Sexta-Feira, 3 de Maio de 2024
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10/04/2024 09:51:00
Estado alia fogo e ciência para tentar evitar tragédia no Pantanal

CE/LD

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Os indícios que a estiagem para o Pantanal favorecem incêndios florestais neste ano semelhantes ao que ocorreu em 2020 vão exigir da ciência e o uso do próprio fogo para mitigar o problema.

O governo do Estado confirmou que está em andamento o levantamento de áreas prioritárias para que ocorra a queima prescrita. Um sistema desenvolvido entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e apoio da Wetlands permite avaliar, com dados de satélite, o volume de biomassa vegetal em propriedades rurais.

Os levantamentos por parte do Estado são conduzidos pelo Imasul, que também vai acionar os proprietários para que a medida seja efetivada com acompanhamento dos Bombeiros.

A partir de agora, Mato Grosso do Sul está com decreto válido de emergência ambiental válido para Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica, biomas presentes em MS. Esse decreto permite a queima prescrita.

O governador Eduardo Riedel (PSDB) assinou o documento ontem, durante o 1° Workshop Presencial de Prevenção aos Incêndios Florestais em 202, realizado na sede da Famasul, em Campo Grande.

Com o decreto, o governo estadual confirmou que pode destinar o uso de R$ 25 milhões para as ações de prevenção.

Os detalhes sobre como a chamada queima prescrita vai ser conduzida devem seguir método estudado pelo grupo Peld, da UFMS. Os pesquisadores informaram por meio de publicações que a queima envolve o uso controlado do fogo para fins de conservação, pesquisa científica e manejo.

Ela só pode ser feita enquanto as condições meteorológicas são favoráveis. Ou seja, antes do segundo semestre, até junho. Depois desse período, a estiagem deve ser intensificada.

Os pesquisadores ponderaram que o método pode gerar algum dano ao solo e também há emissão de gases como o CO2, mas existem técnicas que minimizam essa condição.

A biomassa vegetal excessiva não é consumida pelo gado e sua decomposição pode demorar mais tempo devido ao volume. Dessa forma, sua acúmulo torna-se combustível perigoso para propagação de incêndios.

“Estamos há alguns anos trabalhando com a questão de manejo integrado do fogo no Estado de MS. Fomos pioneiros nesta ação e o que estamos propondo agora no decreto é a chamada queima prescrita. Nós identificamos, através de todos os estudos, aonde temos a grande disponibilidade de biomassa no Pantanal e o grande risco de não conseguir controlar o fogo em caso de um incêndio nesta biomassa”, detalhou o titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck.

“Vamos estabelecer e notificar alguns produtores rurais da queima prescrita. O Estado vai estar presente com o Corpo de Bombeiros, estará presente o produtor. Já temos a queima controlada, que é o pedido do produtor e autorizado pelo órgão ambiental, e ele faz a queima controlada. Esta outra opção, nós invertemos a lógica, é o Estado identificando as áreas de risco e fazendo a medida. Este é um passo importante de uma inovação sob o ponto de vista de combate a incêndio, prevenção”, completou Verruck.

Os Bombeiros estão desde a semana passada no Pantanal do Nabileque e em partes da Nhecolândia e Paraguai fazendo vistorias em pontes de madeira e identificando áreas para aceiros, que são proteções sem vegetação para reduzir a intensidade do fogo.

“Nós temos seis guarnições de combate a incêndio florestal dentro da região do Pantanal, três nas áreas de amortecimento dos parques, três na região do Pantanal que estão fazendo única e exclusivamente a proteção das cabeceiras das nossas pontes na região da Estrada Parque e na região do nabileque”, indicou o comandante dos Bombeiros, Coronel Frederico Reis Pouso Salas.

“No ano passado isso nos trouxe problemas, porque as pontes foram queimadas impedindo o trânsito e combate direto, isolando populações. E este ano, no período de prevenção, a gente já está fazendo a conservação dessas pontes. Agradeço também ao terceiro setor, IHP, SOS Pantanal (por atuarem com brigadas)”, completou.

O IHP, em outra região do Pantanal, na Serra do Amolar, mantém a Brigada Alto Pantanal agindo de forma permanente desde 2021. Neste ano, já foram feitos aceiros perto de escolas rurais e sistemas de comunicação usados pela Marinha e outras autoridades. A SOS Pantanal custeia brigadas voluntárias em comunidades.

Relatório apresentado pela Marinha do Brasil e elaborado a partir de dados de outras instituições em fevereiro deste ano identificou que o Pantanal vai ter perto de 40% a menos de chuva no ciclo atual de cheia. Isso gera um impacto direto para o nível dos rios da bacia do Paraguai.

A média histórica para a região é de 1.113,3 mm para o período de outubro a abril/maio, porém nesse período entre 2023/2024, o volume vai ficar entre 700 mm e 800 mm.

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