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Cultura
02/03/2016 08:54:00
Conheça a história do casal que aceitou esse desafio

Pauta Materna/PCS

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Sempre acreditei que biologia é o menos importante para tornar pessoas uma família e depois que conheci o casal Fernanda e Antônio isso se confirmou ainda mais. Eles estão juntos há 10 anos e em 2012 receberam preciosos presentes de Deus: Maria Naiara (Naná) e João Pedro. Acompanhe agora essa linda história de amor, entrega e dedicação!

Foto: Arquivo Pessoal

Desde que se conheceram, Fernanda e Antônio desejavam ter filhos. Os planos iniciais do casal eram três crianças. Tentaram cerca de um ano até desconfiarem que algo poderia estar errado, o que se confirmou depois de alguns exames: eles encontrariam dificuldades para terem filhos biológicos. "Não foi umas das coisas mais fáceis da minha vida, sofremos juntos com toda a história mas logo Deus foi nos mostrando os verdadeiros planos Dele", disse Fernanda.

Antes mesmo de descobrir o problema, o casal já desejava adotar uma criança. Depois de tentar uma fertilização in vitro, que não deu certo, perceberam que havia chegado o momento de formar uma família por meio da adoção. Se eles tiveram medo? De acordo com a Fernanda a vontade de ter filhos sempre foi maior do que qualquer medo. "A adoção precisa estar bem definida pelo casal para que não haja espaço para medos e inseguranças", aconselhou.

O processo até receberem seus filhos foi longo, tudo começou em Joinville - SC, onde viviam em 2010, quando entraram para a fila de adoção. As exigências dos futuros pais eram bebês com até dois anos de idade. Em 2011 o casal mudou-se para Campo Grande - MS e precisaram transferir o cadastro e atualizar as informações necessárias. Na oportunidade, participaram de um curso preparatório para adoção.

Foi nesse momento que tudo começou a se transformar e o encontro da família estava cada dia mais próximo. Pois, depois de realizarem o curso e conhecerem lindas histórias sobre adoção tardia, Fernanda e Antônio decidiram mudar os critérios para a adoção. Agora, crianças mais velhas e até irmãos eram bem vindos na vida do casal. "Tudo o que era necessário para realizarmos o sonho de ter os nossos filhos já havia sido realizado, era só aguardar", explicou Fernanda.

O primeiro abraço

Em 2012, o telefone de Fernanda tocou e do outro lado da linha uma assistente social deu a notícia que ela e o marido tanto esperavam. "Ela disse que havia um casal de irmãos dentro do perfil do nosso cadastro. Quase morri de tanta emoção. As crianças eram de Jardim, interior do estado, onde viviam em um abrigo". Depois daquela ligação, o casal pegou a estrada em busca de seus filhos.

Fernanda e Antônio esperaram bem mais que nove meses para esse encontro. Não sentiram as dores do parto mas viveram as angustias da espera. Não tiveram tempo para preparar o enxoval das crianças que iriam chegar, mas há anos tinham os corações prontos para recebe-los com muito amor e carinho. E foi assim, com muita emoção, que Naná, com 5 anos e João Pedro, com 2 anos e meio, passaram por uma porta e cruzaram olhares com os seus pais pela primeira vez. "Nunca vou esquecer dos olhinhos brilhantes olhando para gente e da alegria que sentíamos em nossos corações", contou Fernanda.

Foto: Arquivo Pessoal

A vida em família

O processo de adoção no Brasil é muito burocrático e lento. A família precisou esperar dois anos até que a sentença final fosse dada. Durante esse período precisaram lidar com o medo e a insegurança de perderem os seus filhos. "Eu sempre pensava: será que alguém pode tomar eles da gente? Foram momentos de provações e muita oração", disse a mãe.

A adaptação de ambos também foi um desafio, principalmente para Maria Naiara, que era mais velha, já tinha uma história e também lembranças antes de ser adotada. "A adaptação não foi fácil, tivemos altos e baixos, como em qualquer outra família".

Fernanda teve apenas um final de semana para se preparar para a maternidade. Recebeu a notícia na sexta-feira e dois dias depois já estava com os filhos em casa. A mãe conta que teve muitos medo e inseguranças mas que o sorriso dos filhos deixava as coisas mais calmas e ela cada vez mais forte.

Desafios e dificuldades

Os pais enfrentaram as mesmas dificuldades que passam aqueles que têm filhos biológicos: birras, choros, artes e muita molecagem. De acordo com Fernanda, as crianças nunca foram tratadas de forma diferente por serem adotadas, muito pelo contrário. "Só lembramos que eles são adotados quando alguma pessoa toca nesse assunto. Vivemos a nossa vida normalmente, sem preconceitos", explicou.

Questionada sobre a possibilidade de aumentar a família, a mãe disse que essa vontade já existiu mas que agora não está mais nos planos do casal. "Criar filhos é coisa complicada, tanto na educação como em todos os outros sentidos da vida. Existe até uma pequena possibilidade de gerarmos filhos biológicos por meio de tratamento médico, mas os dois presentes que ganhamos já está de bom tamanho", garantiu.

Foto: Arquivo Pessoal

Recado da Fer

Pedi para que a Fernanda deixasse um recado para as pessoas que desejam adotar um filho mas ainda não tiveram coragem para realizar esse ato de amor. "Se há esta vontade, adote. Mas tenham isso em mente muito bem definido porque filhos adotivos são iguais aos biológicos, não tem mais volta. Digo isso porque já vi várias situações em que o casal não se "adapta" com a criança e a devolve, como se fosse um objeto que não sente, não sofre. Então, tenha clara essa intenção e prepara-se para sentir o amor mais verdadeiro do mundo, que é o de um filho".

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