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Cidades
02/07/2018 18:19:00
Pacientes reclamam de demora no atendimento durante jogo da Seleção
Serviço que deveria ocorrer normalmente apresentou problemas

CE/PCS

Pacientes que vieram do interior não foram informados sobre fechamento do CEM (Foto: Valdenir Rezende/CE)

Mesmo durante os jogos da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de Futebol pacientes continuam em busca de atendimento nas unidades de saúde de Campo Grande. Mas enquanto a bola rolava, o serviço previsto para ocorrer normalmente apresentou problemas, especialmente demora e até suspensão do atendimento no período da partida.

A situação foi confirmada pela reportagem do Correio do Estado, durante a partida entre Brasil e México, em duas das seis Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), além do Centro de Especialidades Médicas (CEM).

“Foi só começar o jogo que pararam de chamar para triagem e para a consulta com o médico. Eu já vim nesta UPA várias vezes, sempre é cheio e demora. Mas está até com pouca gente desta vez e mesmo assim tá demorando muito. A única explicação é o jogo né, porque se tem médico era para estar mais rápido”, opinou a dona de casa Angela Macedo, 39 anos que aguardava ser atendida na UPA Coronel Antonino.

No CEM, com previsão de abrir às 13h, a situação foi ainda mais grave, pacientes que vieram encaminhados de municípios do interior e até aqueles que aguardavam há seis meses por consulta não foram informados sobre o fechamento do local durante o jogo.

“Tive um infarto em dezembro do ano passado, a médica que me atendeu pediu para passar pela consulta com cardiologista em quatro dias e só consegui agora. Mesmo assim não sei se serei atendido”, disse o conferente Flávio Rosário, 38 anos, que mora em Rio Verde - a 188 quilômetros da Capital - e enfrentou 3 horas de viagem para passar pelo médico.

“O pessoal que veio na van comigo tinha consulta pela manhã, muitos foram embora, desistiram. Tem gente que não tem onde ficar, nem como se alimentar. Vi a mesma situação com pessoas de outros municípios que chegaram e deram com a cara na porta”.

A atendente Jane Gomes, 50 anos, também marcou consulta com cardiologista há um mês.

“Estava agendado para 12h, mas nem sei como será porque todo mundo que veio para ser atendido de manhã não foi avisado que o CEM estaria fechado. Logo no início da manhã foi uma confusão na porta, gente do interior, Aquidauana, Anastácio, Miranda, além do pessoal daqui mesmo igual a minha situação”.

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) afirmou que o município estabeleceu o fechamento das unidades e somente urgência e emergência abririam normalmente. A resolução n° 118 - publicada no Diário Oficial (Diogrande) no dia 12 de junho - do titular da Secretaria Municipal de Gestão (Seges), Agenor Mattiello, prevê que os setores e serviços considerados essenciais não devem ser paralisados ou interrompidos.

“A situação já é complicada no dia a dia, de quem depende do posto de saúde, e quando tem jogo é ainda pior. Nunca tem pediatra, por exemplo. A situação só se agravou”, afirmou Everlin da Silva, 29 anos, que esteve na UPA Universitário durante o jogo de ontem, com a esposa Camila, 20 anos e as duas filhas do casal de um ano e meio e outra bebê de um mês para que a mais velha fosse consultada. “Falam pra gente vir a noite, que é quando tem médico aqui ou ir para a UPA Coronel Antonino”.

A reportagem esteve na UPA Universtiário durante o primeiro tempo e no período nenhum paciente foi chamado para triagem ou consulta. “Falaram que tem dois médicos atendendo, mas não chamaram ninguém”, afirmou Laura Pontes, 36 anos, que aguardava no local.

No segundo tempo a equipe se deslocou para a UPA Coronel Antonino, e lá apenas as crianças foram chamadas para triagem e consultas no período. “Eu passei pela triagem, mas depois que o jogo começou só chamaram um adulto para ser atendido pelo médico, só vi crianças entrarem”, disse o construtor José Ferreira, 50 anos, que também aguardava atendimento no local.