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03/04/2021 10:17:00
Mortes crescem entre pessoas abaixo dos 60 anos em Mato Grosso do Sul
Nesta sexta-feira, por exemplo, a maior parte dos que morreram estavam na faixa etária dos 60 anos – 10 dos 42 óbitos apresentados.

Correio do Estado/LD

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Em meio ao colapso no sistema de saúde, o perfil de óbitos por Covid-19 registrados em Mato Grosso do Sul mudou no último mês, cresceu de forma considerável o porcentual de pessoas jovens e adultos abaixo de 70 anos que morrem em decorrência do vírus, especialistas associam a vacinação como principal fator, além das variantes em circulação.

Nesta sexta-feira, por exemplo, a maior parte dos que morreram estavam na faixa etária dos 60 anos – 10 dos 42 óbitos apresentados.

Em comparação com a primeira semana de janeiro deste ano, os óbitos entre a faixa etária acima de 70 anos representavam 62,5% do total pela Covid-19.

Na última semana de março, passaram a representar 31,7% do total. Uma queda de 50% em relação à população mais idosa, conforme o jornal Correio do Estado já havia noticiado.

A diferença são as mortes entre os jovens, de 18 a 50 anos, que cresceu muito no mês passado em Mato Grosso do Sul. O levantamento realizado pelo Correio do Estado aponta que essa faixa etária representava cerca de 10% das mortes em janeiro e agora passou para 20%.

Muitos deles são internados e em questão de dias têm um desfecho negativo. A ocupação de leitos em Campo Grande já ultrapassa os 100%.

A diretora-presidente do Hospital Regional, Rosana Leite, avalia que a situação piorou nas últimas semanas. A especialista destaca que houve aumento expressivo do número de casos confirmados e óbitos em pacientes mais jovens, segundo ela, em questão de dias, o paciente vai a óbito.

“O perfil de óbitos em Mato Grosso do Sul mudou, temos muito mais mortes de jovens, o que é muito assustador, pacientes novos chegam ao hospital em situação bem crítica e morrem em questão de dias, o que não víamos com frequência no início da pandemia.

Atualmente no Regional, temos vários pacientes entubados com menos de 40 anos, o que não ocorria há dois meses”, destacou.

O Estado contabilizou 217.457 casos confirmados de Covid-19, com 1.502 novos registros na sexta-feira, conforme boletim epidemiológico do novo coronavírus, apresentado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES).

VACINAÇÃO

Rosana avalia que a mudança de perfil nos acometidos pela Covid-19 pode ser reflexo da campanha de vacinação.

“A faixa etária mais jovem ainda não foi vacinada, é muito triste ver pessoas que desacreditam da pandemia e da importância do uso de máscara, muitas vidas estão se perdendo. Os números mostram que tivemos uma diminuição de óbitos de idosos acima de 70 anos, isso acontece principalmente pela vacina, é muito assustador a quantidade de jovens que estão sendo intubados e morrendo em questão de dias”, afirmou a diretora-presidente do Regional.

Desde o início da campanha de imunização, 421.974 doses já foram aplicadas no Estado e 11,28% da população já foi vacinada contra a Covid-19 em Mato Grosso do Sul, até a tarde de ontem, segundo os dados do vacinômetro.

O infectologista André Barbosa destaca que os índices são resultados da campanha de imunização, principalmente na queda no número de óbitos em idosos acima de 70 anos, visto que esse público começou a receber os imunizantes há mais de 30 dias.

“Considerando que este grupo já recebeu até mesmo a segunda dose do imunizante e que eles começam a fazer efeito em até 15 dias depois, essa redução é reflexo da campanha de imunização, especialmente em relação às mortes. Esses números são muito importantes e confirmam que a vacinação é essencial, sendo o único caminho para vencermos a pandemia. Pessoas vacinadas têm maior capacidade de desafogar o sistema de saúde, que no momento estão atendendo muito além do limite”, relatou.

RECORDE

O mês de março registrou recorde no número de mortes, o segundo maior de casos e o recorde de internações pela Covid-19 em Mato Grosso do Sul. Conforme os dados do boletim epidemiológico, ao longo dos últimos 31 dias, 975 pessoas morreram em decorrência do vírus e mais de 34 mil foram infectadas.

O mês de dezembro do ano passado tinha se mostrado como o mais letal, desde o início da pandemia no Estado, com 587 mortes em decorrência do vírus, mas acabou ultrapassado.

Com o final de março, o período se tornou o segundo mais infeccioso, 34.070 pessoas foram contaminadas pela Covid-19. O maior número de confirmações em um mês foi registrado em dezembro de 2020, com 34.700.

CEPA

No início de março, o secretário de saúde, Geraldo Resende confirmou o primeiro caso da variante P.1 do coronavírus em Mato Grosso do Sul. O caso foi identificado em um paciente de Corumbá, ele havia ficado por vários dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Com a nova variante do coronavírus circulando em Mato Grosso do Sul, especialistas apontam que o número de mortes entre pacientes mais jovens pode ter ligação com a variante descoberta em janeiro em Manaus (AM).

“É fato que a nova cepa é muito mais agressiva, mudou muito o perfil dos infectados e o tempo de internações, no último pico não era assim, associamos a nova cepa”, relatou Rosana Leite.

Em coletiva realizada pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), quando a variante do coronavírus havia sido confirmada no Estado ,há algumas semanas, a secretária-adjunta, Crhistinne Maymone, explicou que a “nova cepa” trazia consigo maior transmissibilidade.

Estudos das fabricantes dos imunizantes contra a Covid-19, dizem que a vacina é eficaz contra a variante brasileira P1.

COLABORAÇÃO

Rosana Leite faz um apelo para que a população respeite as medidas de biossegurança e evitar aglomerações. Ela destaca que pela terceira semana o Hospital Regional opera com leitos acima da capacidade permitida.

“Vivemos um momento delicado na saúde pública, o uso de máscara, álcool gel e todas as medidas necessárias para evitar a propagação do vírus são mais que necessárias, só assim poderemos atravessar esse momento”, afirmou.

André Barbosa também afirma, em nome de todos os profissionais de saúde, para que as pessoas tenham consciência da gravidade da situação e de suas atitudes.

“Vivemos uma situação alarmante, faltam leitos e é necessário termos a colaboração de todos, quem puder deve permanecer em casa, só assim venceremos essa crise”, alegou o especialista.

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