Correio do Estado/LD
ImprimirMato Grosso do Sul tem 2.546 pessoas quilombolas residentes no Estado, sendo o Estado com a segunda menor população quilombola do País.
Os dados são do Censo Demográfico 2022, divulgados nesta quinta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que investigou pela primeira vez esse grupo, integrante dos povos e comunidades tradicionais reconhecidos pela Constituição de 1988.
De acordo com o Censo, Mato Grosso do Sul aparece como o Estado com o quarto menor número de quilombolas. No entanto, dois estados - Roraima e Acre - não têm esta população. Desta forma, considerando as unidades da federação que têm quilombolas, a de MS é a segunda menor, em números absolutos.
O número de 2.546 pessoas quilombolas corresponde a 0,09% do total de moradores do Estado.
Apesar de ser a segunda menor população, Mato Grosso do Sul ocupa o terceiro lugar entre os estados com o maior percentual da população quilombola em territórios oficialmente delimitados e reconhecidos, com 44,97%, atrás do Amazonas (45,43%) e Sergipe (45,24).
Em números, 1.519 pessoas vivem em territórios legalmente delimitados, sendo 1.145 destes quilombolas. Há ainda 1.401 quilombolas que residem fora destes territórios.
No recorte por cidades, o Censo demonstra que há quilombolas vivendo em 21 municípios do Estado, sendo a maior população em Campo Grande, com 735 pessoas, seguida por Corumbá (371) e Jaraguari (285).
Já na outra ponta, com a menor população, estão as cidades de Dourados e Anastácio, com três quilombolas cada, e Sonora, com dois.
Brasil
A população quilombola residente no Brasil é de 1.327.802 pessoas, correspondendo a 0,65% da população.
Há 1.696 municípios com população quilombola e 473.970 domicílios particulares permanentes com moradores quilombolas.
A região que concentra a maior quantidade é o Nordeste, com 905.415 quilombolas, correspondendo a 68,2% da população quilombola, seguida do Sudeste com 182.305 pessoas e o Norte com 166.069 pessoas, ambas contabilizando 26,24% da população quilombola.
Com 5,57% da população quilombola, as regiões Centro-Oeste e Sul têm 44.957 e 29.056 pessoas, respectivamente.
A Bahia é o estado com maior quantitativo de população quilombola – 397.059 pessoas –,o que corresponde a 29,90% da população quilombola recenseada.
Em seguida vem o Maranhão, com 269.074 pessoas, o que corresponde a 20,26% da população quilombola recenseada.
Somando a população quilombola da Bahia e do Maranhão, tem-se 50,17% da população quilombola concentrada nesses dois estados. Roraima e Acre não têm presença quilombola.
Segundo Marta Antunes, responsável pelo Projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, a distribuição geográfica dos quilombos tem vínculo com todo o processo de colonização e escravização, mas também com a resistência a essa situação histórica que levou a várias ocupações territoriais com concentração perto e ao longo dos rios.
“A população quilombola se identifica não só pelo processo de escravização, mas principalmente pela resistência à opressão histórica como está no Decreto 4887”, disse.