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Pouco mais de 100 dias após a morte da pequena Sophia Jesus Ocampo, de 2 anos, o pai da menina ainda tenta retomar a rotina. Jean Carlos Ocampo diz que os sentimentos de dor e saudade da filha são difíceis de lidar. “Eu vivia para ela”, disse durante audiência do Ministério Público.
“Estou tentando prosseguir na base do remédio, mas é muito difícil. Tenho saudade da Sophia em tudo que vou fazer, até no momento que vou trabalhar. Vivia para ela e não tenho mais a Sophia”, disse em depoimento. Após dois meses de denúncia do Ministério Público, parentes da vítima e testemunhas do processo foram ouvidas na tarde desta segunda-feira (17). A próxima etapa do júri está marcada para 19 de maio. A morte de Sophia chocou moradores de Campo Grande.
Durante o depoimento, Jean pediu para que Stephanie saísse do plenário e relembrou a trajetória da filha. O rapaz contou que desde quando Sophia tinha 9 meses, notava hematomas, mas sempre foi induzido pela mãe da criança a acreditar que eram machucados de quedas.
Ao ser questionado pelo juiz Carlos Alberto Garcete, Jean ressaltou que não tem dúvida que o crime foi cometido pelo casal. “Eu imaginava que acontecia, sim, agressão em relação a Sophia, mas não imaginava a gravidade que estava. Ela sempre me privou de pegar minha filha quando tinha agressões. Eu creio que foram os dois, ela foi omissa e participou”, afirmou o pai.
O avô de Sophia, pai de Stephanie, falou que não é muito próximo da filha, mas que sabia dos hematomas e, assim como o pai da criança, sempre ouviu que era "porque Sophia caia muito".
“A Sophia tinha os roxinhos dela, mas jamais a gente imagina que estava acontecendo tudo isso. Sempre justificaram como queda ‘a Sophia caiu por isso está esse roxinho’. Eu não imaginava tudo isso, depois vi que a gravidade era extrema”.
Caso Sophia
Relato de homofobia contra o pai. 30 procedimentos em unidades de saúde antes de morrer. Casa em situação insalubre. Boletins de ocorrência. Mãe e padrasto presos. A morte da menina Sophia Jesus Ocampo, de 2 anos, chocou moradores de Campo Grande.
Stephanie de Jesus Da Silva e Christian Campoçano Leitheim, mãe e padrasto de Sophia, estão presos preventivamente pelos crimes de homicídio qualificado e estupro de vulnerável.
No dia 26 de janeiro, a mãe levou Sophia à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Coronel Antonino, onde a menina já chegou morta. O médico legista constatou que o óbito havia ocorrido cerca de sete horas antes.
O laudo de necrópsia do corpo da menina, emitido pelo Instituto de Medicina e Odontologia Legal (IMOL), apontou que a causa da morte foi por traumatismo na coluna cervical e confirmou que Sophia foi estuprada.
A declaração de óbito aponta que a causa da morte foi por um trauma na coluna cervical, que evoluiu para o acúmulo de sangue entre o pulmão e a parede torácica. O documento ainda diz que a menina sofreu "violência sexual não recente".
Preso suspeito de estuprar e matar a enteada, Christian se pronunciou sobre o crime. Na nota enviada pela defesa, o denunciado nega ter violentado sexualmente a menina.