Terça-Feira, 16 de Abril de 2024
Economia
29/10/2018 15:13:00
Dólar passa a operar em alta, após cair abaixo de R$ 3,60 com resultado das eleições

G1/LD

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O dólar passou a operar em alta nesta segunda-feira (29), após cair abaixo de R$ 3,60, com investidores aproveitando os preços atrativos para irem às compras, depois da vitória de Jair Bolsonaro (PSL) nas eleições presidenciais.

Às 15h32, a moeda norte-americana subia 1,26%, vendida a R$ 3,6977.

A moeda chegou a ser negociada a R$ 3,5823 no início da sessão. Desde maio, a moeda não era negociada abaixo de R$ 3,60 - no dia 10 daquele mês, o dólar fechou em R$ 3,5461. Na máxima do dia, a divisa dos EUA chegou a R$ 3,7017.

"Boa parte da vitória já estava precificada", lembrou à Reuters o sócio da assessoria de investimentos Criteria Investimentos, Vitor Miziara, mais cedo, quando o recuo da moeda perdia força.

A crença de que Bolsonaro seria eleito na véspera fez com que o dólar ficasse mais barato em 20 centavos de real entre o primeiro e segundo turno, mas a continuidade desta queda passa a depender do que o novo governo vai implementar de fato.

A correção do mercado nesta sessão, no entanto, atraiu investidores de olho nos preços mais baixos, enquanto aguardam novidades para precificar nos ativos.

"Os próximos drivers para o dólar local serão a divulgação da equipe econômica e esclarecimentos em relação ao plano de governo", afirmou Miziara, referindo-se a questões como controle de gastos e reforma da Previdência.

Em seu primeiro discurso após ser declarado vitorioso, Bolsonaro prometeu respeitar a Constituição, fazer um governo democrático e unificar o país, além de defender compromisso com a responsabilidade fiscal.

O economista Paulo Guedes, que comandará o Ministério da Fazenda no novo governo e foi o principal motivo para Bolsonaro angariar o apoio do mercado financeiro, declarou que buscará zerar o déficit fiscal em um ano, além de colocar a reforma da Previdência como prioridade.

O Ibovespa, principal índice de ações do mercado acionário brasileiro, chegou a atingir a máxima histórica intradia, acima de 88 mil pontos, mas passou a oscilar nesta segunda-feira.

Cenário externo

No exterior, o dólar opera em queda ante a maioria das divisas de países emergentes, como o rand sul-africano e o peso chileno.

Ante a cesta de moedas, no entanto, o dólar sobe, em dia de fraqueza do euro após a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, ter declarado que não buscará uma reeleição como presidente do partido, marcando o fim de uma era de 13 anos em que ela dominou a política europeia.

No geral, entretanto, seguem as preocupações com a guerra comercial e seus efeitos sobre o crescimento, sobretudo da China, sobre Brexit, orçamento italiano e alta de juros nos Estados Unidos.

"A longa lista de problemas lá fora volta a ganhar destaque e pode inibir a queda (do dólar ante o real) daqui em diante", disse à Reuters o diretor da corretora Mirae, Pablo Spyer.

Atuação do BC

O Banco Central vendeu nesta sessão 7,7 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Desta forma, rolou US$ 7,70 bilhões do total de US$ 8,027 bilhões que vence em novembro. Se mantiver essa oferta amanhã e vendê-la integralmente, terá feito a rolagem total dos contratos.

Última sessão

Na última sessão, na sexta-feira (26), a moeda dos EUA caiu 1,39%, vendida a R$ 3,6518 - menor patamar desde 24 de maio (R$ 3,6471).

Na semana passada, o dólar acumulou queda de 1,64%. No mês de outubro, recuava 9,56% até dia 26. No ano, a moeda acumula alta de 10,21%.

Agenda reformista

De acordo com a Reuters, o recuo do dólar ante o real já durante a corrida pelo segundo turno das eleições foi em decorrência da precificação da presença do liberal Paulo Guedes na equipe de Bolsonaro como ministro da Fazenda, responsável por implementar medidas caras ao mercado, como ajuste fiscal, privatizações e reforma da Previdência. Mas esse otimismo entre os investidores só vai se manter se a agenda reformista andar.

"O mercado confia no Paulo Guedes, há a crença de que ele pode atrair investimentos grandes e duradouros para o país, o que significa que pode entrar bastante dinheiro no Brasil e o dólar vai ficar mais barato", avaliou à Reuters o diretor de operações da Mirae Asset, Pablo Spyer.

Desta forma, entre os profissionais do mercado, segundo a Reuters, a moeda entre R$ 3,60 e R$ 3,70 seria um bom intervalo de preços para esse cenário principal imediato, com potencial adicional de queda com novidades que agradem o mercado, como a confirmação de que Ilan Goldfajn pode permanecer na presidência do Banco Central, cargo que ocupa desde junho de 2016.

A projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2018 recuou de R$ 3,75 para R$ 3,71 por dólar, segundo previsão de economistas de instituições financeiras divulgada pelo boletim de mercado, também conhecido como relatório "Focus". Para o fechamento de 2019, permaneceu estável em R$ 3,80 por dólar.

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