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ImprimirO smartphone assumiu em 2019 uma ampla dianteira como principal dispositivo utilizado pelos brasileiros para consumir notícias. Levantamento encomendado pelo Reuters Institute for the Study of Journalism indica que 77% dos respondentes no Brasil usam o telefone móvel para essa finalidade, frente a uma média de 66% registrada nos 38 mercados pesquisados. A edição deste ano da pesquisa Digital News Report (DNR) se baseia em mais de 75 mil entrevistas feitas via internet em 37 países, mais a região administrativa de Hong Kong.
No Brasil, a porcentagem de entrevistados que consomem conteúdo jornalístico por intermédio do smartphone supera a de países do primeiro mundo, como Alemanha (56%) e Estados Unidos (57%). Há dois anos, na edição de 2017 da pesquisa, computadores e smartphones estavam empatados na preferência dos respondentes brasileiros. Este ano, as entrevistas entre janeiro e fevereiro mostram uma ampla dianteira - 22 pontos percentuais de diferença - dos smartphones (77%) sobre os computadores (55%).
Na esteira da disputa eleitoral de 2018, travada em grande parte nas redes sociais, o uso do YouTube e Instagram para consumo e compartilhamento de conteúdo jornalístico disparou entre os brasileiros neste ano.
Entre todos os 38 mercados pesquisados, o Brasil é o que mais usa o WhatsApp: 84% de uma amostra de 2 mil entrevistados. Os brasileiros também lideram o ranking de uso do WhatsApp para consumo e compartilhamento de notícias (53%), seguido por Malásia (50%) e África do Sul (49%).
"De maneira geral, o Facebook continua a ser a rede mais importante na maioria dos países para encontrar, consumir, discutir e compartilhar notícias, mas isso não é verdade em todos os lugares", explica Nic Newman, pesquisador sênior associado do Reuters Institute for the Study of Journalism. "Em partes do Hemisfério Sul, o WhatsApp tornou-se a principal rede de comunicação e de busca e discussão a respeito das notícias. Isso é verdade na África do Sul e agora está perto de ser verdade no Brasil."
Todas as fontes de notícias perderam espaço no Brasil - mesmo as redes sociais tiveram um leve declínio na comparação com o ano anterior. Mas, ao que tudo indica, os brasileiros que se informam via redes sociais estão mais ativos, especialmente no YouTube e Instagram. Em relação à edição anterior do levantamento, o uso dos dois aplicativos para acompanhar as notícias cresceu 8 e 10 pontos percentuais, respectivamente, alcançando os patamares de 42% (YouTube) e 26% (Instagram).
"Em termos gerais, vimos a porcentagem [de pessoas] que usam as redes sociais para acessar notícias diminuir na maioria dos países após o pico de 2016. Isso é motivado principalmente pela decisão do Facebook de reduzir a exposição de matérias [jornalísticas] no feed de notícias de 5% para 4%, o que reduziu o tráfego para sites de notícias em 20% ou mais", diz Newman.
O levantamento destaca ainda diferenças relevantes na forma de uso do WhatsApp nos países pesquisados. Enquanto no Brasil quase seis de cada dez usuários (58%) participam de grupos com pessoas que eles não conhecem, no Reino Unido é pouco mais de um em cada dez (12%). Quase um quinto (18%) dos brasileiros ouvidos discute notícias e política em grupos públicos do WhatsApp, ante 2% no Reino Unido, o que - segundo o instituto - aumenta "potencialmente as chances de desinformação ser disseminada."
O Reuters Institute disse que, no caso do Brasil, a amostra de internautas pesquisada tende a se concentrar em áreas urbanas.