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Esportes
22/03/2018 15:08:00
Tite quer Seleção forte independente de nomes e avisa: ''Neymar é insubstituível''

Globo Esporte/LD

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A Seleção não terá Neymar nos dois últimos amistosos antes da convocação para a Copa do Mundo. O problema se transforma em oportunidade para testar a equipe sem seu principal jogador às vésperas do Mundial. Nas palavras de Tite, o importante é que a equipe seja forte independente de nomes. Mas também faz questão de tirar a pressão sobre Douglas Costa, que vai jogar no lugar do atacante do Paris Saint-Germain contra a Rússia, na próxima sexta, em Moscou.

  • O Neymar é insubstituível. Pelo alto nível e qualidade que tem, pelo Top 3 que é. O Douglas Costa não vai substituir o Neymar, vai ser Douglas Costa.

  • Temos que assumir responsabilidade de ser forte enquanto equipe. Não posso colocar nas costas do principal atleta, do mais midiático, a solução das coisas. Kaká disse que foi considerado melhor do mundo porque a equipe estava muito bem. O último Bola de Ouro brasileiro, mas fala da força da equipe, é grandeza. Neymar será forte se a equipe for forte. Não gostaríamos que ele tivesse isso, nem ele, nem Filipe Luís, nem Alex Sandro, fora por se machucarem - resumiu Tite.

O treinador falou ainda sobre a dificuldade de fechar a lista de 23 jogadores para a Copa do Mundo. Ele já confirmou 16 nomes, restam sete vagas. O anúncio será feito em maio.

  • É uma dificuldade muito grande, não adianta ser sutil ou simpático, vai ser muito difícil. Pelo tempo de preparação, serão 19 jogos, não tenho condição de oportunizar a todos. Sou repetitivo, mas é a mais pura verdade.

  • Aumento o número de convocados para que essa possibilidade seja maior. A versatilidade, o bom momento, acompanhar jogos, treinamentos, eles vão contabilizando para no momento final pegarmos os 19 jogos, os treinos, ser o mais justo possível.

  • E dentro das necessidades para a competição. Ser um jogador específico. Considero zagueiros de capacidade muito específicas, é a correção de algum erro que possa acontecer. Nas outras posições versatilidade pode ser muito importante.

Confira outras respostas de Tite:

Sistema tático da Rússia

  • A preparação nossa traz componentes importantes para a Rússia. Primeiro um país-sede, contato com o povo russo, nos aproximarmos do lado humano e saber que o esporte agrega também. Estarmos no clima, não só no frio, mas humano também. Da energia, atmosfera. A qualidade que tem a Rússia, independentemente de vir com linha de 5 ou 4. A Rússia empatou com a Bélgica e a Espanha 3x3, perdeu 1x0 para a Argentina, traz grau de dificuldade alto, independentemente do sistema. Utilizar Coutinho na faixa central do gramado eu gostaria de ter e vai acontecer.

Virtudes de capitães

  • Eu também não penso no jogo final, penso no próximo passo, fazer da melhor maneira possível. Tenho um pouquinho de inteligência de saber que só posso chegar lá na frente se o próximo passo for bem feito. Consolidando como equipe, meu lastro como técnico remete a essa forma. Alisson diz que é uma honra, paralelamente é uma responsabilidade maior. De disciplina, alto nível técnico, sendo que cada um tem uma virtude. O Renato tem a capacidade de falar em termos táticos com muita fluência, ele tem esse domínio. Casemiro, Fernandinho, e outros. Alguns têm de forma competitiva no comportamento, na forma de ser. Miranda é um. Dani é um. Outros pela história, terem passado por grandes clubes, pressões, técnicos. Meu sentido de passar a capitania é de orgulho, mas de assumir tua responsabilidade também.

Escalação sem Renato Augusto

  • É o time que fez o trabalho tático que viram no início, é essa a equipe. Temos atletas de alto nível, e eles competem. Aprendi que técnico de Seleção é diferente de clube. Às vezes um atleta do clube não está bem, aqui a competição é um tom acima. Um está bem e outro está melhor, são de alto nível jogando muito em seus clubes. Assim como Willian saiu em determinado momento porque Coutinho estava arrebentando, agora Willian está arrebentando, volta e traz variação tática com o Coutinho por dentro.

Esquema tático

  • Na fase ofensiva é 4-3-3, sem abrir mão de ter meio-campo forte, com sempre um dos jogadores porque o futebol passa pela imposição do meio-campo em sua capacidade criativa, lúdica, um jogador vai compor essa posição. Não vai ter teste nenhum. É oportunidade e quem não estiver bem terá seu substituto, mas não premedito nada, e não acredito que se faça assim. É a capacidade de ler o jogo, o que possa ser importante e um atleta que possa contribuir. Não tenho tempo para ver como é um atleta para convocar depois.

Livro dado aos jogadores

  • Usei esse artifício como uma característica minha de dar leitura aos atletas desde o Guarani de Garibaldi. Vejo de trocar experiências, uma linguagem do futebol, o atleta se sente motivado a ler. Aqui eu já devo ter dado mais de 10 diferentes. É para fomentar o hábito de exemplos importantes, lideranças, aspectos de equipe. É um desenho da comissão técnica toda, de nós todos que lemos. Para eles refletirem. Eu brinco que o livro é liderar com o coração, se eu pudesse modificar o título seria equilibrar coração e razão. Tem que equilibrar as duas coisas, sou um ser humano e só consigo trabalhar dessa forma. Não consigo trabalhar com a mesma desenvoltura se tenho um problema em casa. E se não estiver qualificado, não estudar o adversário, da mesma forma.

Contato com os novos convocados

  • Sempre ajudando, oportunizando, procuro conversar para se sentirem o mais à vontade possível e conseguirem desenvolver tudo que sabem. Cheguei ao Ismaily e disse que iria exercer a mesma atividade que faz no Shakhtar, com liberdade de criar. Para ele ter naturalidade e apresentar o que pode. A partir daí a gente consegue observar lado emocional, olhar a finalização, nível de concentração. Temos que potencializar esse tempo.

Estádio da final

  • Quem é que não sonha? Todos da Copa do Mundo sonham estar aqui na final. Temos que fazer o melhor trabalho e ele está no jogo de amanhã.

Sobre a chance de nevar

  • Não me lembro de ter treinado ou jogado com neve no Sul. Vou torcer para que não neve.

Função dos meias

  • Função do Casemiro e da maioria dos atletas são as que exercem nos clubes. Quando fomos ver o jogo do City, os dois dirigentes nos colocaram que treinam os atletas para nós. A outra é que colocamos para jogar em funções parecidas para que eles continuem bem e voltem mais confiantes e emocionalmente fortes. Casemiro terá a mesma função do Real. Coutinho já trabalhou função de interno no Liverpool. Já trabalhou dentro da Seleção, não iniciando, mas entrando no transcurso dos jogos. E Paulinho numa função em que também faz, por vezes mais avançado, em outras atrasado. Liberdade mais do Coutinho e Paulinho mais como segundo homem sem perder sua essência. A infiltração é sua característica.

Willian José

  • Willian José me traz componente diferente, Talisca também. Até então não tínhamos na Seleção. São características diferentes. Eles emprestam uma forma, uma qualidade diferente da usual. Eles cabeceiam muito. Pegue números de finalizações do Talisca, os gols do Willian José. Traz componente do pivô. Eles te emprestam algumas situações que podem variar, em relação a outros, como Giuliano, Diego, Lucas Lima, e outros mais, que trazem armação. Preciso ter um julgamento final do que vai ser importante para a Seleção, de que forma utilizar, o que vai ser importante. Serve para gerar uma amostragem maior, com características diferentes.

Thiago Silva no lugar de Marquinhos

  • Alguns jogadores competem em altíssimo nível e com lealdade, respeito. E que jogam em alto nível em suas equipes e na Seleção. Os três têm jogado (Thiago, Marquinhos e Miranda). Neste momento temos a avaliação do acompanhamento dos clubes. Dos últimos 28 dias o Marquinhos jogou um jogo e voltou a sentir de novo. Só esteve disponível no último jogo do PSG e não participou. Thiago jogou os últimos oito jogos. Todos querem jogar, a comissão técnica tem que ser justa em cima da preparação. Miranda estava machucado, nos últimos dois voltou, já estava pronto, tem condição. Eles vão competir com lealdade. É o momento justo que entendi dos dois.

Escolha dos últimos convocados

  • O que mais me pressiona, isso sim me pressiona, é poder olhar todo mundo e ser justo. Estar técnico da seleção brasileira é o ápice da carreira de um técnico. É inimaginável. E outros tantos profissionais que poderiam estar aqui: Abel e Paulo Autuori, dois campeões do mundo por seus clubes, com trajetórias lindas, não tiveram oportunidade de estarem onde estou. Sou extremamente feliz pela oportunidade. Ser justo porque para o atleta também é um orgulho máximo estar aqui. Fico inquieto, chato, perturbado para avaliar todos e ser humanamente o mais justo possível.

Rússia

  • A Bélgica pode surpreender pela qualidade de seus atletas e Rússia empatou em 3x3. Rússia perdeu para a Argentina por 1x0 com um gol no final do jogo. Um 3x3 contra a Espanha com capacidade de reação depois de perder por 3x1. E Rússia teve chance de virar, teve a bola do jogo no fim. A qualidade da equipe da Rússia jogando com linha de 5 na maioria das vezes. Com dois articuladores que se aproximam dos atacantes e são agudos.

Escalações de Willian e Douglas Costa

  • Muda a característica, a mobilidade deles é o mais importante, ganha em profundidade, mas um jogador vai ter essa liberdade de flutuação. Não abrimos mão de os três homens da frente virem compor. São jogadores mais agressivos e verticais, e menos armadores.

Sobre o vídeo gravado em Russo

  • Tivemos aula de russo e busquei palavras importantes para gravar um vídeo, mas era uma forma educada de respeito a vocês. Era uma forma cordial de nos aproximarmos, agradecermos e trazermos sentido de confraternização. Não tenho naturalidade, fluência, treinei algumas palavras e decorei. Foi uma forma de empatia e respeito.

Como vai encontrar a Seleção quatro meses depois do último jogo...

  • À medida que não temos tempo necessário para treinar, não podemos estourar um atleta, é desafiador. Tentamos com vídeos para mostrar ao atleta que fazemos a saída sustentada, com quantos atacamos, quantos teremos no campo adversário. No último jogo contra a Inglaterra mostro vídeos de lances certos e errados para voltar à memória. Quanto vai ser não sei, é desafiador, me deixa inquieto por não ter a rotina. Isso me gera expectativa. posso passar informações em excesso e encher o saco. E aí o cara fecha o ouvido. Tu busca formas alternativas, falando, em vídeo e no trabalho tático para retomar. Essa retomada de padrão me inquieta. Se voltar no mesmo padrão vou ficar muito contente, com variações que tem. Preservando as características individuais.
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