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Educação
29/01/2018 16:44:00
Aluna de 19 anos passa em 1º lugar em medicina na USP entre cotistas de escola pública

G1/LD

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Aos 19 anos e recém-formada no ensino médio, Clara Menegucci Lougon foi aprovada em 1º lugar em medicina na Universidade de São Paulo (USP), entre os cotistas de escola pública. Eram 25 vagas reservadas para essa ação afirmativa, mas somente oito inscritos tinham as notas mínimas exigidas no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para entrar no processo seletivo.

Só poderia concorrer às vagas quem tivesse tirado, no mínimo, 700 pontos em cada uma das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2017. Clara conseguiu cumprir o requisito – suas notas foram 920 na redação, 890 em matemática, 740 em linguagens, 720 em ciências da natureza e 715 em ciências humanas.

Na sexta-feira (26), quando foram divulgadas as últimas notas de corte parciais no site do Sisu, a jovem viu que estava em 1º lugar das 25 vagas reservadas a pessoas que tenham feito o ensino médio inteiro em escola pública.

“Não tinha nota de corte, então fiquei com medo de ter acontecido algum erro. Como não teria gente interessada em fazer medicina na USP?” - Clara Menegucci

“Mas depois descobri que é porque não houve número suficiente de candidatos com a nota mínima exigida. Aí fiquei mais tranquila e tentei segurar a ansiedade até a divulgação das listas”, completa.

Ainda durante o período do Sisu, levantamento do G1 mostrava que, em outros cursos, a exigência de até 800 pontos de nota mínima deixava cotistas de fora da USP.

'Cotas são mais do que justas'

O clima na casa de Clara é de comemoração e de uma pontinha de ansiedade: ela ainda aguarda o resultado do vestibular da Unicamp para decidir se estudará na capital paulista ou em Campinas, no interior. De qualquer forma, vai precisar sair de Vitória, onde mora, e se mudar para o estado de São Paulo.

“Vou tentar ficar em alguma república ou dividir apartamento com uma amiga. Várias meninas que estudavam comigo passaram na USP, só que em outros cursos. Isso já ajuda bastante”, conta Clara.

A jovem estudou em escola privada durante o ensino fundamental e fez o ensino médio no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). Nesta etapa conciliou o instituto federal com as aulas de um cursinho privado, onde conseguiu uma bolsa de estudos integral por seu desempenho.

“O Ifes é uma das melhores escolas públicas do país e eu sempre tive ótimas notas. Mesmo assim, minha nota final na USP ficou uns 20 pontos abaixo da nota de corte da ampla concorrência. Ou seja: a cota é necessária e mais do que justa.”

O sucesso nos estudos também é atribuído ao apoio que Clara recebeu da família. Durante sua vida escolar, a menina se viu dividida entre engenharia (profissão da mãe) e medicina (carreira do pai).

“Sempre fui muito incentivada a desenvolver o raciocínio matemático e isso me ajudou muito. Fiz o curso de edificações e não gostei, então escolhi a medicina no último ano”, afirma. “Acho que passei na USP logo após terminar a escola porque meu conhecimento foi construído aos poucos, não foi nada de última hora”, diz.

As expectativas de Clara começaram a aumentar quando sua avó espalhou para os amigos que a neta estava em primeiro lugar na classificação parcial. Agora, com a confirmação, ela já começou a receber mensagens de veteranos de medicina da USP.

“Sempre estudei tranquila, então agora tento controlar a ansiedade. É tentar esquecer e aproveitar o restinho das férias”, brinca.

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