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Economia
10/01/2018 17:18:00
Queda 'maior que prevista' no preço dos alimentos explica inflação abaixo da meta, diz BC
Presidente do BC, Ilan Goldfajn, enviou carta ao ministro da Fazenda para justificar resultado da inflação em 2017, que foi de 2,95%, abaixo do piso de 3% da meta.

G1/PCS

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, publicou nesta quarta-feira (10) carta aberta encaminhada ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, na qual explica que a inflação ficou abaixo do piso de 3% do sistema de metas em 2017 por conta da deflação de preços de alimentação no domicílio.

"Em 2017, a reversão da inflação nos preços dos alimentos no domicílio foi maior do que o previsto, tanto pelo Copom quanto pelos analistas do mercado", informou o presidente do BC, no documento. Essa foi a primeira vez que a inflação ficou abaixo do piso do sistema de metas.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta quarta-feira (10) que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, fechou 2017 em 2,95%. Com isso, a inflação ficou abaixo do piso de 3% do sistema brasileiro de metas de inflação.

O Banco Central tem que perseguir uma meta para o resultado da inflação que é definida todos os anos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Para o ano passado, havia uma meta central de 4,5%.

Entretanto, a regra prevê um intervalo de tolerância, de 1,5 ponto percentual, tanto para cima quanto para baixo.

Isso significa que a meta seria cumprida pelo BC se o IPCA ficasse entre 3% e 6%.

De acordo com a autoridade monetária, a inflação do subgrupo alimentação no domicílio encerrou 2017 com deflação (retração de preços) de 4,85%, a maior da série histórica do IPCA, que começa em 1989, e a primeira nesses itens desde 2006.

"Em vista desse comportamento excepcional dos preços dos alimentos no domicílio, decorrentes de choques fora do alcance da política monetária (como a oferta recorde de produtos agrícolas), o Banco Central do Brasil seguiu os bons princípios no gerenciamento da política monetária e não reagiu ao impacto primário do choque", informou o BC.

Segundo a instituição, "não cabe inflacionar os preços da economia sobre os quais a política monetária tem mais controle para compensar choques nos preços dos alimentos".

"A política monetária deve combater o impacto dos choques noutros preços da economia (os chamados efeitos secundários) de modo a buscar a convergência da inflação para a meta", acrescentou.

O Banco Central informou ainda que tem "calibrado" (nivelado) a taxa básica de juros da economia, atualmente na mínima histórica de 7% ao ano, e acrescentou que continuará a fazê-lo "com vistas ao cumprimento das metas para a inflação estabelecidas pelo CMN".

"A inflação já se encontra em trajetória em direção à meta em 2018. No acumulado em doze meses, a inflação ao final de 2017 aumentou 0,49 pontos percentuais em relação ao mínimo de 2,46% observado em agosto do mesmo ano", informou, lembrando que a sua última estimativa para o IPCA deste ano é de 4,2%, valor próximo à meta central de 4,5% fixada pelo Conselho Monetário Nacional.