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ImprimirO Corpo de Bombeiros do Pará e a Marinha do Brasil retomaram às 6h30 desta segunda-feira (8) as buscas aos possíveis vítimas da queda da terceira ponte da Alça Viária sobre o rio Moju, no nordeste do Pará. Testemunhas disseram que dois carros passavam pelo local no momento do acidente, causado pela colisão de uma balsa na estrutura.
O terceiro dia de buscas conta com o trabalho de 30 militares do Corpo de Bombeiros e 60 da Marinha do Brasil, incluindo mergulhadores. As equipes atuam em oito embarcações, entre elas a lancha hidrográfica com sonar, que faz a varredura lateral e possibilita a verificação de destroços no leito do rio.
Sobre as vítimas, a Polícia Civil informou que, até o domingo (7), ninguém havia procurou a corporação para registrar desaparecidos naquela região. O inquérito policial está sob sigilo. Embarcação irregular
As investigações apontam que a embarcação que colidiu com a estrutura da ponte não tinha licença para o transporte da carga. Ela levava resíduos de dendê.
O inquérito, conduzido pela Divisão de Investigação e Operações Especiais (Dioe), também revela que a balsa fazia o trajeto com excesso de peso.
“A quantidade da carga, de aproximadamente duas toneladas, foi crucial para o acidente ocorrer, aliado à corrente intensa da maré naquele momento”, afirmou o delegado-geral da corporação, Alberto Teixeira, na noite de domingo.
Segundo a Capitania dos Portos, estava proibida a navegação de embarcações naquela região no horário do acidente.
Alberto Teixeira informou ainda que os pontos cruciais da investigação são as causas que levaram a balsa a colidir com a ponte e se houve negligência por parte de quem conduzia ou contratou o transporte.
A polícia já ouviu representantes da empresa que realizava o transporte da carga, testemunhas do incidente, tripulantes e o comandante da embarcação.
Foram feitos exames toxicológicos por peritos do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves (CPCRC) nos tripulantes, mas não foi identificada a presença de nenhuma substância entorpecente.
Em nota, a Associação Brasileira de Produtores de Óleo de Palma (Abrapalma), instituição que agrega o setor de produtores de óleo de palma sustentável, manifestou apoio para a correta apuração sobre o caso e lamentou o acidente.
"O comboio formado pelo Empurrador ONC II e pela Balsa Vó Maria, conforme informou a Capitania dos Portos da Amazônia Oriental, que transportou o produto (cachos vazios de palma), foi contratado pelo comprador final, sem qualquer vinculação com associados à Abrapalma. A venda foi realizada por frete FOB (Free on board), onde o comprador assume todos os riscos e custos com o transporte da mercadoria. A Abrapalma, em nome de suas associadas, solidariza-se com o Governo e a população paraense e se coloca à disposição para colaborar no que for necessário", informou a nota da empresa.
Entenda
De acordo com a Capitania dos Portos, a embarcação colidiu com um dos pilares de sustentação da ponte e causou o desabamento de cerca de 200 metros da estrutura, que possuía 860 metros de comprimento e 23 de altura. Com a batida, quatro pilares caíram. A Capitania interditou a área de navegação sob a ponte Moju-Alça, por apresentar riscos à navegação.
A ponte está localizada no quilômetro 48 da rodovia estadual PA-483 e liga a Região Metropolitana de Belém ao Nordeste do Estado do Pará.
Medidas
De acordo com o Governo do Estado, a partir dessa segunda, o transporte hidroviário ganhará reforço nas embarcações que atuam para os municípios de Cametá e Moju, diretamente impactados pelo acidente. O objetivo é estimular a utilização de barcos para o deslocamento de pessoas, ao invés de veículos.
Empresas que atuam nos municípios de Abaetetuba, Limoeiro do Ajuru, Barcarena, Tucuruí e Baião também foram autorizadas pelo governo a usarem novos barcos ou navios e, assim, aumentar a possibilidade de transporte nesses municípios.
Sobre a construção de rampas nos dois lados onde ficava a ponte, o governo estadual informou que estuda a melhor forma de implementar as estruturas, para que haja o mínimo impacto ambiental possível. As empresas responsáveis pelas ações deram o prazo de 90 dias para realizar o serviço.
“Estamos agora contando com o apoio do Departamento Nacional de Trânsito (Dnit) e o Exército, cujos representantes vieram para somar, trocando ideias e alternativas a respeito das obras que devem ser executadas”, disse o Helder Barbalho.
O que se sabe até agora
Uma balsa que transportava rejeitos de dendê colidiu contra um dos pilares de sustentação da ponte na madrugada de sábado (6)
Testemunhas dizem ter visto dois carros caírem no rio; bombeiros fazem buscas
Inquérito é aberto e desabamento é investigado pelo MPPA
Balsa, que provocou desabamento, estava irregular, segundo informações da Capitania dos Portos
Tripulação da balsa presta depoimento, conteúdo não é divulgado
Governo anuncia medidas emergenciais para diminuir impactos do acidente