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20/07/2018 10:42:00
Polícia investiga suspeita de fraude em campanhas para arrecadar dinheiro em nome de menina tratada pelo SUS

G1/LD

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A Polícia Civil em Franca (SP) instaurou inquérito para apurar as suspeitas de fraude em campanhas feitas na internet em nome da menina Taylla, de 9 anos. A mãe dela, Taisa Almeida Borges, registrou um boletim de ocorrência nesta quinta-feira (19) após o Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto (SP) emitir um alerta à população, afirmando que a criança é tratada na instituição pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

As páginas na internet buscam arrecadar dinheiro para cirurgias. Taylla sofre de cardiopatia complexa e também escoliose acentuada, doenças que foram descobertas logo após o parto, segundo a mãe.

Taisa nega que tenha feito as vaquinhas virtuais e alega que oportunistas têm usado dados pessoais e de contas bancárias, além do histórico da menina, para conseguir dinheiro.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que a investigação em Franca será conduzida pelo 5º Distrito Policial. Em Ribeirão Preto, a documentação reunida pelo HC está sendo analisada pelo 6º Distrito.

Suspeitas

O caso ganhou repercussão na quarta-feira (18) após comunicado emitido pelo HC. Nele, a instituição afirma que tomou conhecimento das campanhas para financiar uma cirurgia cardíaca. Segundo o hospital, Taylla recebe tratamento pelo SUS e nunca foi operada nas datas citadas nas mensagens divulgadas na internet.

O hospital também alega que não cobra por consultas, exames, cirurgias e medicamentos, uma vez que todos os procedimentos são realizados gratuitamente pelo SUS.

Em uma busca pela internet é possível localizar várias vaquinhas virtuais em nome da campanha “Todos pela Taylla”. Vários famosos chegaram a compartilhar mensagens em suas redes sociais para incentivar doações.

No entanto, após a repercussão das suspeitas, o perfil da menina e as páginas da campanha disponíveis no Facebook e no Instagram, foram apagadas. Mãe nega que faça campanha

A mãe afirma que Taylla é acompanhada pelo HC e pelo Ambulatório da Criança de Alto Risco (Acar), em Franca, desde que nasceu, mas que as instituições tratam apenas o problema cardíaco.

“Desde bebê sempre fez tratamento no Sistema Único de Saúde. A única coisa que a gente está buscando no particular é a cirurgia da coluna, porque foi encaminhada para fazer em Franca, no NGA [Núcleo de Gestão Assistencial], mas a fila de espera é muito grande”, diz.

Taisa afirma que o procedimento para corrigir a coluna de Taylla custa em média R$ 180 mil e será realizado no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba (PR). Entretanto, a mãe nega ter iniciado “vaquinhas” na internet para obter esse recurso.

A mulher explica, por outro lado, que fez campanhas virtuais em prol da filha há dois anos. As ações levaram Taylla a um programa de televisão, onde foram divulgados os números das contas bancárias de Taisa e da mãe dela, avó da menina.

“Eu não fiz campanha nenhuma. Eu não reconheço campanha nenhuma. Aqueles vídeos foram todos para o programa de televisão. Foi com esses vídeos que a gente conseguiu chegar até à TV, para ela participar do programa”, justifica.

Taisa diz, por fim, que o valor obtido para a cirurgia, assim como doações anônimas que ainda chegam às contas bancárias da família, são utilizados para pagar medicamentos e alimentação da menina.

“A gente usa para ela, porque ela precisa de uma alimentação específica, tem cuidados especiais e o dinheiro está em conta para ser usado para ela. A gente não tem campanha nenhuma. As doações que a gente recebe são anônimas”, finaliza.

Hospital em Curitiba

Procurada pelo G1, a assessoria do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, informou que Taylla não é paciente de nenhum médico da instituição - tanto pelo SUS, como convênio e particular - e também não passou por consulta no local.

"Pode ser que a mãe tente reunir um dinheiro e fazer a cirurgia particular no hospital. Só que ela não está na lista, no mapa de cirurgias ou de consultas particulares. Para o hospital, essa criança até agora não existe, não chegou até a gente", diz.

Ainda segundo a assessoria, os custos com uma cirurgia ortopédica desta complexidade superam os R$ 180 mil citados pela mãe de Taylla. De acordo com o hospital, há necessidade de internação em UTI particular e a família precisaria permanecer na cidade durante a recuperação, porque o procedimento exige retornos ao menos duas vezes na semana.

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