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Ciência e Saúde
20/04/2017 17:45:00
Início da campanha de vacinação contra gripe é marcada por desinformação
Secretaria passou a fazer exigências extras

CE/PCS

O início da campanha de vacinação contra a gripe em Mato Grosso do Sul ainda é marcado por desinformação dos gestores responsáveis pela aplicação das doses. O temor de possíveis falhas na aplicação, desvio e até falta de vacinas, a exemplo do que ocorreu no ano passado, levou a Secretaria de Estado de Saúde (SES) a estabelecer exigências extras para que as pessoas dos grupos de risco sejam imunizadas.

A determinação é para que quem tem direito a dose apresente documento de identificação para confirmação da idade - no caso de crianças e idosos -, já professores e profissionais da saúde devem mostrar carteira profissional ou holerite que demonstre a atuação em escolas e unidades de saúde e os que fazem parte dos demais grupos também devem comprovar a necessidade de aplicação da vacina.

“Nosso principal problema é em relação as pessoas com doenças crônicas. Só ter hipertensão, por exemplo, não coloca aquele paciente no grupo de risco, mas se tiver uma diabetes aliada ou cardiopatia, aí sim. Temos que exigir a comprovação da necessidade da vacina”, afirmou a coordenadora de imunização da SES, Kátia Mougenot.

“Cada pessoa vacinada fora do grupo de risco, é uma de dentro do grupo que fica sem vacina, sujeita a uma série de fatores e complicações que nós conhecemos e pode levar a óbito”, disse o secretário de Estado de Saúde, Nelson Tavares.

Ontem durante reunião da Comissão de Intergestores Bipartite (CIB), com secretários municipais de saúde e coordenadores de imunização dos 79 municípios do Estado, as dúvidas eram muitas. “Eu sou enfermeira, mas estou como secretária municipal de Saúde. Eu posso ser vacinada?”, questionou titular da pasta no município de Lagura Carapã - a 279 quilômetros de Campo Grande -, Ronitânia Portela.

“Eu sou médico, e sou secretário de Saúde (do Estado). No ano passado tomei a vacina particular, eu paguei, porque sempre me imunizei, mesmo fora da ponta, do atendimento ao paciente. Não devemos desperdiçar as doses, não ceder a pedidos, nem vacinar pessoal dos gabinetes, secretárias. As doses são exclusivamente para quem está no grupo de risco”, afirmou Tavares.

A meta é vacinar 90% do grupo de risco que no Estado é de aproximadamente 750 mil pessoas - no ano passado a meta era vacinar 80%. Os inúmeros “pedidos” são apontados como uma das causas dos problemas enfrentados no ano passado, especialmente em Campo Grande, onde entre 3,2 mil e 32 mil doses “desapareceram”. O sumiço provocou investigações diversas, sem conclusão. Na Capital, denúncias apontavam que sessões de vacinação aconteceram até dentro do gabinete do então prefeito, Alcides Bernal (PP), em pessoas que não faziam parte das prioridades. “Se formos vacinar todos que pedem e dizem que precisam, não vamos ter suficiente para os grupos de risco. Não temos vacinas suficientes para atender toda a população e não há previsão de receber mais doses”, afirma a coordenadora de imunização.

Em Naviraí, a 358 quilômetros da Capital, a morte de sete pessoas (causadas por gripe) em 2016 provocou mudanças na capanha de imunização este ano. O secretário Municipal de Saúde, Fábio Augusto Bonicontro, explicou que sobraram 5 mil doses adquiridas em 2016, agora disponíveis para aplicação. “Montamos uma sala de vacina exclusiva para estas doses. Estamos aplicando nos funcionários públicos e nas crianças de até dez anos”. Com população de aproximadamente 50 mil habitantes, a meta no município é imunizar 11 mil pessoas.

Em Mato Grosso do Sul foram registradas 103 mortes causadas por gripe em 2016, aumento de 1.371,42% em relação a 2015 - com sete óbitos. Nesta campanha, iniciada na segunda-feira e com previsão de terminar no dia 26 de maio, a meta é imunizar pessoas com 60 anos ou mais de idade, crianças na faixa etária de seis meses a menores de cinco anos de idade, gestantes puérperas (até 45 dias após o parto), trabalhadores de saúde, povos indígenas, grupos portadores de doenças crônicas e outras condições clínicas, população privada de liberdade e profissionais do sistema prisional, além dos profissionais de educação - incluídos no grupo de risco em 2017.