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Esportes
03/08/2018 14:48:00
De volta ao Palmeiras, Felipão destaca nova estrutura e se derrete: "Estou muito feliz de estar de volta à minha casa"

Globo Esporte/LD

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A terceira era Luiz Felipe Scolari no Palmeiras teve início na tarde desta sexta-feira. Na Academia de Futebol, o treinador foi apresentado pelo presidente Maurício Galiotte, de quem recebeu uma camisa do clube com o número 3 (referente à terceria passagem pelo clube), e concedeu sua primeira entrevista coletiva como técnico do Palmeiras.

– É com alegria e muita satisfação e orgulho que volto ao Palmeiras. Volto motivado e (certo de) que podemos ter uma boa equipe e que podemos ganhar muito mais coisa – disse Felipão, que se demonstrou empolgado com a construção da arena do Verdão (inaugurada em 2014, dois anos após a segunda passagem do treinador pelo Palmeiras) e com a reforma da Academia de Futebol, um dos centros de treinamento mais completos do Brasil.

– Na última oportunidade que aqui estive (2012), éramos uma equipe itinerante. Jogávamos em Barueri, no Canindé, em Presidente Prudente... Não tínhamos nosso estádio, e hoje temos um estádio que é maravilhoso. Hoje, temos uma estrutura que, possivelmente, posso te dizer que vivi com uma estrutura assim em Londres, no Chelsea e mais nenhum lugar. É espetacular tudo que o Palmeiras pode dar aos seus jogadores e treinadores.

Felipão brincou com a história dos "camarões", metáfora criada por ele para se referir a "jogadores de qualidade".

– Eu adoro camarão. Se eu pudesse, comeria camarão todo dia. Mas camarão é caro.

Felipão disse que não se incomoda com o rótulo de "técnico do 7 a 1" e que tinha propostas de "duas ou três seleções", mas, ao receber a ligação do Palmeiras, decidiu por voltar ao Brasil.

– Eu estava com proposta de duas ou três seleções e eu estudando e quando recebi a ligação na madrugada eu pensei se voltaria ou não, o que eu poderia ser confrontado, como seria. A mim qualquer situação não me chateia em nada: 7 a 1, 0 a 0, 5 a 1 não me afeta em nada. Só afeta a algumas pessoas da minha família, mais sensíveis ao que é escrito por aí.

Ainda sobre a derrota por goleada para a Alemanha na semifinal da Copa do Mundo de 2014, Felipão disse:

– Da minha parte é normal. Eu não mudei, vocês também não devem ter mudado. Vocês vão fazer a pergunta e eu vou responder da minha forma. Quando se perde, perdem os jogadores, técnicos, o país, então não existe um responsável, e esse grupo tem que estar junto para assumir vitória e derrota, e é o que eu espero ter aqui no Palmeiras. Vou tentar fazer com que tenha esse pensamento e ter uma unidade de grupo muito grande. Já passou e não vai adiantar ficar remoendo isso. Eu não gosto de uma ou outra pessoa e não vai mudar nada para mim ou para ele e acabou. Como foi o contato

Felipão estava em Portugal, onde tem residência. Ele chegou nesta sexta-feira a São Paulo e foi direto para a Academia de Futebol, onde assinou contrato (válido até o fim de 2020) e, na sequência, dirigiu-se à sala de imprensa. Lá, relatou como foi a conversa com o Palmeiras.

– Eu estava dormindo na minha casa, em Cascais, quando tocou o telefone. Era madrugada, assustei, claro. Mas depois que me dei conta da possibilidade de voltar (...), voltei à cama e não dormi mais. Conversei com a família, porque tínhamos outro planejamento. Assustado, mas depois pensando e convicto que poderia voltar ao Palmeiras e que tenho uma identificação com o Palmeiras, com a torcida e aquilo... Projetamos para o dia seguinte o primeiro contato e depois seguimos uma situação normal que eu estivesse aqui só hoje em relação a uma série de coisas que eu tinha que acertar. E posso dizer que estou muito feliz de estar de volta à minha casa.

Durante a semana, o time foi comandado pelo seu auxiliar, Paulo Turra. Scolari chega para substituir Roger Machado e tentar dar sequência ao seu histórico vitorioso no clube. Aos 69 anos, o comandante tem no currículo cinco títulos pela equipe palmeirense: uma Libertadores (1999), uma Copa do Brasil (1998), um Rio-São Paulo (2000) e duas Copas do Brasil (1998 e 2012). Teve também três vice-campeonatos: Brasileirão de 1997, Copa Mercosul de 1999 e Libertadores de 2000.

Felipão foi questionado sobre o fato de técnicos mais experientes, como ele e Cuca, estarem de volta a times paulistas, após demissões de dois treinadores da chamada nova geração (Roger Machado e Jair Ventura). Sobre estes, Felipão citou até Nelson Mandela e disse:

– Falta trabalhar e adquirir experiência. Não é do dia da noite que um técnico é formado. São técnicos muito promissores que estão evoluindo normalmente, que vão passar por uma ou outra dificuldades que vão acrescentar no futuro. Se o Cuca é velhinho, então... As pessoas às vezes aprendem com uma idade maior. Nelson Mandela, com 71 anos, foi presidente da África do Sul depois de passar 27 anos na cadeia, então... Os jovens são bons e vão passar por percalços no caminho. E daqui a cinco anos vão tomar conta do mercado. Nós mais velhos somos mais experientes, sim.

Números de Felipão e contrato no Palmeiras

-Com 408 jogos (192 vitórias, 111 empates e 105 derrotas), Scolari é o segundo treinador que mais vezes dirigiu Palmeiras em toda a história - Oswaldo Brandão é o recordista, com 585 partidas;

-Scolari é o técnico com mais jogos pelo Palmeiras no Brasileirão: 166. Seu melhor resultado com o clube na competição foi o vice em 1997;

-Felipão é também o técnico com mais jogos pelo Palmeiras na Libertadores: 28 (14 vitórias, cinco empates e nove derrotas). Foi campeão em 1999 e vice em 2000;

-Felipão é ainda o treinador com mais jogos pelo Palmeiras na Copa do Brasil: 44 jogos em cinco edições, com 26 vitórias, 12 empates e seis derrotas. Foi campeão duas vezes com o Palmeiras: em 1998 e 2012;

-O contrato de Felipão com o Palmeiras vai até o fim de 2020, quando o treinador estará com 72 anos.

Mês cheio

Felipão assume o Palmeiras em meio a uma maratona de jogos, com dois compromissos por semana em três competições diferentes: Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores. Veja a tabela de jogos do Palmeiras em agosto:

-5/8 – América-MG x Palmeiras, em Belo Horizonte (Brasileirão)

-9/8 – Cerro Porteño (PAR) x Palmeiras, em Assunção (Libertadores)

-12/8 – Palmeiras x Vasco, em São Paulo (Brasileirão)

-16/8 – Palmeiras x Bahia, em São Paulo (Copa do Brasil)

-19/8 – Vitória x Palmeiras, em Salvador (Brasileirão)

-22/8 – Palmeiras x Botafogo, em São Paulo (Brasileirão)

-26/8 – Internacional x Palmeiras, em Porto Alegre (Brasileirão)

-30/8 – Palmeiras x Cerro Porteño (PAR), na arena (Libertadores)

Felipão disse que não vai priorizar competições e falou que, na Europa ou em passagem pelo Rio Grande do Sul, onde mora parte de sua família, sempre assistia aos jogos do Palmeiras.

– Eu assistia ao jogos fora do Brasil e envolvia uma coisa diferente quando jogava o Palmeiras, o Grêmio e íamos um na casa do outro para assistir aos jogos, tomar um chimarrão. Mas sempre soubemos o que acontecia no Brasil. Até o Caxias, na Série C, porque torcemos, sabíamos... Então sabemos tudo que acontece no Brasil – disse Felipão.

– Posso falar do Cerro. Não posso falar lá na frente. O primeiro passo é contra o América. As dificuldades que vou encontrar em Minas agora para conversar com o pessoal de fisiologia e ver como podemos enfrentar as três competições. Não vamos priorizar nenhum competição. Temos três e vamos disputar as três. Depois eu penso no Cerro, mas temos que passar pelo Cerro. Temos Brasileiro até o fim, Copa do Brasil e Libertadores tem que ganhar, se não você não continua. Não pode priorizar, tem que ganhar todas – comentou o treinador.

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