TMN/PCS
Os anos de 2019 a 2021 foram os mais tristes da história da humanidade, em razão da covid-19. Em alguns momentos desse período, o número de mortos chegava a mil por dia no Brasil. Mas esse cenário não comoveu os investigados por fraudes em licitações em Terenos e grande parte do esquema criminoso se deu durante a pandemia.
O Ministério Público Estadual narra que, logo após Henrique Wancura Budke (PSDB), vencer a eleição, em dezembro de 2020 (eleição mais tarde por causa da pandemia), os acertos escusos começaram. A investigação obteve dados de quebra de sigilo telefônico, aplicativos de mensagens, dados bancários e registros públicos para embasar a acusação.
Na decisão que autoriza a operação, o desembargador do TJMS, Jairo Roberto de Quadros, divulgou que quando Henrique estava na iminência de tomar posse para o primeiro mandato, o empreiteiro Sandro Bortoloto – dono da Angico Construtora – procura Valdecir Batista Alves para dizer que ‘’teriam muito trabalho’’ com o início do mandato de Henrique.
Em 2021, já começado a gestão de Henrique, a investigação diz que a roubalheira começou com uma contratação fraudulenta, direcionada para a Construtora Angico, do investigado Sandro. O objetivo era dedetizar os prédios públicos de Terenos.
Grande detalhe
Foi dito pelo Gaeco que o prefeito mandou mensagem para Sandro, dizendo que Valdecir repassaria a ele os detalhes sobre a dedetização de dez escolas. E o grande detalhe mora aí: ainda não havia sido lançada nenhuma licitação, mas o empresário já tinha certeza que ganharia.
"No dia 21/02/2021 Sandro já possuía o quantitativo do serviço de dedetização, e então o apresentou a Tiago Lopes de Oliveira, chefe de gabinete de Henrique, o valor do serviço, de 1 real por metro quadrado de dedetização. O preço por todo o serviço ficou R$ 170 mil, devido à área total de 169.580 m².
Após a planilha do serviço de dedetização ser apresentada em reunião entre o prefeito, Sandro e Tiago Lopes, a Angico sagrou-se vencedora do certame.
Enriqueceu
O prefeito de Terenos, Henrique Wancura Budke, preso por corrupção em 9 de setembro, teve seu patrimônio aumentado em 318%, segundo o Ministério Público Estadual. O ganho teria ocorrido por meio de fraudes em licitações de obras na cidade. Ele tem fazenda, chácara e empresa.
Conforme apuração do Gaeco, Henrique venceu as eleições de 2020. À época, ele declarou patrimônio de R$ 776 mil à Justiça eleitoral. Porém, no pleito seguinte – de sua reeleição – o montante subiu para R$ 2,4 milhões, sendo 318%.
Outra observação feita pela investigação é que – ao menos três bens de Budke têm valor de mercado maior que o declarado: a Fazenda Ipê Amarelo, em Aquidauana, com 161 hectares, teve valor declarado de R$ 1,5 milhão em junho de 2023, comprada à vista.