Sábado, 27 de Abril de 2024
Geral
22/08/2019 14:29:00
Defesa de Cabral tenta transferência de presídio no RJ; ex-governador relata ameaças e provocações a parentes

G1/LD

Imprimir

O ex-governador do estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, condenado a mais de 200 anos de cadeia, deseja mudar de presídio. Ele se diz ameaçado e que familiares dele estão sofrendo provocações de parentes de outros envolvidos na Lava Jato em dias de visita no local onde ele está preso atualmente, a Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira, conhecida como Bangu 8.

No fim de março, a defesa do ex-governador pediu ao juiz Marcelo Bretas, responsável pelos casos da Lava Jato no RJ, a transferência dele para a Unidade Prisional da Polícia Militar, em Niterói, na Região Metropolitana.

No local está preso o também ex-governador Luiz Fernando Pezão, que foi detido em novembro do ano passado, quando ainda ocupava o cargo. Ele foi mantido no local mesmo depois de ter deixado o comando do estado, em janeiro.

De acordo com o pedido encaminhado à Justiça Federal, a defesa de Cabral argumenta que ele “vem confessando os seus delitos sempre que interrogado. E sua inédita postura pode desagradar inúmeras pessoas, já tendo percebido tal fato na unidade prisional em que se encontra recolhido”.

O pedido diz ainda que Cabral “foi presidente da Assembleia Legislativa do Rio, senador da República e governador do Estado do Rio, por dois mandatos. E a legislação concede tratamento prisional diferente aos presidentes, ex-presidentes, governadores e ex-governadores, sobretudo para proteger a dignidade do cargo e segurança física da pessoa”.

Ainda de acordo com o documento, “no passado recente das operações policiais em todo o país, especialmente os governadores e ex-governadores vêm sendo recolhidos em ambientes prisionais distintos, como quartéis da polícia, salas de estado maior ou mesmo na Superintendência da Polícia Federal, como os ex-presidentes Lula e Michel Temer".

Para reforçar o pedido, a defesa cita os casos dos ex-governadores Eduardo Azeredo, de Minas Gerais, Luiz Fernando Pezão e Moreira Franco, no Rio; e ainda Beto Richa, no Paraná, que estão ou ficaram detidos em unidades prisionais diferenciadas.

Diante do pedido, o juiz Marcelo Bretas mandou a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) se manifestar sobre a existência de riscos à integridade física de Cabral e sobre a necessidade de transferência por motivos de segurança. Este mês, ele já foi ouvido pelo diretor de Bangu 8.

No depoimento, o ex-governador relatou que “por estar colaborando com a Justiça, no esclarecimento dos fatos relativos ao período em que exerceu cargos públicos, principalmente como governador do Estado do Rio, em seus depoimentos são citadas pessoas que atualmente estão no mesmo presídio que ele, Bangu 8, e teme por sua integridade física”.

Cabral ainda disse que “ainda não houve nenhum confronto físico ou verbal, mas já há relações cortadas com parentes nas filas, trocando provocações, ainda que em níveis mínimos, o que gera mal-estar”.

Com o depoimento de Cabral, o diretor de Bangu 8 encaminhou um ofício ao juiz Marcelo Bretas, em que diz que “acredita que será inevitável apartar, ou seja, separar Cabral dos demais presos de Bangu 8, tendo em vista que a movimentação cotidiana na unidade implica em encontros dele com outros presos e que, para evitar riscos à integridade física do ex-governador, será necessário o cerceamento da movimentação dele”.

O juiz Marcelo Bretas ainda não decidiu sobre o pedido de Cabral para ser transferido para o presídio da Polícia Militar.

COMENTÁRIO(S)
Últimas notícias