Sheila Forato
Morando em Roma, na Itália, desde 2017, o padre Micael Carlos Dresch Andrejzwski, é um contato da equipe do Edição MS, principalmente por ter sido nossa fonte por quase 10 anos, época em que atuou em Coxim. Micael relatou com tristeza a situação da Itália, país que o acolheu para continuidade de seus estudos.
Nesta sexta-feira (20), a Itália registrou mais 627 mortes pelo novo Coronavírus — a maior alta diária desde o início da pandemia. Com isso, o número de vítimas fatais de Covid-19 no país chegou a 4.032. Já o número de contaminados, até o fechamento da reportagem, era de 47.021 pessoas.
“A situação é mais crítica do que se pode imaginar. Inicialmente também achamos que era uma brincadeira. A gente olhava o que estava acontecendo na China, mas ninguém tinha consciência da gravidade”, comentou o padre.
Conforme Micael, quando os primeiros casos começaram a aparecer na região da Lombardia, norte da Itália, as pessoas achavam que era apenas uma gripe e que ia passar, “mas com o passar dos dias fomos vendo que a situação era séria”, emendou o padre, que é muito querido pela comunidade coxinense.
Ele conta que no dia 8 de março o governo começou a tomar providências, mas elas não tiveram eficácia. Dois dias depois saiu decreto fechando tudo. “Funcionam apenas os comércios que atendem as necessidades básicas do povo. Só anda nas ruas quem tem uma autorização”, exemplificou.
Esse documento tem que comprovar que o portador não está contaminado. Quem não obedece a quarentena está sujeito a multa, prisão e processo, pois as forças policiais fazem rondas constantes e abordam todo e qualquer cidadão na Itália.
De acordo com Micael, o Coronavírus não escolhe suas vítimas. Estão morrendo profissionais da saúde, inclusive médicos. Idosos são grupo de risco, mas a doença também está matando jovens que tinham saúde impecável. A situação dos hospitais é caótica, faltam leitos, materiais e profissionais estão se desdobrando, mas as vezes tem de escolher quem vai morrer.
“Talvez, a nossa geração não esteja levando tão a sério porque nunca viu o mundo passar por grandes sofrimentos, como guerras. Não permitam que a situação do Brasil fique como a da Itália, caso contrário vão assistir muito sofrimento e chorar por perdas. Precisamos ter consciência, nos manter em isolamento, evitar contato físico, sermos rígidos com a higiene”, finalizou o padre, reafirmando seu carinho pela comunidade coxinense e de toda região norte de Mato Grosso do Sul.