Quinta-Feira, 25 de Abril de 2024
Economia
07/08/2020 08:30:00
Novo decreto de flexibilização do comércio não atende músicos de Coxim

Sheila Forato

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Os músicos foram os primeiros a parar por conta da pandemia de Coronavírus (Covid-19). Em quatro meses fizeram poucas apresentações na noite coxinense, onde os estabelecimentos também tentam sobreviver às restrições e fechamentos desde 20 de março.

Fábio Costa viu a renda cair 30% (Foto: Arquivo Pessoal)

Na noite desta quinta-feira (6), a expectativa da categoria foi frustrada mais uma vez, quando o prefeito Aluizio São José (PSB) anunciou o novo decreto de flexibilização do comércio. Apesar de autorizar a abertura de bares, lanchonetes e restaurantes aos sábados, o decreto proíbe música ao vivo.

Para o cantor Fábio Costa, um dos mais conhecidos da noite coxinense, a proibição não faz sentido. “Pensa comigo. Se o estabelecimento pode abrir é porque ele está atendendo as regras sanitárias, certo? E qual é a diferença de ter música ao vivo?”, questionou.

Pai de quatro filhos, ele conta que o dinheiro da noite complementava a renda da família, que desde o final de março teve impor cortes no orçamento. “Tem coisas que a gente não consegue cortar, como fraldas”, exemplificou o cantor, que tem trigêmeos de 11 meses.

Há quem aponte o comércio, principalmente noturno, como o vilão da pandemia. Entretanto, o secretário de Saúde, Franciel Oliveira, já saiu em defesa do segmento várias vezes, enfatizando que os estabelecimentos cumprem protocolos sanitários e oferecem ambientes seguros aos clientes. Ele relata que a disseminação está nos encontros familiares e nas festas privadas sem os cuidados necessários.

Paulo e Toninho durante produção (Foto: Arquivo pessoal)

Produtor musical, Paulo Monteiro calcula que a proibição atinge, diretamente, cerca de 50 famílias em Coxim, entre cantores, músicos e técnicos. “Alguns tiveram a renda reduzida, outros estão passando dificuldades financeiras graves, ao ponto de não conseguir colocar comida nas mesas de suas casas”, revelou Monteiro.

Um desses casos foi mostrado pelo Edição MS no mês passado. Dono de uma das vozes mais bonitas de Coxim, o cantor Toninho, que há quase 30 anos tirava o sustento de sua família da música, está tentando sobreviver com a venda de salgados, em frente a uma agência bancária na região central.

Alguns cantores de Coxim, como Hugo Henrique e Raphael, tentaram se reinventar, aderiram a tendência nacional das lives, conseguiram patrocínios e doações, porém, a maioria não tem condições de custear a produção, que muitas vezes inclui locação de espaço, cenário, equipamentos, assim como contratações de músicos e técnicos, dentre outros.

Hugo Henrique e Raphael se reinventam fazendo lives (Foto: Reprodução)

Já que a categoria tem que pagar o preço da falta de investimento na saúde, que se arrasta há anos, seria justo o poder público criar formas de indenizar esses profissionais. O cantor Beto Reis é um dos que defende essa pauta. “Um programa municipal, de auxílio ou incentivo, para nos ajudar a atravessar esse momento de crise”, defendeu Beto.

Da Prefeitura a única informação é que vão estudar um protocolo para o segmento. O novo decreto de flexibilização permite a abertura de todo o comércio aos sábados, até as 22 horas. Entretanto, nos domingos, os estabelecimentos devem se restringir às entregas, o chamado delivery. Já as igrejas poderão realizar cultos e missas aos sábados e domingos. Em todos os casos, as regras sanitárias e de distanciamento impostas em decretos anteriores devem ser obedecidas. O decreto continua proibindo aglomerações e o uso de espaços públicos, como praças e canteiros de avenidas.

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