Uma nova trend inusitada tem circulado pelas redes sociais: homens estão raspando ou aparando os cílios, com o objetivo de atingir um visual mais “masculino” e “natural”. A ideia parte da crença de que cílios longos trazem delicadeza ao rosto, algo visto por muitos como “feminino demais”.

A prática, que começou nos Estados Unidos, viralizou no TikTok e já chegou a barbearias em diferentes países, que agora oferecem serviços de corte e estilização voltados à região dos olhos. Para atingir o efeito, vale tudo: tesoura, pinça, lâminas e até aparelhos de barbear. O objetivo é puramente estético: reduzir o destaque que os cílios trazem ao olhar.

Atenção para os riscos

Embora pareça inofensiva, a tendência acendeu um alerta entre profissionais da saúde ocular, que alertam para os riscos envolvidos na remoção dos cílios. Pensando nisso, a coluna procurou a oftalmologista Núbia Vanessa para entender as possíveis complicações que o hábito pode trazer à visão.

Segundo a especialista, os cílios oferecem uma proteção natural contra a entrada de poeira, bactérias e corpos estranhos. Além disso, na base dos cílios existem glândulas importantes para a produção de lágrimas, que ajudam na lubrificação e na defesa da superfície ocular. A retirada dos fios compromete todo esse sistema de defesa.

“Eles fazem parte da produção da lágrima, que é um meio de proteção do olho. Se essa proteção é retirada, passamos a ter um olho mais frágil e mais suscetível a consequências, como o olho seco, que pode resultar em conjuntivites e sensação de corpo estranho”, explica.

Como fica o crescimento dos cílios?

Outro perigo está na forma como os fios podem crescer após as remoções. “Podem ter alguma alteração na conformidade, como nascer mais grossos ou com diferença na direção de crescimento”.

A oftalmologista também chama atenção para o risco de desenvolver triquíase, uma condição em que os cílios crescem voltados para dentro, em direção à córnea. O atrito constante pode causar irritação, vermelhidão e sensação de corpo estranho nos olhos. Em casos mais graves, os fios podem arranhar a córnea, provocando lesões sérias, como a úlcera corneana.