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Comportamento
28/06/2016 12:50:00
Criador do Orkut promete rede social que não gera ansiedade
'As mídias sociais estão deixando as pessoas tristes e ansiosas. Queremos mudar isso', diz Orkut sobre sua nova rede

Terra/PCS

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Orkut Büyükkökten deixou o Google em 2014 para criar sua nova rede social, a Hello (Foto: Hello)

Há 12 anos, o engenheiro turco Orkut Büyükkökten ficou famoso no Brasil ao emprestar seu nome para o site que popularizou no país o conceito de mídia social. Agora, ele está de volta com uma nova - e ambiciosa - empreitada na área: a rede social Hello, que chega ao Brasil em julho.

A Hello foi apresentada oficialmente na semana passada como uma rede para fazer e manter "amizades profundas" com outras pessoas com base em interesses e paixões mútuos e onde o "medo e o ódio não têm vez".

É a forma como o criador do Orkut acredita poder ajudar a resolver uma questão que vem afastando algumas pessoas desse tipo de serviço. Ainda que persista a pergunta: há espaço para mais uma rede social entre os usuários de internet?

"Desde que lançamos o Orkut, as redes sociais evoluíram muito, mas nem sempre de uma forma boa. Estudos mostram que, hoje, elas deixam muita gente triste ou ansiosa", opina Büyükkökten em entrevista à BBC Brasil.

"Uma pessoa usa o Facebook pensando na forma como quer ser percebida publicamente, interage com os outros tentando passar uma certa imagem, mas isso não é autêntico nem divertido. Queremos mudar isso e ser a próxima geração das redes sociais."

O engenheiro dá o exemplo de um casal de amigos que está se divorciando, mas publicou recentemente um post em que pareciam bastante felizes em um piquenique no parque.

"Ao mesmo tempo, ver essa 'vida feliz' dos outros nos deixa com medo de estarmos perdendo algo em nossas próprias vidas. Uma rede social não pode ter esses efeitos. Ela deveria tirar o melhor das pessoas."

Personalidade, interesses e pontos

A forma de fazer isso, segundo ele, é gerar conexões entre as pessoas com base no que elas mais gostam. Seja entre amigos e conhecidos ou entre quem ainda não se conhece.

Ao criar seu perfil, o usuário responde a um questionário com 60 perguntas para identificar sua personalidade e depois elege os cinco assuntos que mais lhe interessam.

Há uma lista com cem possibilidades, que vão desde itens corriqueiros, como ser apaixonado por cães ou esportes, até outros mais incomuns, como gostar de nudismo, striptease ou "observar pessoas".

Membros acumulam pontos, que podem ser usados para publicar post anônimo (Foto: Hello)

Isso determina o tipo de publicações que serão vistas por um membro da rede social. As características pessoais e interesses podem ser atualizados ao longo do tempo.

O usuário ainda ganha pontos, chamados "moedas Hello", ao gerar conteúdo próprio - texto ou fotos - e ao conquistar curtidas e comentários em seus posts.

Esses pontos podem ser acumulados - ou comprados - para elevar a categoria ou nível de um perfil, como ocorre com um personagem de videogame, ampliar o alcance de uma publicação ou ainda postar anonimamente.

Desde o Orkut, diz Büyükkökten, as redes sociais passaram por muitas mudanças - e uma das principais é a forma de acesso, que ocorre cada vez mais exclusivamente pelo celular.

Por isso, em sua segunda incursão neste universo, o engenheiro criou um serviço que não pode ser acessado por navegadores, mas só por meio do aplicativo, disponível para iOS e Android.

Concorrência

Ao mesmo tempo, ao longo dos últimos 12 anos, surgiram uma série de novas redes sociais. Haveria espaço para mais uma?

"Realmente, há uma fadiga quanto às redes sociais. As pessoas se inscrevem em diferentes serviços por diferentes motivos, e estar em tantas delas ao mesmo tempo gera um cansaço", afirma o engenheiro.

"Não esperamos que as pessoas parem de usar as outras, mas que usem o nosso serviço cada vez mais, porque, ao atualizar suas características pessoais ao longo do tempo, isso mudará sua experiência individual, e a rede social vai evoluir com você. Não será preciso substituir um serviço por outro conforme seu estilo de vida muda."

Raquel Recuero, pesquisadora em mídia social e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Universidade Católica de Pelotas, acredita que pode haver espaço para a Hello.

"Hoje, existe um certo ranço do Facebook, que se universalizou demais. Há gerações mais novas que usam cada vez menos", afirma a pesquisadora. "Ao mesmo tempo, nos últimos tempos, alguns malefícios ficaram mais aparentes no Brasil, como pessoas que se expuseram demais ou brigaram com a família ou amigos (por conta de postagens)."

Volta às origens e anonimato

Recuero considera "interessante" a proposta da Hello e vê nela um resgate de algumas características da primeira rede social lançada por seu criador.

Ao criar perfil, usuário responde questionário e indica seus principais interesses (Foto: Hello)
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