Quinta-Feira, 25 de Abril de 2024
Geral
30/08/2019 09:33:00
Bolsonaro articula com presidentes de países vizinhos comunicado conjunto em defesa da soberania da Amazônia

O Globo/LD

Imprimir

O presidente Jair Bolsonaro acertou pessoalmente, na tarde desta quinta-feira, os detalhes do encontro com os chefes de estados dos países com territórios amazônicos, confirmado para o dia 6 de setembro, na cidade de Letícia, na Colômbia.

A proposta é, ao final da reunião, emitir um comunicado conjunto para demonstrar que os vizinhos estão ao lado do Brasil na defesa da soberania nacional. A declaração será uma reação à ideia de "internacionalização" da Amazônia levantada pelo presidente francês, Emannuel Macron, no encerramento do G7, que reúne os sete países mais industrializados do mundo.

Bolsonaro conversou, por telefone, com os presidentes Iván Duque (Colômbia) Martín Vizcarra (Peru) e Lenin Moreno (Equador) para coordenar a visita. O contato foi feito após o presidente brasileiro participar da cerimônia no Palácio do Planalto de lançamento do projeto "Em Frente, Brasil", que tem o objetivo de combater a criminalidade violenta nas cidades com maiores índices de homicídios.

De acordo com auxiliares do Planalto, na conversa foi discutida a possibilidade de adiar o encontro e trazê-lo para o Brasil, após a semana do Sete de Setembro.

Outra hipótese levantada foi a de que a reunião ocorre apenas com a presença dos chanceleres. Entretanto, a avaliação pelo lado brasileiro era que, neste momento, é importante fazer a visita numa região de fronteira e, de preferência fora do Brasil, para deixar claro que a mensagem de defesa à soberania não é só do Brasil, mas de todos os países amazônicos. Outro objetivo é tentar demonstrar o isolamento político de Macron.

Além do Brasil, Colômbia, Peru e Equador, são esperados na reunião os chefes de Estado da Bolívia, Guiana e Suriname. Venezuela, apesar de ter em seu território parte da floresta amazônica, não será convidado.

O encontro deverá ocorrer pela manhã da sexta-feira, dia 6, e se encerrá com um almoço. Bolsonaro fará uma viagem de ida e volta no mesmo dia. Ao final da reunião, a expectativa é emitir uma declaração nos moldes do comunicado conjunto feito com o presidente do Chile, Sebastián Piñera, que visitou Bolsonaro no Palácio da Alvorada, na quarta-feira pela manhã.

No texto, os presidentes brasileiro e chileno "afirmaram sua opinião comum de que os desafios ambientais devem ser tratados respeitando a soberania nacional e ressaltaram a importância de implementar os mecanismos multilaterais existentes." Eles também defenderam buscar "formas de cooperação bilateral e apoio financeiro internacional para contribuir no combate aos incêndios e na proteção das florestas tropicais da Amazônia, compatíveis com as políticas nacionais e complementares aos mecanismos multilaterais."

Em outro trecho, o comunicado reiterou "o direito ao desenvolvimento sustentável dos países e o direito de cada país ao uso racional e sustentável de seus recursos naturais, em harmonia com suas obrigações ambientais e com as necessidades de seus cidadãos, incluindo suas populações indígenas."

Conversa com Merkel

Em outra estratégia de contenção dos danos à imagem do Brasil no exterior na crise envolvendo a Amazônia, o presidente Bolsonaro tem marcado para esta sexta-feira conversas com a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

No último fim de semana, durante o encontro do G7, na França, Merkel disse em reunião sobre as queimadas na Amazônia com líderes europeus que ligaria para Bolsonaro para que ele não ficasse com a impressão de que ela está trabalhando contra ele.

Será o primeiro contato entre os dois chefes de Estado após a Alemanha suspender investimentos de 33 bilhões em projetos de proteção das florestas, e Bolsonaro retrucar dizendo que Merkel deveria usar o recurso para reflorestar o seu país.

Em seguida, Bolsonaro deverá falar com o presidente Tusk, que, durante o G7, declarou que é difícil imaginar que a União Europeia ratifique o pacto de livre comércio com o Mercosul enquanto o Brasil não controlar os incêndios que destroem a floresta amazônica.

Os telefonemas, em tom cordial, fazem parte de uma estratégia para ajudar Bolsonaro na reconstrução da sua imagem no exterior e para dissipar as ameaças à manutenção do acordo com a União Europeia.

COMENTÁRIO(S)
Últimas notícias