Sexta-Feira, 19 de Abril de 2024
Comportamento
15/05/2017 16:38:00
Apresentadora revela ataque sexual: “a culpa é do vestido”
Atitude de Maria Beltrão reforça o poder da TV nos debates sociais

BLOG TV/PCS

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A GloboNews está exibindo depoimentos de alguns de seus apresentadores respondendo a pergunta: “qual o seu muro?”

Assédio no elevador fez Maria Beltrão desistir de emprego no começo da carreira (Foto: João Cotta/Globo / Divulgação)

Os vídeos promovem a nova temporada do programa #QueMundoÉEsse, relacionada às questões suscitadas pelo projeto do presidente americano Donald Trump de erguer um muro na fronteira entre os Estados Unidos e o México.

Maria Beltrão, 45 anos, apresentadora do vespertino Estúdio i, relatou uma experiência traumática de assédio sexual.

“No meu primeiro estágio, num escritório de assessoria de imprensa, eu estava superfeliz, fazia um mês que estava trabalhando. No elevador, fui atacada por um homem. Foi horrível, claro. Quando saiu no outro andar, ele disse ‘ó, a culpa é do vestido’. Aquilo foi tão forte pra mim, eu era muito novinha. Foi como se tivesse colocado um muro na minha frente, cerceando minha liberdade de ir e vir. Por quê? Não tive coragem de voltar a trabalhar porque não encontraram esse agressor. Digo mais, tive um bloqueio tão grande que quis parar de usar aquele vestido, como se a culpa tivesse sido minha ou do vestido. Fico imaginando as mulheres que ainda não conseguiram transpor esses muros, essas barreiras que, naquele dia, há mais de vinte anos, tive ali na minha frente, me paralisando.”

No Facebook da emissora, a gravação já foi vista por mais de 15 mil pessoas. Na área de comentários, muitos internautas manifestaram apoio à jornalista.

A atitude de Maria Beltrão é admirável. Contar diante de uma câmera de TV algo tão íntimo e doloroso exige um senso de solidariedade incomum.

Ao expor o ataque sexual e destacar os sentimentos confusos suscitados pelo episódio, ela ajuda a combater o inadmissível preconceito contra as vítimas de abuso, encoraja outras mulheres a enfrentar abertamente o trauma e reforça a discussão de um problema social que nunca deve deixar de ser lembrado e combatido.

Em momentos assim, a televisão se justifica como mais poderoso meio de comunicação do País.

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