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Brasil
05/08/2013 09:00:00
Pesquisa revela que 70% das pessoas acreditam que mulher sofre mais violência dentro de casa
Os dados mostram ainda que sete em cada dez entrevistados acreditam que a mulher sofre mais violência dentro de casa do que em espaços públicos e que 50% analisam que a mulher se sente mais insegura em casa do que fora.

Agência Brasil/AB

\n \n Uma pesquisa feita para mensurar a opinião da sociedade sobre a\n violência doméstica e assassinatos de mulheres revelou que 98% da população\n conhecem a Lei Maria da Penha e que para 86% as mulheres passaram a denunciar\n mais os maus-tratos depois da existência da lei. Os dados mostram ainda que\n sete em cada dez entrevistados acreditam que a mulher sofre mais violência\n dentro de casa do que em espaços públicos e que 50% analisam que a mulher se\n sente mais insegura em casa do que fora. \n \n A pesquisa Percepção da Sociedade sobre Violência e Assassinatos\n de Mulheres, divulgada hoje (5) em SP, foi feita pela Data Popular e pelo\n Instituto Patrícia Galvão com 1.500 homens e mulheres, maiores de 18 anos, em\n 100 municípios do país, entre os dias 10 e 18 de maio deste ano. \n \n De acordo com a pesquisa, 54% dos entrevistados conhecem uma\n mulher que foi agredida pelo companheiro e 56% conhecem um homem que agrediu a\n parceira, mas 57% acreditam que, apesar de atualmente haver mais punição para\n os agressores e assassinos, a forma como a Justiça pune não reduz a violência\n contra a mulher. O medo se reflete na pesquisa quando 85% das pessoas disseram\n que mulheres que denunciam seus maridos correm mais risco de serem\n assassinadas. \n \n Quando avaliado o nível social, a pesquisa indicou que 69%\n acreditam que violência contra a mulher não acontece só em famílias pobres.\n Entre os riscos e motivos para maior risco à vida da mulher foram apontados o\n fim do relacionamento (43%) e a denúncia sobre o agressor, seja namorado ou\n marido (85%). Para 92%, as agressões frequentes podem terminar em assassinato. \n \n Para a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres da\n Presidência da República, Eleonora Menicucci, a pesquisa mostra que a violência\n contra as mulheres ultrapassas todas as classes sociais, mas a dor das mulheres\n com poder aquisitivo mais alto não aparece enquanto as mulheres mais pobres têm\n seus rostos estampados nos jornais, porque essas denunciam os maus-tratos.\n “Isso porque elas [as mais pobres] vão às delegacias e as mulheres que mais\n denunciam são aquelas que dependem das políticas públicas e dos serviços\n públicos”. \n \n Eleonora destacou que este ano houve punições exemplares para\n agressores e assassinos de mulheres em casos que se tornaram emblemáticos\n devido à sua larga divulgação pela imprensa. “Há leis que pegam e leis que não\n pegam. A Lei Maria da Penha pegou em dois aspectos. O primeiro é que dá cadeia,\n acabou com aquela baboseira de distribuir cesta básica. E o segundo é que,\n hoje, mexe na conta bancária do agressor, que tem ressarcir a União sobre todo\n valor que é pago aos dependentes da mulher em caso de morte”. \n \n A ministra se mostrou indignada com o resultado da pesquisa e\n disse que o governo, por meio de sua secretaria, tem que assumir a\n responsabilidade por essa realidade para começar a fazer alguma coisa que possa\n gerar mudanças de fato. “Temos que ter tolerância zero e eu acredito que deve\n haver uma parceria entre todos os órgãos da sociedade. Inauguraremos 11 casas\n da Mulher e isso é questão de honra. Não podemos mais ter pesquisas com\n resultados nesse nível e temos que assumir compromisso de mudar isso”. \n \n A diretora do Instituto Patrícia Galvão, Fátima Jordão, ressaltou\n que as medidas para mudar a realidade da mulher que se sente insegura dentro de\n casa porque mora com o agressor já estão sendo tomadas. A questão é\n aperfeiçoá-las ou aumentar a disponibilidade dos instrumentos para a população\n feminina, entretanto ela colocou que a imprensa deve colaborar para mudar o\n rosto e a personalidade dessa violência, mostrando que esse é um problema tão\n grave quanto outros da sociedade. \n \n “Quando vemos notícias sobre agressão, vemos o agressor\n personalizado, o monstro que emparedou a mulher. Passa-se a ideia de que\n existem doentes na sociedade, mas temos que passar a compreensão de que a\n sociedade é atrasada com essa questão e não entendeu que esse problema atinge\n graus de perversidade enorme competindo à mídia lidar com isso como um problema\n de uma sociedade machista”. \n \n O representante do Conselho Nacional de Defensores Públicos\n Gerais, David Eduardo Dpiné Filho, observou que, enquanto a percepção da\n violência contra a mulher foi ampliada, a confiança no serviço público não\n aumentou na mesma medida e há ainda um deficit na qualidade do serviço prestado\n para essa mulher vitimizada. “Ela acaba sendo revitimizada quando procura uma\n Delegacia da Mulher e a burocratização do sistema ainda impede que essa mulher\n tenha no serviço público uma referência que lhe dê segurança para denunciar e\n não encontrar o agressor em casa para novamente a agredir”, analisou. \n \n \n \n \n