Terça-Feira, 23 de Abril de 2024
Ciência e Saúde
17/04/2021 10:55:00
Variante do coronavírus aparece em 82% das amostras coletadas para estudo em Mato Grosso do Sul

Correio do Estado/LD

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Grupo de pesquisadores realizou estudos sobre a variante P1 na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Eles descobriram que o novo vírus atingia 82% das 38 amostras analisadas entre os dias 6 a 9 deste mês.

A equipe representada pelos pesquisadores Júlio Croda, Ana Rita Coimbra Motta-Castro e James Venturini, explicou que a P1 possui maior transmissibilidade, atinge a população mais jovem, apresenta uma evolução mais rápida e maior gravidade da doença, além de diminuir a efetividade das vacinas.

“Tivemos em nosso Estado a presença de muitas variantes, mas no último mês de março, foi muito grande a disseminação da P1”, salienta Coimbra.

Croda afirma que a variante não predomina só em Mato Grosso do Sul, mas em todos os estados brasileiros. A P1 explica, por exemplo, o número elevado de casos nas últimas semanas e a maior necessidade de leitos de UTI.

“Com uma nova variante mais transmissível, temos mais pessoas que precisam de hospitalização e mais pessoas vão a óbito. Essa variante também acomete jovens, então aquela história, de antes, de que somente os idosos precisariam de leitos de UTI não é mais verdade. Hoje em dia, a maioria das pessoas que estão internadas são de jovens, principalmente por conta da P1, porque ela tem uma carga viral mais elevada”, relatou.

A variante surgiu em Manaus e foi identificada em Mato Grosso do Sul em fevereiro deste ano, segundo os pesquisadores. Com pouco mais de um mês de circulação, é a mais presente nas análises do vírus.

A descoberta foi possível por meio de um trabalho que realizou o sequenciamento genético do coronavírus, a partir de amostras clínicas por meio de swab nasofaringeano.

A pesquisa “mapeamento genômico de Mato Grosso do Sul” teve como objetivo conhecer as variantes que mais circulam no Estado e, com isso, subsidiar as autoridades sanitárias na adoção de práticas e ações de combate à Covid-19.

Os resultados foram entregues durante reunião que aconteceu na tarde de quinta-feira (15) na Secretaria de Estado de Saúde (SES). O secretário estadual de Saúde Geraldo Resende estava presente e recebeu os dados que indicaram predominância da P1.

A realização do trabalho só se tornou possível depois que a UFMS adquiriu um sequenciador de nova geração. O aparelho deu autonomia para Mato Grosso do Sul, já que antes era necessário enviar amostras para outros Estados.

Os insumos para a pesquisa foram disponibilizados pelo Laboratório Central de Mato Grosso do Sul (Lacen-MS).

A secretária-adjunta estadual de Saúde, Crhstinne Maymone afirmou que o novo aparelho de sequenciamento de genoma vai possibilitar a “tomar as melhores decisões possíveis, com embasamento na ciência. O sequenciamento genômico é uma questão muito importante e daqui para frente vai fazer parte da nossa rotina”.

P1 em Mato Grosso do Sul O primeiro caso da P1 no Estado foi confirmada pela SES no dia 3 março. O caso foi de um homem de 37 anos, que teve os primeiros sintomas no dia 2 de janeiro e testou positivo para o coronavírus no dia 8 do mesmo mês, pelo teste RT PCR.

Ele ficou internado na UTI do hospital Santa Casa de Corumbá e era é do grupo de risco, com imunossupressão e obesidade, mas se recuperou depois de recuperação domiciliar.

No mesmo dia, também foi confirmado pela SES o primeiro caso da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM – P) no Estado.

O caso é da adolescente de 15 anos, de Campo Grande, que faleceu em outubro de 2020, quando o caso entrou em investigação. Ela não tinha doenças preexistentes.

Por não apresentar comorbidades, a SES iniciou a investigação da Sim-P assim que a paciente faleceu. De acordo com a Secretaria, inúmeros exames foram realizados - conforme protocolos do Ministério da Saúde e, após envio de todos os laudos e informações, houve parecer favorável pelo comitê de SIM-P Nacional.

Ainda não se sabe o motivo da síndrome só afetar apenas algumas crianças e adolescentes. Contudo, a Sim-P costuma aparecer de três a quatro semanas após o pico do coronavírus.

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