O Campus Ponta Porã do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) iniciou nesta quinta-feira, 19, as atividades do I Colóquio “Teko Arandu”, evento voltado ao debate sobre temática indígena e políticas públicas. A abertura foi realizada no auditório da unidade.

Aberto à comunidade, o colóquio é organizado pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) do campus. No IFMS, os núcleos são responsáveis por auxiliar no direcionamento de estudos, pesquisas e ações de extensão que promovam a reflexão sobre as questões étnico-raciais.

O evento é uma alusão ao “Dia do Índio”, celebrado em 19 de abril. Em guarani, o termo “teko arandu”, que dá nome ao colóquio, significa “viver com sabedoria”.

A palestra “Indígenas em Mato Grosso do Sul: um panorama histórico e social de resistência”, ministrada por Amanda Cury, chefe de gabinete da Central Regional de Ponta Porã da Fundação Nacional do Índio (Funai), abriu o evento.

Os participantes tiveram acesso a um panorama geral sobre as comunidades indígenas do Estado a partir de aspectos históricos, culturais e dados estatísticos. Foram abordados temas como territorialidade e demandas da população indígena.

“Eventos como esse são fundamentais, pois nos ajudam a apresentar informações e dados sobre os indígenas aos participantes. Trata-se uma população originária do país e da qual a maioria das pessoas pouco conhece. Assim, podemos evitar a disseminação de informações incorretas e do preconceito”, comentou Amanda.

O coordenador do colóquio, Álvaro Ribeiro, docente de Português/Inglês do campus, explica que a ideia para a realização do evento partiu da situação vivida pela população indígena no Mato Grosso do Sul.

“Alguns pesquisadores apontam MS como um dos Estados, se não o líder, que mais mata indígenas no Brasil. O Estado vive do agronegócio e grande parte da população não compreende as políticas sociais voltadas a este grupo. Também temos o objetivo de mostrar que a população indígena não pode ser esquecida, como vem acontecendo, com o desmantelamento de políticas públicas conquistadas com tanto sacrifício”, destacou.

Ribeiro destaca ainda a importância de levar o tema aos estudantes do IFMS. “Como se trata de uma temática complexa, precisamos desconstruir preconceitos, crenças, estereótipos, o discurso de ódio e isso leva tempo, muito tempo. Com esse evento, queremos atingir especialmente nossos alunos do ensino médio integrado”.

Programação – O colóquio termina nesta sexta-feira, 20. Pela manhã, será realizada a mesa-redonda “(Des)Construindo preconceitos e estereótipos acerca da imagem do índio na sociedade brasileira”.

À tarde, os interessados poderão conferir a palestra “Direitos territoriais indígenas na Constituição Federal do Brasil e na prática”, ministrada pelo docente da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Thiago Cavalcante.

Todas as atividades serão realizadas no auditório do Campus Ponta Porã do IFMS, que fica na Rodovia BR-463, km 14, s/n (saída para Dourados).

Nova Andradina e Corumbá – Atividades relacionadas à temática indígena também foram organizadas em outras unidades do IFMS. Em Corumbá, durante toda a semana, tem exibição de filmes e documentários que tratam do processo de desterritorialização dos índios Guató no município e dos Guarani-Kaiowá na região de Dourados.

A iniciativa visa promover junto aos estudantes uma reflexão sobre os problemas que afetam as etnias indígenas do Estado, além de valorizar a história e a identidade dos povos indígenas no Estado.

Em Nova Andradina, será promovida uma mesa-redonda voltada a questão indígena na quarta-feira, 25. A atividade terá início às 13h30, na Câmara Municipal, com a participação dos pesquisadores Diógenes Cariaga e Eliel Benites. Serão discutidos temas como causa indígena e conflitos agrários.

A mesa-redonda, organizada pelo Neabi do campus, será aberta a todos os interessados.

Dourados - O atendimento do IFMS à população indígena não se restringe à celebração do "Dia do Índio". Em Dourados, o campus promoveu, no último dia 13, a "Gincana Circuito Matemática Divertida" e a "Mostra de Ciências" na Escola Municipal Araporã, que fica na reserva indígena do município.

No total, 300 estudantes participaram da ação. Só na gincana foram abordados 12 tipos de jogos. “Foram atividades de Educação Física que ocorreram com a inserção da resolução de operações matemáticas para que pudessem ser executadas pelos alunos”, explicou Sonivaldo Beltrame, professor de Matemática do IFMS.

A "Mostra de Ciências" reuniu experimentos que foram acompanhados por todas as turmas da escola.