Ciência e Saúde
26/05/2013 09:23:21
Primeira geração com HIV enfrenta envelhecimento precoce
Fica para os soropositivos com longo tempo de convivência com o vírus, porém, uma outra constatação. Os pacientes vivem mais, sim, mas envelhecem mais rapidamente.
Agencia Estado/PCS
\n \n Passados 30\n anos da descoberta do vírus responsável por causar a aids e pelo menos 15 anos\n depois de o diagnóstico ter deixado de ser considerado uma sentença de morte, a\n primeira pergunta que muitos pacientes ainda fazem logo após saber que são soropositivos\n é: quanto tempo eu tenho de vida? O infectologista Alexandre Naime Barbosa tem\n a resposta na ponta da língua: "O mesmo tempo que qualquer outra pessoa da\n sua idade". \n \n Fica para os\n soropositivos com longo tempo de convivência com o vírus, porém, uma outra\n constatação. Os pacientes vivem mais, sim, mas envelhecem mais rapidamente. \n \n O advento da\n terapia antirretroviral, com vários medicamentos, conseguiu controlar a\n principal causa de morte durante o início da epidemia: as doenças oportunistas,\n que surgiam depois que o vírus, em multiplicação alucinada, aniquilava as\n defesas do organismo. \n \n As drogas\n conseguiram diminuir a replicação do vírus a ponto de a carga viral, nas\n pessoas que tomam o remédio rigorosamente, ficar indetectável no sangue.\n Algumas partes do corpo, porém, funcionam como reservatório do vírus, como os\n sistemas nervoso central e linfático. Uma espécie de refúgio, já que neles os\n vírus ficam fora do alcance das drogas e continuam se replicando lentamente. \n \n "A gente\n assistiu à história de 30 anos da doença vendo-a de trás para frente. A\n primeira visão foi catastrófica. A aids levava a uma profunda redução da\n imunidade, a ponto de a pessoa morrer em decorrência das doenças oportunistas.\n Conseguimos mudar isso, tratar as pessoas. Aí, começamos a ver a doença pelo\n começo", diz Ricardo Diaz, infectologista da Universidade Federal de São\n Paulo (Unifesp). \n \n Nos últimos\n anos, vários estudos em todo o mundo vêm mostrando que o corpo de uma pessoa\n que vive por muitos anos com o HIV acaba funcionando como o de alguém que tem,\n em média, 15 anos a mais. \n \n As\n comorbidades mais comuns são as doenças cardiovasculares, como infarto e AVC\n (acidente vascular cerebral), que têm uma prevalência maior nessa população. Em\n segundo lugar, vêm os vários tipos de cânceres, como o de próstata, mama e colo\n de útero. Também são comuns perda de massa óssea, diabete e distúrbios\n neurocognitivos, como demência precoce. E deficiência renal, mas que pode estar\n mais relacionada ao próprio uso dos remédios. \n \n A solução,\n afirma o médico, é tentar lidar preventivamente com isso, associando outros\n medicamentos quando necessário. "Mulheres com o HIV devem fazer o exame de\n papanicolau e mamografia a cada seis meses. Recomendamos que todos sempre tomem\n vacinas." Com esses cuidados, diz, mesmo com uma incidência maior de\n outros problemas de saúde, não há impacto na expectativa de vida. "A\n mortalidade é praticamente igual a de quem não tem HIV. Só é preciso ter mais\n cuidados."\n \n \n