Midiamax/LD
Enraizado na cultura e na história do povo sul-mato-grossense, o gênero musical chamamé recebeu o registro de bem de natureza imaterial de Mato Grosso do Sul em decreto publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) desta quarta-feira (30).
Desse modo, o “Chamamé” passa a integrar oficialmente a lista de bens do Estado, estando em conformidade com a Lei n° 3.522 de 2008 que dispõe sobre a proteção do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural de MS.
O ritmo será registrado no Livro de Registro dos Saberes, onde são inscritos conhecimentos e modos de fazer arraigados no cotidiano das comunidades. O registro é um instrumento legal de preservação, reconhecimento e valorização do patrimônio imaterial de Mato Grosso do Sul.
O aval para o registro do chamamé como bem cultural imaterial foi concedido pelo Conselho Estadual de Cultura em 2017, mas a publicação oficial, de fato, só deverá ocorrer agora em 2021. Na época, o conselho considerou a presença do gênero de origem argentina e paraguaia, a relação com os países fronteiriços com o Brasil proporcionou a entrada desta expressão cultural como um dos elementos basilares da cultura sul-mato-grossense.
Na veia
O titular da Secretaria de Estado de Cidadania e Cultura (Secic), João César Mattogrosso destaca que o chamamé possui grande representatividade para a cultura local e é digno de tal reconhecimento.
“O chamamé faz parte da nossa história e das raízes sul-mato-grossenses. O registro reconhece a expressão cultural e a importância do gênero musical como patrimônio imaterial, preservando a identidade e singularidades”, declara.
Integrante do Centro Cultural Chamamé de Campo Grande, Jânio Fagundes lembra conquistas importantes como o Dia Estadual do Chamamé - 19 de setembro - e afirma que o ato fortalece o movimento chamamezeiro em todo Estado.
“Representa a consolidação, a formalização daquilo que já faz parte do nosso dia a dia. Para nós que temos o chamamé na veia, que dormimos e acordamos com chamamé é extremamente representativo e motivo de orgulho”, pontua.
Capital do Chamamé fica em MS
A relação de Mato Grosso do Sul com a expressão artística é íntima. Nativo da província de Corrientes na Argentina, a história do chamamé se confunde com a da polca paraguaia e da guarânia, ritmos ‘irmãos’ do chamamé. No Brasil, o gênero chegou por influência paraguaia (em MS) e argentina (no Rio Grande do Sul). Posteriormente, essas gaúchos viriam para onde atualmente é Mato Grosso do Sul, onde houve uma espécie de fusão destas referências.
No Estado, há até ‘capital do chamamé’, o município de Rio Brilhante, a 150 km de Campo Grande, que recebeu este título em 2011. E uma lei estadual também passou a considerar do dia 19 de setembro como o ‘Dia do Chamamé’, que assim como o registro da expressão artística entre os bens culturais do Estado, é conquista do Instituto Cultural Chamamé MS – Polca, Guarânia e Chamamé.