Sexta-Feira, 19 de Abril de 2024
Geral
19/02/2018 07:56:00
Filha sequestrada pelo pai decide ficar no Líbano e mãe volta ao Brasil: 'Ela passará férias comigo'

G1/LD

Imprimir

A estudante Gabriella Boutros, de 13 anos, decidiu continuar vivendo no Líbano com seu pai, o libanês Pedro Boutros, de 42, até terminar os estudos, o que deverá ocorrer em 2020. A informação foi confirmada neste domingo (18) ao G1 pela mãe da garota, Claudia Dias de Carvalho Boutros, de 39, que voltou ao Brasil na semana passada sem a filha.

Segundo Claudia, Gabriella virá a São Paulo em junho para visitá-la. “Ela ficará em definitivo comigo quando terminar os estudos”, falou a brasileira à reportagem. “Então ficou acertado que minha filha passará as férias escolares comigo e depois retornará ao Líbano”.

Mãe e filha nasceram no Brasil, mas a adolescente foi sequestrada pelo pai há sete anos e levada para Trípoli, onde mora desde então. Nesta segunda-feira (19), Claudia pretende dar uma entrevista à imprensa ao lado de seu advogado, José Beraldo, para contar como foram os mais de dois meses que ficou no Libano para tentar rever Gabriella.

Claudia chegou a Beirute em 3 de dezembro de 2017 após a Justiça libanesa confirmar uma decisão da Justiça brasileira: a de que a guarda da garota é da mãe, que teve a filha levada à força pelo ex-marido, o empresário Pedro, em 2010.

Claudia ficou na casa de amigos no Líbano, tendo apoio da embaixada brasileira para tentar cumprir a decisão judicial. Mas ela só conseguiu rever Gabriella em 28 de dezembro, quando o pai decidiu levar a filha à Justiça. Pedro não concordava em entregar a menina em definitivo. O reencontro com a filha foi filmado pela mãe (veja vídeo acima).

Desde então, mãe e filha tem passado por uma adaptação. Além do tempo que não tiveram contato, a língua é outra dificuldade a superar, já que Gabriella não fala mais português e se comunica em árabe ou inglês.

“Saio vitoriosa porque sei que a Justiça foi feita. Tenho a guarda de Gabriella no Brasil e no Líbano. Poderei ir para lá, visitá-la e continuar tendo direito de mãe”, comemorou Claudia. “Ela virá a São Paulo sempre nas férias. E quando terminar os estudos, daqui uns dois anos, poderá ficar em definitivo comigo”.

“A juíza libanesa confirmou que a guarda da menina é da mãe, mas como Gabriella ficou muitos anos longe de Claudia, a magistrada achou melhor que haja uma readaptação das duas”, disse Beraldo, que está no Brasil acompanhando o caso.

O caso

Claudia e Pedro haviam se conhecido em São Paulo, onde acabaram casando e tendo Gabriella. O casal se separou quando a menina fez 5 anos. A Justiça brasileira determinou que a guarda seria da mãe, que é estudante de administração, e o pai, um empresário, veria a criança quinzenalmente.

Em 2010, Pedro pegou a filha e fugiu com ela para Trípoli, segunda maior cidade libanesa depois da capital Beirute.

Desde então, pai e filha passaram a ser procurados pela Interpol (polícia internacional). Fotos dos dois estão no site da entidade como Parental Child Abduction (algo como sequestro de filho por um dos pais, numa tradução livre).

Mas como o Líbano não é signatário da Convenção de Haia, a Interpol não pode entrar naquele país para prender Pedro e repatriar Gabriella. Isso só seria feito no caso de os dois saírem de solo libanês.

Em 2012, a Justiça no Brasil determinou que o pai devolvesse Gabriella à mãe, mas essa decisão também não poderia ser cumprida pelos libaneses.

Líbano

Somente em 13 de outubro de 2017 que a Corte de Trípoli atendeu pedido feito pela defesa de Claudia e reconheceu esse direito, como revelou o G1. A Justiça do Líbano, então, decidiu tirar de Pedro a guarda da filha e devolvê-la à sua mãe.

A única condição para a entrega da criança é a de que Claudia viajasse ao Líbano para recebê-la pessoalmente na Justiça de Trípoli.

COMENTÁRIO(S)
Últimas notícias