Ciência e Saúde
23/01/2013 05:37:22
Exame de sangue que detecta síndrome de Down chega ao país
Laboratórios brasileiros começam a oferecer um exame de sangue para gestantes que detecta problemas cromossômicos no feto a partir da nona semana de gravidez.
Folha/PCS
\n \n Laboratórios brasileiros começam a\n oferecer um exame de sangue para gestantes que detecta problemas cromossômicos\n no feto a partir da nona semana de gravidez. \n \n O teste é colhido no consultório como um\n exame de sangue comum e vai para os EUA, onde é feita a análise do material\n genético do feto que fica circulando no sangue da mãe durante a gestação. \n \n A versão mais completa é eficaz para\n detectar as síndromes de Down, Edwards, Patau, Turner, Klinefelter e triplo X e\n custa R$ 3.500 no IPGO (Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia), em São Paulo. \n \n Nos próximos meses, o laboratório do\n hospital Albert Einstein e o Fleury também vão comercializar exames similares,\n que já estão disponíveis no mercado americano há pouco mais de um ano. \n \n Hoje, o diagnóstico dessas síndromes\n congênitas é feito por meio do ultrassom e do exame do líquido amniótico ou da\n biópsia do vilo corial, em que é retirada uma amostra da placenta. \n \n Esses testes são invasivos e trazem um\n risco de até 1% de abortamento. \n \n Além de não aumentar o risco de\n complicações na gravidez, o novo teste pode ser feito antes dos tradicionais,\n indicados, em geral, a partir do início do quarto mês de gestação. O resultado\n fica pronto em cerca de 15 dias. Segundo o ginecologista Arnaldo Cambiaghi,\n diretor do IPGO, nenhuma amostra de sangue foi enviada para análise ainda. \n \n O obstetra Eduardo Cordioli,\n coordenador-médico da maternidade do hospital Albert Einstein, lembra que, se o\n resultado do teste de sangue for positivo, o diagnóstico deve ser confirmado\n por meio da biópsia do vilo corial. \n \n "O novo teste vai reduzir o número\n de biópsias feitas de forma desnecessária. Mas é preciso confirmar os\n resultados positivos." \n \n ABORTOS \n \n O problema é o que fazer diante de um\n resultado positivo. O aumento no número de abortos foi uma preocupação de\n grupos da sociedade civil na Europa e nos EUA após a aprovação desse tipo de\n teste nesses mercados. \n \n No Brasil, o aborto é proibido a não ser\n em caso de anencefalia, violência sexual ou risco de vida para a gestante, mas\n estima-se que mais de 1 milhão de mulheres o pratiquem por ano. \n \n "Por um lado, o exame vai\n tranquilizar a grande maioria que não vai ter problemas. Por outro, permite que\n os pais se preparem caso vão receber uma criança com alguma anomalia\n cromossômica", afirma Cambiaghi. \n \n Entre as síndromes detectadas pelo exame,\n a de Edwards e a de Patau são praticamente incompatíveis com a vida, de acordo\n com Artur Dzik, diretor científico da Sociedade Brasileira de Reprodução\n Humana. \n \n Para ele, a entrada do teste no país não\n deve aumentar o número de abortos porque o acesso ao exame de preço alto será\n restrito e porque as mulheres que vão procurá-lo já teriam indicação para\n realizar os testes tradicionais. "Isso vai fazer parte do pré-natal de\n alto risco, para mulheres com mais de 38 anos." \n \n No caso das síndromes de Patau e Edwards,\n afirma Cordioli, do Einstein, é possível pedir uma autorização judicial para\n realizar o aborto. "Mas cada caso é analisado separadamente." \n \n Para síndrome de Down, anormalidade\n cromossômica mais comum, esse tipo de autorização não pode ser pedida, porque o\n problema não é incompatível com a vida. \n \n Volnei Garrafa, professor titular de\n bioética da UnB (Universidade de Brasília), diz que a oferta de um teste como\n esse e as questões morais ligadas a ele deveriam passar por uma discussão\n ampla, em um conselho de bioética e no Congresso. \n \n "Para interromper a gravidez, os\n pais teriam de pedir liminares. Como o Legislativo não faz as leis, o\n Judiciário acaba fazendo, o que é uma distorção da democracia."\n \n \n