Quinta-Feira, 28 de Março de 2024
Comportamento
16/05/2018 11:55:00
Fusca encontrado sob um pé de manga levou Cristiano por 2,5 mil km, até a praia
Com lataria amassada, assoalho e tapeçaria deteriorados, o dono precisou investir em uma reforma com as próprias mãos.

CGNews/PCS

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Fusca de 1967, negociado debaixo de um pé de manga, virou um xodó na família. (Foto: Donos da Rua)

Cristiano da Silva Lima, de 28 anos, não tinha carro quando olhou pela primeira vez a comemoração dos apaixonados por Fusca em Campo Grande, em plena avenida Afonso Pena. No evento, ele decidiu que teria um igual e logo comprou o modelo mais barato e velho que achou pela rua, um Fusca 1967, encontrado debaixo de um pé de manga e negociado ali mesmo.

O Fusca mal saia do lugar quando entrou na vida do dono, mas surpreendeu e já levou Cristiano em uma viagem até a praia. Foram 2,5 mil km de percurso até o litoral, com desafios que todo Fusca proporciona, mas sem acabar com a viagem, pelo contrário, transformou tudo em uma aventura.

"Não me deixou na mão, mas se fosse alguém que não conhecesse tão bem um Fusca como eu, passaria perrengue", conta. Além de furar o pneu, o carro falhou algumas vezes no caminho. Cristiano e a noiva precisaram de paciência até voltar a funcionar, mas nem foi preciso tanta dor de cabeça, porque no meio do caminho eles acabaram virando as estrelas da rodovia.

"Chegando no litoral, você olhava para o lado e só via caminhão, ônibus e carro de luxo. No meio tinha o nosso Fusca e todo mundo olhava desacreditado", descreve. "Como a gente conseguiu chegar com ele até Santa Catarina?", diz sobre os questionamentos.

Carro quando foi comprado por Cristiano. (Foto: Arquivo pessoal)

Como todo mundo tem uma história com Fusca para contar, na vida deles não foi diferente. Cristiano ia até a casa da namorada, de moto, quando avistou o Fusca abandonado debaixo de um pé do manga em um lava-jato. Foi amor à primeira vista, garante. "O dono me pediu R$ 1 mil pelo carro. Não tinha dinheiro na hora e fui embora com o placa na memória".

Depois de consultar os débitos do veículo, a chance de ter o tão sonhado Fusca era um impasse para o bolso. "Só de documento tinha R$ 1,8 mil para acertar. Foi quando eu dei a minha moto e mais R$ 500,00 para ter o carro".

Após tirar a Carteira de Habilitação, Cristiano nunca mais tinha dirigido um carro, mas entrou no Fusca como se tivesse uma ligação eterna com o veículo. "Comprei uma bateria, entrei nele e fui embora. Finalmente tinha o meu carro".

Dessa vez, outro impasse deu dor de cabeça a Cristiano. "Quando eu comprei ninguém sabia onde estava o verdadeiro dono do carro, que na verdade o vendeu em 1995, mas ninguém transferiu os documentos", conta.

A vontade de deixar tudo certido rendeu uma peregrinação até o verdadeiro dono. "O carro é tão antigo que nem tinha numeração do motor. Mas o dono se responsabilizou, fez tudo certinho e agora o Fusca é meu de verdade".

Com lataria amassada, assoalho e tapeçaria deteriorados, o dono precisou investir em uma reforma com as próprias mãos. "Fiz motor, freios, coloquei bancos do jeito que eu queria, agora só falta eu investir na pintura, porque original ele é todo vermelho".

Até hoje foram gastos aproximadamente R$ 15 mil para reformar o veículo, um valor que para Cristiano vale a pena diante do significado que o carro ganhou. "Quem é apaixonado por Fusca, não nega. Quando peguei ele até somava gasto por gasto, mas hoje parei de somar, tudo o que faço, é porque gosto dele".

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