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Esportes
24/07/2019 08:18:00
Bahia diz que consultou CBF, nega irregularidade na inscrição de jogadores e não teme perder pontos

Globo Esporte/LD

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O Bahia nega ter quebrado o limite de inscrição de jogadores vindos de outros clubes da Série A do Brasileirão. Dos sete atletas contratados recentemente, seis têm ou tinham vínculos com outros times da competição, e o regulamento diz que o limite é cinco. O Bahia sustenta que dois deles (o atacante Lucca, emprestado pelo Corinthians, e o zagueiro Wanderson, comprado em definitivo do Athletico-PR) não estavam inscritos na competição por esses clubes, já que vinham atuando no exterior, por empréstimo (Lucca estava no Al-Rayyan, do Catar, e Wanderson estava no Shimizu S-Pulse, do Japão).

Já os outros quatro chegaram ao Bahia por empréstimo e já haviam participado de jogos no Brasileirão (pelo menos ficando no banco de reservas): os zagueiros Marllon (Corinthians) e Juninho (Palmeiras), o volante Ronaldo (Flamengo) e o meia Guerra (Palmeiras). O artigo 11 do capítulo III do regulamento da Série A diz que um clube pode receber no máximo cinco atletas vindos de outros clubes.

O sexto desses reforços foi Ronaldo, cujo nome apareceu no BID (Boletim Informativo Diário) da CBF no dia 19 de julho, às 14h51 (11 minutos depois de Lucca). O artigo 214 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) fala em perda de três pontos e mais a pontuação conquistada em cada partida. Como Ronaldo fez apenas um jogo até agora (o empate em 0 a 0 com o Cruzeiro, no último sábado), a punição ao Bahia seria de quatro pontos, caso seja constatada a irregularidade. Vale ressaltar que nenhum clube procurou o STJD até o momento questionando a situação.

O GloboEsporte.com entrou em contato com a CBF, que não quis se pronunciar até o momento.

Ano passado houve um caso parecido na Série B envolvendo o São Bento, mas o STJD acabou arquivando a denúncia feita pelo Paysandu contra o clube de Sorocaba.

O que diz o Bahia

O presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, falou a um programa de rádio oficial do clube sobre o assunto na noite desta terça-feira. O dirigente se diz tranquilo por entender que dois desses seis contratados (Wanderson e Lucca) não estavam aptos a defender Athletico-PR e Corinthians, respectivamente, já que vinham atuando no exterior por empréstimo e, segundo ele, não estavam inscritos por esses clubes no Brasileirão.

Informação importante: Wanderson foi comprado em definitivo - por R$ 1,7 milhão. Nesta reportagem do GloboEsporte.com sobre a Chapecoense em dezembro de 2016, Reynaldo Buzzoni, diretor de registro e transferência da CBF, por meio da assessoria de imprensa, disse que a limitação de cinco jogadores é para empréstimos e que negociações em definitivo são liberadas. O regulamento, porém, não especifica essa questão sobre emprestados e contratados em definitivo - o texto fala em "receber" atletas.

O regulamento também não fala sobre jogadores vindos do exterior ainda com vínculo em vigência com outros clubes (casos de Wanderson e Lucca), mas deixa claro que, para um atleta jogar no Brasileirão, precisa estar numa lista de 45 inscritos. Guilherme Bellintani garante que Wanderson e Lucca não haviam sido inscritos por Athletico-PR e Corinthians.

O presidente do Bahia disse:

– Estamos muito tranquilos. Sabíamos que, em alguma hora, pela quantidade de contratações que o Bahia fez na virada da Copa América, talvez o clube brasileiro com maior número de contratações na Série A, em alguma hora ia surgir algum questionamento. Mas, para deixar a torcida tranquila, a gente consultou a CBF, para ter muita segurança dos nossos passos. A CBF, oficialmente, já disse que a gente está absolutamente regular. A norma fala em cinco transferências entre clubes da Série A, mas ela tem uma lacuna, um espaço, que permite que jogadores que estejam jogando fora do Brasil, como é o caso de Lucca e Wanderson, não sejam contabilizados para efeito desses cinco atletas.

– Tanto Lucca como Wanderson jamais tinham sido inscritos no Campeonato Brasileiro pelos seus clubes respectivos, jamais estiveram aptos a jogar, não estavam nem no Brasil. Justamente por isso, eles não são contabilizados para efeito dessa norma. Então o Bahia está bem tranquilo – completou Bellintani.

O presidente do Bahia afirma também que fez uma consulta forma à CBF, que não teria encontrado qualquer irregularidade na situação dos reforços do time. Ao GloboEsporte.com, a CBF não confirmou e nem negou a consulta.

– Fizemos uma consulta formal à CBF, que já nos respondeu dizendo que está tudo ok, que podemos ficar tranquilos (...) Então foram quatro transferências de atletas entre clubes de Série A para o Bahia, e mais dois de atletas que estavam fora do Brasil, que, apesar de pertencerem a clubes de Série A, estavam fora do Brasil, nunca tinham sido inscritos, atuado, não estavam aptos a jogar aqui no Brasil e, portanto, eles poderiam vir sem fazer essa contabilização. Ofício respondido pela CBF, dando atestado de regularidade ao Bahia. Vamos em frente, que a gente precisa de coisa boa, não é de polêmica – disse Bellintani.

O presidente do Bahia citou um caso semelhante envolvendo Criciúma, Portuguesa e Ponte Preta no Campeonato Brasileiro de 2013.

– Isso é comum, infelizmente, no Brasil. Cito aqui um exemplo igual a esse, em 2013. Ponte Preta, Criciúma e Portuguesa, todos os três foram acusados de ter quantidade de transferências a mais do que o máximo previsto, porque transferiram jogadores que não estavam jogando nos clubes de origem. A própria CBF já declarou, na época, que estava tudo regular – disse Bellintani (de fato, a Lusa acabou sendo penalizada por outra questão, o "caso Héverton", do jogador que estava suspenso e entrou em campo na última partida do torneio).

– É normal, quando a gente tem crises no futebol brasileiro, principalmente crises de gestão, clubes que não estão estruturados, que não estão honrando suas responsabilidades, que têm medo de resultados dentro de campo, comecem a provocar eventualmente algumas coisas fora de campo. Mas o Bahia responde a isso com responsabilidade, cuidado, com uma gestão bem cuidadosa e responsável. Aí os outros que vão ter que jogar muita bola. A gente também, naturalmente, mas vamos ganhar dentro de campo. É isso que é importante – completou o presidente do clube baiano.

O Bahia ocupa o 12º lugar no Campeonato Brasileiro, com 15 pontos conquistados. O time volta a campo no próximo domingo, quando enfrenta a Chapecoense, em Chapecó.

Nota oficial do Bahia à imprensa

O Esporte Clube Bahia vem a público refutar a notícia de suposto descumprimento do Art. 11/Parágrafo único do regulamento específico do Campeonato Brasileiro 2019. Consultada, a CBF confirmou ao clube a inexistência de irregularidade na situação. Diz o dispositivo: 'Uma vez iniciado o Campeonato, cada clube poderá receber até 5 (cinco) atletas transferidos de outros clubes da Série A; de um mesmo clube da Série A, somente poderá receber até 3 (três) atletas.' Os atletas que estavam atuando por outros clubes brasileiros e vieram ao Bahia após o início da competição são o volante Ronaldo (Flamengo), o meia Guerra (Palmeiras) e os zagueiros Marllon (Corinthians) e Juninho (Palmeiras).

Já o atacante Lucca e o zagueiro Wanderson estavam atuando no exterior antes do início do Brasileirão, jamais estando em atividade ou em condições de jogo por seus clubes nacionais. Não faziam parte da competição, não foram inscritos e nem tiveram condição de jogo nesta temporada por Corinthians ou Athletico, seus clubes de origem até irem jogar no Catar e no Japão. Desta forma, as reativações de seus contratos no Brasil antes do acerto com o Bahia se deram meramente para cumprimento das normas de transferências internacionais, não estando eles – em tempo algum – aptos a jogar por outro clube no Campeonato Brasileiro 2019, senão pelo próprio Bahia.

A inscrição dos atletas obedeceu às normas previstas pela competição, havendo inclusive referência de diversos casos equivalentes validados pela própria Confederação Brasileira de Futebol, sem eventuais irregularidades."

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