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22/03/2017 16:47:00
Memórias de 29/11: colombiano aponta pertences encontrados em destroços

G1/LD

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Relógios, telefone, chuteiras e camisa encontradas no local do acidente (Foto: Cahê Mota)

A busca dos familiares das vítimas do acidente de 29 de novembro por pertences encontrados no avião que levava a Chapecoense para final da Sul-Americana ganhou um novo e importante personagem: Juan Carlos Vallejo. O colombiano chegou a Chapecó na noite de terça-feira com a informação de que mais de 200 objetos foram encontrados no local do acidente e estão guardados na associação criada no povoado de Unión, próximo de Medellín. A dúvida que permanece é como e quando o material será enviado ao Brasil.

Juan Carlos esteve na Arena Condá assim que desembarcou na cidade e deixou poucos objetos que trouxe consigo, como chuteiras, relógios, telefone celular e uma camisa ainda marcada pela terra do dia do acidente. O professor, que já foi prefeito de Unión, terá encontros com o prefeito de Chapecó, familiares das vítimas, o clube e torcedores em busca de soluções. A expectativa é de que reuniões aconteçam até a próxima sexta-feira.

O novo elemento, entretanto, voltou a mexer com a expectativa das famílias, ávidas para receber os pertences. Viúvas aguardam um posicionamento oficial da Chape e cogitam até mesmo viajar até a Colômbia para recolher o material por conta própria. O clube, por sua vez, contratou uma empresa para dar assistência no processo, desde a vistoria na região do acidente, passando por higienização, identificação e catalogação dos mesmo. Sendo assim, a orientação é para que Juan Carlos repasse o material para a mesma.

Até o momento, as partes ainda não estiveram em contato, e Juan Carlos promete debater o assunto em reuniões em Chapecó. O colombiano, inclusive, levantou a possibilidade se realizar uma ação na semana em que o clube viajará a Medellín para decisão da Recopa, em maio. A hipótese esbarra na necessidade de que os pertences sejam entregues para seus proprietários. Assim, a tendência é que aconteça apenas um ato simbólico como agradecimento.

Juan Carlos é um dos fundadores da Corporação Bi-Nacional de Irmandade Unión-Chapecó. As buscas no local só tiveram início no dia 25 de dezembro, quase um mês após a tragédia, quando o espaço foi liberado pelas autoridades. O colombiano explica como se deu o processo:

  • Quando chegamos, vimos que tinha muitas roupas no meio do pântano, por conta das chuvas nessa época do ano. Pensamos que poderia ter valor afetivo para as famílias: Camisas, calças, sapatos, malas... Levamos tudo para casa, limpamos e organizamos. Está tudo guardado. Em uma segunda ida, encontramos coisas mais pessoais. Estamos inventariando para entregar.

No período de isolamento, camponeses da região tiveram a acesso e saquearam boa parte dos destroços. Com a criação da corporação, deu-se início também a campanhas para que tudo fosse devolvido:

  • Muitas coisas foram devolvidas depois das primeiras buscas. Fizemos campanhas e materiais que tinham sido encontrados nos dias seguintes ao acidente foram entregues para serem devolvidos aos familiares. Não queremos nenhum tipo de lucro, apenas colaborar.

O professor colombiano falou ainda sobre a reação dos primeiros envolvidos no acidente ao tomarem conhecimento da existência dos pertences:

  • Estamos tendo cuidado porque o impacto psicológico é muito grande. Nós vimos de maneira inocente, como um gesto humanitário, mas não sabemos quando vão reagir. As peças do avião, por exemplo, para nós são memórias do que aconteceu, ouvimos que a Chape queria fazer um museu, mas há quem não queira saber nada do avião. Neto se impactou muito com a lembrança.

Em Chapecó até a próxima sexta-feira, Juan Carlos Vallejo trouxe consigo ainda recordações da tragédia para oferecer aos envolvidos. Trata-se de um pedaço de madeira das árvores da região com pequenos destroços do avião.

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