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Esportes
03/07/2018 08:31:00
Uruguai desconstrói fama e chega às quartas só com um cartão amarelo

Globo Esporte/LD

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Dentre tantos momentos “quem diria?” desta Copa do Mundo, o Uruguai ostenta um dos mais surpreendentes. A Celeste é a equipe que menos cartões levou em todo o torneio: apenas um, de Rodrigo Bentancur, na vitória sobre a Rússia, ainda pela fase de grupos.

A surpresa, é claro, se deve ao fato de a seleção carregar um estereótipo de jogo físico, por vezes ríspido, construído ao longo dos períodos de poucos recursos técnicos. Numa época em que se vangloriavam os triunfos “no grito” e “na raça” – ainda que houvesse qualidade.

Em 2011, após o título da Copa América, a fama rendeu uma declaração espirituosa de Loco Abreu. O então atacante do Botafogo brincou com o fato de o capitão Diego Lugano ter recebido o Troféu Fair Play:

  • Ganhamos o troféu Fair Play, e quem recebeu foi o Lugano. É como dar o prêmio da paz ao Bin Laden.

Não parece ser o caso atual, uma vez que o Uruguai chega às quartas de final contra a França, sexta-feira, em Nizhny Novgorod, com quatro vitórias em quatro jogos e na liderança do prêmio simbólico de Fair Play – só a eliminada Arábia Saudita também parou em um cartão amarelo, mas fez três partidas no total.

Bentancur, punido por uma falta sobre Zobnin nos 3 a 0 sobre os donos da casa, foi perguntado sobre a curiosidade e destacou que o jogo já tem sido visto de maneira diferente para esta nova geração uruguaia:

  • Muitos da família me diziam, eles também se surpreendem que o Uruguai tenha tão poucos amarelos. Mas o futebol mudou muito, é muito mais físico, muito mais rápido. É preciso ter muito cuidado e você vai assimilando e tratando de jogar forte, mas sempre na lei. Estamos indo muito bem e esperamos seguir por esse caminho.

O Uruguai terminou três de seus quatro jogos sem levar um amarelo, enquanto recebeu cartões em 26 das últimas 28 partidas de Copa do Mundo

A comparação com as duas últimas Copas ajuda a perceber que o comportamento deste Uruguai é diferente. Em 2010, a Celeste terminou em quarto lugar (fez, portanto, sete jogos) e levou 10 cartões amarelos e dois vermelhos (um deles o histórico de Suárez pela mão contra Gana). Foi a segunda seleção mais indisciplinada do torneio.

Em 2014 foram apenas quatro jogos, mas os oito cartões amarelos e um vermelho a colocaram como a quarta mais indisciplinada. Na atual edição, por exemplo, Argentina e Panamá já se despediram da Copa com 11 amarelos. O Brasil tem cinco.

Em faltas cometidas, o Uruguai (46) é o quinto dentre os seis garantidos nas quartas de final, atrás de Rússia (70), Croácia (60), França (58) e Bélgica (56). A seleção de Tite só fez 36 infrações até aqui.

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