicos em Porto Rico, Colômbia, Cingapura e\n Tailândia. Já a Merck está trabalhando em uma vacina de subunidade, que está em\n fase I de ensaios, e a GlaxoSmithKline tem a vacina inativada purificada,\n originalmente desenvolvida pelo Walter Reed Army Institute of Research dos EUA,\n em estudos pré-clínicos.\n \n Com a\n formulação de uma vacina eficaz cada vez mais próxima, é hora de preparar os\n países para sua adoção. Trata-se de uma das funções da Iniciativa para a Vacina\n contra a Dengue (Dengue Vaccine Initiative - DVI), que inclui a Organização\n Mundial da Saúde, a Universidade de Johns Hopkins e o Instituto Internacional\n de Vacinas. A DVI visa a estabelecer as bases para a introdução da vacina da\n dengue em áreas endêmicas, de modo que, uma vez licenciada, a vacina será\n rapidamente adotada, explica Quadros, do Instituto Sabin, que faz parte da\n DVI.\n \n \n
\n Embora existam muitas fórmulas candidatas, em vários estágios de\n desenvolvimento, a complexidade da infecção pelo vírus da dengue tem sido um\n desafio para as pesquisas da vacina. Um dos entraves é conseguir uma vacina que\n forneça proteção contra os quatro sorotipos do vírus da dengue (1 a 4).\n \n Além\n disso, outra dificuldade encontrada é a falta de conhecimento de como a doença\n se comporta e da maneira que o vírus interage com o organismo humano. Há\n também uma falta de modelos animais de laboratório disponíveis para testar as\n respostas imunitárias às vacinas potenciais, bem como resolver questões sobre os\n imuno-correlatos de proteção, acrescenta Quadros.\n \n Promessa\n de vacina
\n Dentre todas as soluções em desenvolvimento atualmente, a vacina criada pelo\n grupo farmacêutico Sanofi Pasteur, divisão de vacinas da Sanofi, da França,\n parece ser uma das mais promissoras, do ponto de vista clínico e industrial. O\n grupo trabalha há mais de 20 anos no desenvolvimento de uma vacina tetravalente\n contra a dengue. Em 2015, o resultado desse trabalho pode chegar ao mercado.\n \n O\n laboratório publicou, em setembro do ano passado, os resultados do primeiro\n estudo de eficácia realizado no mundo. Esse estudo clínico envolveu 4.002\n crianças entre 4 e 11 anos de idade, na Tailândia, em parceria com a\n Universidade Mahidol e o Ministério da Saúde da Tailândia, no distrito de\n Muang, na província de Ratchaburi.\n \n Apesar de\n bem-sucedido, o estudo indicou que ainda há desafios a serem superados. Os\n resultados demonstraram que a vacina candidata da Sanofi Pasteur contra a\n dengue é capaz de oferecer proteção contra três tipos de vírus da dengue (vírus\n tipo 1, vírus tipo 3 e vírus tipo 4). Não foi confirmada proteção contra o\n vírus tipo 2 no contexto epidemiológico específico da Tailândia, argumenta\n Pedro Garbes, diretor regional de Desenvolvimento Clínico na América Latina da\n Sanofi Pasteur.\n \n A vacina\n candidata da Sanofi Pasteur já foi avaliada em estudos clínicos (Fase I, II) em\n adultos e crianças nos EUA, na Ásia e na América Latina. No momento, está em\n andamento na Ásia e na América Latina, com mais de 31 mil voluntários, a\n terceira e última fase de testes, chamada de Estudos de Fase III, a última\n etapa do desenvolvimento clínico de uma vacina. Esses estudos serão\n importantes para evidenciar a eficácia da vacina candidata contra a dengue em\n uma população mais ampla e em diferentes ambientes epidemiológicos, ressalta\n Garbes.\n \n O Brasil\n está incluído nessa etapa do estudo. Cinco capitais brasileiras Campo Grande,\n Fortaleza, Goiânia, Natal e Vitória estão participando dos testes, que\n começaram no país em agosto de 2011 e envolvem cerca de 3,5\n milnbsp;participantes, entre crianças e adolescentes de 9 a 16 anos. Os resultados\n da Fase III estão previstos para o final de 2014. Esperamos ter as condições\n necessárias para antecipar um primeiro lançamento em 2015, contudo a Sanofi\n Pasteur não pode prever quais serão os países que irão lançá-la primeiro, pois\n a decisão será tomada pela autoridade regulatória de cada país, justifica o\n diretor regional da Sanofi Pasteur.\n \n A vacina\n do laboratório Sanofi Pasteur usa o vírus vivo da dengue atenuado, preparando o\n sistema imunológico, sem causar a doença. A atenuação é obtida pelo uso da\n tecnologia do DNA recombinante. As propriedades imunogênicas de cada um dos\n quatro sorotipos da dengue são combinadas com o perfil atenuado bem\n caracterizado da cepa da vacina YF-17D (usada para a vacina contra a febre\n amarela), explica Garbes. A vacina é aplicada em 3 doses, com intervalo de\n seis meses entre elas. A vacina é bem tolerada, com perfil de segurança\n semelhante depois de cada uma das doses, ressalta Garbes.\n \n Outros\n estudos
\n Além da Safoni Pasteur, outras instituições estão trabalhando na busca de uma\n vacina contra a dengue. Os Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em\n inglês), dos EUA, desenvolveram uma vacina viva atenuada que foi licenciada a\n quatro fabricantes de países em desenvolvimento. De acordo com Quadros, o mais\n avançado desses licenciados é o Instituto Butantan, em São Paulo, cuja vacina\n está entrando em Fase II de ensaios clínicos.\n \n Conforme\n informações de sua assessoria de imprensa, o Instituto Butantan aguarda\n atualmente aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para\n iniciar os ensaios clínicos em humanos. Mesmo que essa fase comece logo, o\n processo é longo, e não há estimativa de quando a vacina estará disponível à\n população.\n \n O\n Instituto Butantan aguarda aprovação da Anvisa para iniciar os ensaios clínicos\n em humanos\n \n Enquanto\n isso, a empresa Inviragen conta com uma vacina viva atenuada, que recentemente\n entrou em Fase II dos ensaios clínicos em Porto Rico, Colômbia, Cingapura e\n Tailândia. Já a Merck está trabalhando em uma vacina de subunidade, que está em\n fase I de ensaios, e a GlaxoSmithKline tem a vacina inativada purificada,\n originalmente desenvolvida pelo Walter Reed Army Institute of Research dos EUA,\n em estudos pré-clínicos.\n \n Com a\n formulação de uma vacina eficaz cada vez mais próxima, é hora de preparar os\n países para sua adoção. Trata-se de uma das funções da Iniciativa para a Vacina\n contra a Dengue (Dengue Vaccine Initiative - DVI), que inclui a Organização\n Mundial da Saúde, a Universidade de Johns Hopkins e o Instituto Internacional\n de Vacinas. A DVI visa a estabelecer as bases para a introdução da vacina da\n dengue em áreas endêmicas, de modo que, uma vez licenciada, a vacina será\n rapidamente adotada, explica Quadros, do Instituto Sabin, que faz parte da\n DVI.\n \n \n
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