Sábado, 20 de Abril de 2024
Comportamento
24/05/2022 07:36:00
Não ao cigarro eletrônico
Avaliando todos os riscos, entidades médicas mostram-se contrárias ao cigarro eletrônico

CE/PCS

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) prorrogou para 6 de junho a data final da consulta pública sobre uso do cigarro eletrônico, que é proibido no País desde 2009. Após analisar as contribuições, a agência vai se posicionar, e esperamos que seja mantida a proibição.

O cigarro eletrônico contém milhares de substâncias nocivas, tóxicas, cancerígenas e que viciam (nicotina) “escondidas” em aromas e sabores e camufladas em propaganda enganosa da indústria. A quem interessa liberar? Por que discutir algo tão danoso à saúde das pessoas?

Eu, como cirurgião oncológico, e certamente todos que se preocupam com a saúde da população, torço para que o cigarro eletrônico continue proibido. O Brasil tem sido exemplo ao mundo no combate ao tabagismo há vários anos, e é signatário da convenção-quadro da OMS na luta antitabagista.

Diminuímos o tabagismo no País, com consequente redução de doenças relacionadas ao tabaco. Essa constatação deveria ser suficiente para que seja mantida a proibição dos denominados DEFs – dispositivos eletrônicos para fumar.

São vários estudos e relatos que comprovam danos à saúde, como doenças respiratórias graves (enfisema e fibrose pulmonar), doença cardiovascular, câncer, etc. Doenças causadas pelo cigarro eletrônico têm surgido precocemente, ceifando vidas, a maioria de jovens.

A mais relatada é a doença respiratória subaguda severa, sendo a maioria em homens jovens (80% com menos de 35 anos). Os principais sintomas são dificuldade para respirar, tosse (pode ter sangue) e dor torácica.

E o que é pior, não há tratamento eficaz conhecido até o momento. Já há relato de transplante de pulmão em adolescente por causa da doença pulmonar grave provocada por cigarro eletrônico.

De onde vem a pressão para liberar o cigarro eletrônico, além da indústria tabagista (que tem contribuído para a morte de milhões de pessoas)?

O argumento de aumento na arrecadação de tributos é bastante frágil. Estudos mostram que, para cada dólar arrecadado em impostos, o governo gastará pelo menos três dólares para tratar doenças causadas pelo cigarro.

Avaliando todos os riscos, entidades médicas mostram-se contrárias ao cigarro eletrônico. Além de citar malefícios causados pelo dispositivo, demonstram preocupação e chamam atenção para doenças relacionadas ao consumo desses cigarros.

Um exemplo é o resultado da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) de 2019, que avaliou o uso de cigarros eletrônicos entre jovens em todo o País e apontou que os maiores índices de experimentação estão entre escolares de 13 a 17 anos da rede privada de ensino em todas as grandes regiões do Brasil.

Pelo já descrito, lutaremos para que a Anvisa mantenha a proibição ao uso dos cigarros eletrônicos, e que a fiscalização sobre a venda desses – contrabandeados e até falsificados – seja rigorosa e com sérias consequências aos que a praticam.

Continuaremos zelando pela saúde da nossa população, especialmente dos jovens, e combatendo o tabagismo, que causa graves problemas de saúde, levando até à morte. Saúde é nosso bem maior.

Florentino Cardoso - Cirurgião oncológico

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