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Esportes
04/09/2017 16:06:00
Revelada por projeto social, Rosamaria vira espelho para novatas: "Me vejo nelas"

Globo Esporte/LD

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Considerada uma das principais jogadoras da nova geração, Rosamaria, aos poucos, vem se consolidando na seleção brasileira. Lideradas por Zé Roberto, as meninas estão em invictas nessa temporada e o próximo desafio de Rosa e suas companheiras será a Copa dos Campeões, no Japão - a estreia será contra a Rússia, à 00h40 desta terça. Com 23 anos, a ponteira que atualmente defende o time do Minas Tênis Clube na Superliga, é de Nova Trento, cidade no interior de Santa Catarina que tem pouco mais de 13 mil habitantes, segundo o último senso do IBGE.

Rosa foi revelada para o vôlei pelo projeto social que leva o nome do município e foi apadrinhado pelo técnico Bernardinho e seu filho Bruninho. Vandelina Tomasoni ou Vandeca, como é carinhosamente chamada pela atleta e por todas as meninas do projeto, comanda desde 1998 o time da Nova Trento e incentiva a formação de base no voleibol.

  • Até hoje tenho relação com o clube e minha relação com a Vandeca é realmente de mãe e filha. Tenho ela como uma segunda mãe, sem dúvida alguma. E tenho muito orgulho do trabalho que ela faz lá. Em muitos momentos, ela levou o projeto com o amor que tem pelo vôlei e pela formação de bons cidadãos. Nós sabemos que os investimentos na base nem sempre são fortes, então ela é realmente uma guerreira – comentou Rosamaria. O início no vôlei

O interesse de Rosamaria pelo vôlei surgiu aos 8 anos. Com o incentivo da família, que já conhecia a boa fama do projeto, começou os treinos diários no Ginásio Municipal de Esportes Inácio Gulini. O local é cedido pela prefeitura da cidade e até hoje é a casa do time catarinense. A ponteira da seleção vestiu por 10 anos o uniforme da Nova Trento até despontar profissionalmente e receber propostas de outros clubes. Defendendo a equipe comandada por Vandeca foi campeã dos Jogos Escolares em quatro ocasiões e venceu o Campeonato Estadual em todas as categorias. Mas chegar à seleção brasileira nem sempre foi seu sonho.

  • Quando eu era mais nova, achava muito distante e muito impossível chegar à seleção brasileira. Não passava pela minha cabeça. As coisas foram acontecendo, e eu agradeço muito ao projeto, realmente as coisas aconteceram para mim muito mais porque eles acreditaram no meu potencial. E aí sim, eu fui sonhando em estar aqui. Foi no decorrer dos treinamentos que foi crescendo esse sonho. Comecei a pensar que realmente daria, que se eu trabalhasse duro chegaria lá. Mérito do projeto que me fez acreditar que poderia ser um atleta profissional e que poderia estar aqui representando o Brasil.

Primeiras convocações

Em 2015, Rosamaria foi chamada por Zé Roberto para integrar a seleção principal no Pan de Toronto depois de ser um dos destaques do Pinheiros na temporada da Superliga. Caçula do time brasileiro, a ponteira demonstrou muita personalidade durante a competição e contribuiu na conquista da medalha de prata. No mesmo ano, a atleta jogou pela seleção sub-23 no Mundial da Turquia. Na ocasião, o Brasil conquistou o título, e ela foi escolhida como melhor ponteira da competição. Exemplo para as mais novas

E se antes Rosa não pensava que poderia chegar tão longe, hoje ela é exemplo e referência para a meninas do time do interior de Santa Catarina. Sempre que tem uma folguinha dos treinos, ela visita o local que a revelou para a mundo do vôlei. Para Rosa, é quase um ritual entrar no ginásio e relembrar os momentos especiais que viveu por ali.

  • É até engraçado esse negócio das pessoas se espelharem. Eu acho que a ficha só cai realmente quando vou lá e vejo as meninas me olhando com esse ar de admiração. E me vejo nelas. Vou lá também justamente para isso, para não esquecer de onde nós viemos. Isso é importante. Eu ainda não sou ninguém no mundo do vôlei. Espero conquistar muita coisa ainda, mas mesmo assim é sempre importante reforçar o quanto nós ralamos para estar aqui. A importância para essas meninas é isso, ver que as coisas acontecem para quem trabalha – disse. Tóquio 2020

Com a dispensa de algumas jogadoras e a mudança natural entre um ciclo olímpico e outro, o técnico José Roberto Guimarães iniciou nesta temporada a renovação da seleção brasileira. Jogadoras que até então não haviam defendido o Brasil em grandes competições foram convocadas e restaram apenas três campeãs olímpicas no elenco, a capitã Natália, Tandara e Adenízia. Depois de três competições disputadas, a seleção teve seus altos e baixos, mas conseguiu se manter invicta conquistando os títulos do tradicional Torneio de Montreux, do Grand Prix e do Campeonato Sul-Americano, garantindo a vaga no Mundial do ano que vem no Japão.

O processo de renovação tem como foco principal os Jogos Olímpicos de 2020, e as meninas sabem que nem todas irão se manter no time no fim desses quatros anos. Por essa razão, o esforço de algumas tem que ser dobrado para conquistar a confiança de Zé Robertor e garantir o nome da convocação final para Tóquio. Rosamaria e suas companheiras terão pelo menos mais uma chance ainda este ano de mostrar para o treinador que estão prontas (ou pelo menos no caminho) para defendar a seleção brasileira na competição mais importante do esporte. O Brasil participa da Copa dos Campeões no Japão de terça a domingo ao lado de Rússia, Estados Unidos, China, Japão e Coreia do Sul.

  • O objetivo é melhorar a cada dia. Com certeza Olimpíada é nosso objetivo principal, mas são tantos campeonatos que passam até lá que minha meta é sempre melhorar. É uma realização pessoal ser melhor a cada oportunidade. Esse grupo renovado tem muito potencial, mas ainda tem muito para evoluir e para crescer. É isso que estamos buscando. Cada passo e cada evolução é uma conquista de grupo e também pessoal. Eu vou estar bem feliz se puder defender o meu país daqui para frente e vou lutar para me manter aqui. Espero estar em Tóquio, que é o foco. Olimpíada que é o campeonato máximo dos esportes. Até lá tem muito chão.

O projeto

Celeiro de atletas, o projeto social já revelou diversas jogadoras que hoje atuam em times profissionais ou pela seleção brasileira em diferentes categorias. A lista é longa, e basta assistir a uma partida da Superliga para encontrar meninas formadas pela inciativa de Vandeca. Karoline Tormena, que joga pelo Minas, e Gabriella Rocha, do Bradesco, e que atualmente também integram a seleção brasileira sub-23 são, além de Rosa, alguns exemplos do sucesso do vôlei Nova Trento.

Segundo Vandelina, quando ela idealizou o projeto queria que fosse algo diferenciado. Um lugar onde ela poderia formar não apenas atletas, mas também cidadãos. Conforme os anos foram passando, o vôlei Nova Trento cresceu e ganhou visibilidade, e as meninas passaram a sonhar mais alto. Com o objetivo de dar uma formação adequada para as suas jogadoras, Vandelina passou por algumas dificuldades e até dívidas pessoais acabou acumulando.

Para liquidar as dificuldades financeiras, Vandelina buscou novas parcerias. Com ajuda do atual técnico da seleção masculina, Renan Dal Zotto e de Bernardinho, o projeto ganhou novos padrinhos e apoiadores. Atualmente o vôlei Nova Trento atende cerca de 80 meninas, e o sonho de Vandelina é criar um centro de treinamento moderno onde ela poderia receber meninas do Brasil inteiro para auxiliar na formação do esporte. Dentro das suas possibilidades, a idealizadora oferece um treinamento de alto rendimento para os seus times e conta com a ajuda de diversos profissionais voluntários.

  • Eu entendi que não posso brincar com o sonho dessas meninas. Eu trabalho para que no que depender de mim elas vão chegar lá. Fui entendendo que não precisaria trabalhar apenas com crianças e que poderia dar a oportunidade para as meninas virarem atletas profissionais.

Sobre a Copa dos Campeões

Participam do torneio, Brasil, Rússia, China, Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos. Para a competição, o técnico Zé Roberto Guimarães convocou as levantadoras Roberta e Naiane, as opostas Tandara e Monique, as ponteiras Natália, Gabi, Rosamaria e Amanda, as centrais Bia, Carol, Mara e Saraelen, e as líberos Suelen e Gabi.

A seleção brasileira disputou dois amistosos contra os Estados Unidos como preparação para a Copa dos Campeões, em Anaheim, na Califórnia, com um resultado negativo por 3 sets a 0 e uma vitória por 3 sets a 1.

Grandes rivais no vôlei feminino, Brasil e Rússia não se enfrentam desde a primeira fase da Olimpíada do Rio, quando as brasileiras levaram a melhor por 3 sets a 0. Segundo Zé Roberto, as russas virão com uma seleção bem modificada em relaçao à equipe que disputou o Grand Prix deste ano.

  • A Rússia está com o time diferente em relação ao Grand Prix. Na Copa dos Campeões, elas vão ter duas exímias atacantes de bolas altas, a Goncharova e Kosheleva. O nosso bloqueio e a defesa precisarão ser eficientes para bolas altas. Será um jogo importante para nossa equipe, pois teremos a oportunidade de enfrentar uma das mais tradicionais escolas do voleibol. Vamos precisar de paciência para ajustar a relação entre o bloqueio e a defesa - disse o treinador.

Tabela do Brasil no torneio:

05.09 (terça-feira) – Tóquio - Brasil x Rússia, às 0h40 06.09 (quarta-feira) – Tóquio - Brasil x China, às 0h40 08.09 (sexta-feira) – Nagoya - Brasil x Japão, às 7h15 09.09 (sábado) – Nagoya - Brasil x Coréia do Sul, às 3h40 10.09 (domingo) – Nagoya - Brasil x Estados Unidos, às 2h40

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