Sábado, 21 de Dezembro de 2024
Coxim
22/02/2021 09:15:00
“Estou pronto para perdoar”, diz pai que enterrou filha no dia do aniversário

Sheila Forato

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Apesar de internada, quadro de Luísa era estável (Foto: Arquivo familiar)

“Estou pronto pra perdoar”. Foi a frase que um pai de 32 anos, morador de Coxim, verbalizou poucas horas depois de enterrar a filha, no dia em que ela completaria um aninho. Ele e a esposa, de 31 anos, buscam respostas para a morte de Luísa, que ocorreu na sexta-feira (19).

Ainda muito abalado, o pai conversou com a reportagem do Edição MS, na noite deste domingo (21). “Estou pronto para perdoar, mas preciso saber o que aconteceu com a minha filha. É isso que vai nos dar a paz que precisamos para entendermos o propósito de Deus”, reafirmou o pai, que não vai medir esforços em busca da reposta.

Luisa morreu no hospital da Cassems de Campo Grande, às 19h42 de sexta-feira (19), depois de sofrer três paradas cardiorrespiratórias. Com a filha nos braços, já sem vida, o pai prometeu, em meio a todo sofrimento, que buscaria resposta. Vale ressaltar que a família não tem interesse em indenização financeira.

A única explicação é que a menina morreu em decorrência de uma infecção, porém, essa versão não convenceu a família. Luísa passou mal na sexta de manhã ao receber um medicamento na veia, no hospital da Cassems de Coxim.

“Minha filha estava comendo melão e brincando no colo da minha esposa quando uma profissional entrou no quarto com a seringa e falou que aplicaria bromoprida para impedir episódios de vômitos. Quando ela deu início a aplicação a Luísa começou a chorar, tremer e virar os olhos. Minha esposa correu com ela até a médica, que com ajuda de outros profissionais conseguiu reanimá-la, após 30 minutos”, relatou.

Desesperado, o pai decidiu transferir a filha para Campo Grande e chegou a providenciar uma UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) aérea. De acordo com ele, “milagrosamente” a Cassems, que dias antes tinha negado a transferência por via terrestre, resolveu arcar até com o custo do avião.

As 15h12 a UTI decolou de Coxim com destino a Campo Grande. O pai acompanhou a filha na viagem e notou que algo estranho estava acontecendo já no trajeto. Ao chegar na unidade da Cassems da Capital ele foi separado da filha, que foi para cuidados médicos enquanto ele relatava o que tinha acontecido para duas mulheres, funcionárias do hospital.

Pouco tempo depois o pai foi autorizado a subir para a UTI e quando chegou na porta foi recebido por uma médica, que deu a pior notícia de sua vida. Luísa não resistiu às paradas cardiorrespiratórias que sofreu.

Em meio ao desespero, ele conta que foi desestimulado por uma funcionária do hospital da Cassems a encaminhar o corpo da filha para o IML (Instituto Médico Legal), onde seria feito necropsia. A família ainda não recebeu o atestado de óbito com a causa da morte.

O caso já foi registrado numa delegacia de Campo Grande, onde o pai também entregou a seringa usada para aplicar o medicamento na veia de Luísa em Coxim. Ele conta que filmou o momento em que recolhia a seringa no quarto do hospital.

Nesta segunda-feira (22), a família vai constituir um advogado para cuidar do caso. Eles não descartam a possibilidade de pedir exumação do corpo para investigação.

Entenda como tudo começou

Luísa sempre foi uma criança saudável, mas no início de fevereiro começou apresentar febre e desconforto. Os pais entraram em contato com uma médica de confiança, que orientou levar a menina no hospital da Cassems em Coxim para teste de Coronavírus (Covid-19).

Com a negativa o médico plantonista a diagnosticou como uma infecção de garganta, conforme a família. Dois dias depois Luísa foi levada ao consultório da médica de confiança, que receitou antibiótico para ser ministrado por uma semana.

Entretanto, Luísa voltou a ter febre, desta vez acompanhada de vômitos. Os pais voltaram a mesma médica que receitou mais um antibiótico, além de bromoprida para cessar os vômitos.

Um novo teste de Covid e mais uma negativa, na terça-feira (16). Luísa foi internada no hospital de Coxim e um pediatra assumiu o caso. Infecção era relatada a família, porém, a informação repassada aos pais era que os únicos medicamentos que a menina recebia tratavam apenas os sintomas (febre e vômito).

O pai conta que apertou o médico e ele pediu três dias para identificar qual era a infecção e entrar com o antibiótico certo. Na quinta-feira (18), ele tentou transferir a filha para Campo Grande, mas disse que a Cassems negou.

Apesar do tratamento não avançar, o quadro de Luísa era estável. Tanto que na sexta-feira, até que recebeu o medicamento intravenoso e ter a primeira parada cardiorrespiratória, a menina brincava no colo da mãe.

Os pais moram em Coxim há pelo menos 10 anos, onde tem propriedade rural. Além de Luísa, eles tem outra menina, de 5 anos, que tem dado força para a família seguir em frente. Independente da sua crença, inclua essa família em suas orações.

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