Quinta-Feira, 25 de Abril de 2024
Economia
24/02/2018 09:57:00
Número de pessoas à procura de trabalho deve crescer em 2018 e segurar queda do desemprego, dizem especialistas

G1/LD

Imprimir

Cerca de 4,3 milhões de brasileiros estavam desocupados e não procuraram emprego no quarto trimestre do ano passado, mostram dados divulgados nesta sexta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE). Com a recuperação da economia, parte desse contingente deve voltar a tentar vagas ao longo do ano e esse movimento vai "segurar" a queda do desemprego no país, de acordo com economistas ouvidos pelo G1.

Para Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), uma pessoa que esteja sem trabalho e tenha deixado de procurar entra no chamado grupo do “desalento”. É considerado um desalentado o trabalhador que não tenha procurado emprego nos últimos 30 dias.

No último trimestre do ano passado, o número de pessoas nessas condições foi o maior já registrado desde o início da série histórica, em 2012. Já a média anual foi de 4,17 milhões (veja gráfico abaixo).

No entanto, a aposta de analistas ouvidos pelo G1 é que esse cenário se inverta em 2018, em meio à volta do crescimento da economia. E esse movimento deve segurar a queda do desemprego no Brasil este ano.

Isso porque, se as pessoas que haviam desistido de procurar trabalho voltarem a tentar uma vaga, elas deixam de constar na lista do desalento passam a contar como desempregadas. Logo, quanto mais gente volta a procurar, mais devagar é a queda da taxa de desemprego.

O que os economistas comentam é que a redução do desalento – e esse seu efeito de "segurar" a queda da taxa de desemprego – é um fenômeno comum em economias em recuperação e, por isso, essa é uma tendência esperada para o Brasil em 2018.

“Em todas as recuperações econômicas a gente sofre esse efeito, e não acho que o Brasil vai ser exceção”, aponta Everton Carneiro, analista econômico da RC Consultores.

“Quando a economia começa a melhorar, as pessoas que tinham desistido voltam a procurar emprego porque acham que podem encontrar. Então, a fila de desempregados vai ficando maior. Portanto, a taxa de desemprego sobe”, explica o economista.

Foi o que fez Everton Costa Santos, que havia desistido de procurar emprego nos últimos meses de 2017, mas agora voltou a buscar trabalho. Aos 27 anos, ele está sem emprego desde julho do ano passado, quando perdeu o posto de copeiro em uma churrascaria, em São Paulo. Logo depois, até tentou fazer alguns bicos, mas nem isso conseguiu. Por isso, desistiu de procurar.

Com um filho de 1 ano e meio, Santos foi fazendo malabarismos com o dinheiro do seguro-desemprego que estava recebendo. A família contou ainda com o salário da esposa de Santos, que trabalha como gerente comercial de uma escola com carteira assinada.

Neste ano, ele voltou a procurar recolocação. Na quinta-feira (22), Santos foi até o Centro de Apoio ao Trabalhador (CAT), posto intermediador de mão de obra da prefeitura de São Paulo, cadastrar seu currículo. “A coisa está feia”, resumiu ele.

Ao comentar as expectativas para a economia brasileira em 2018, economistas já haviam indicado ao G1 que a expectativa era de redução do desalento e, por consequência, queda mais lenta do desemprego.

“Por mais que o país gere vagas, está entrando um contingente que é difícil de absorver”, analisou Alessandra Ribeiro, economista chefe da Tendências Consultoria, referindo-se às pessoas que voltam a procurar recolocação no mercado de trabalho.

“A oferta de trabalho não cresce no mesmo ritmo, enquanto o número de pessoas que procuram emprego é maior”, complementou Eduardo Velho, economista-chefe e diretor do Banco Banestes.

COMENTÁRIO(S)
Últimas notícias