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10/10/2017 14:58:00
Prefeitura desativa parte da estrutura de atendimento a usuários na Cracolândia

Agência Brasil/LD

A prefeitura de São Paulo fechou parte da estrutura de atendimento a usuários de drogas na Cracolândia, na Luz, região central da capital. Desde a última sexta-feira (6), um dos complexos de contêineres que oferecem espaço para pernoite, banheiros e atendimento psicossocial foi desativado. Hoje (10), usuários defecavam e fumavam crack no que restou dos equipamentos que ficam na Praça Julio Prestes.

A estrutura, que havia começado a funcionar em junho, havia ficado danificada após ação da Guarda Civil Metropolitana (GCM) do dia 29 de setembro, quando o local foi usado para deter e revistar os usuários durante uma operação. Segundo a prefeitura, o espaço vai passar por uma reforma e voltará a funcionar nos próximos dias. A administração municipal informou, entretanto, que pretende deslocar os equipamentos voltados ao atendimento de usuários de drogas devido a construção de um conjunto habitacional na área.

Nova ação

Nesta terça-feira, a GCM fez uma nova ação de menor proporção no local. Trabalhadores dos serviços de saúde relatam que sofreram agressões ao tentar evitar que os agentes agissem com truculência contra os usuários. “Chegaram empurrando a equipe, mandando a gente sair. Quando eu virei de costas, ele [guarda municipal] me bateu”, relatou Amaro Oliveira, que trabalha na região. Segundo ele, foram usadas bombas de gás e golpes de cassetete contra os usuários.

Também foram removidos colchões e objetos pessoais dos usuários de drogas que vivem na área, fazendo com que alguns reagissem à ação. “Teve um usuário que se revoltou por ter sido agredido e começou a gritar. O policial [GCM] atirou na direção dele”, contou Oliveira.

A prefeitura negou, por meio de nota, que tenha havido confronto na ação de limpeza realizada hoje. “A limpeza de rotina na região da Luz ocorreu normalmente nesta manhã e retirou 3,3 toneladas de lixo das ruas do entorno”, diz o comunicado.

Programa Redenção

A estrutura desativada faz parte dos complexos de contêineres que começaram a ser instalados em junho como parte do Programa Redenção. A iniciativa municipal substituiu o programa De Braços Abertos, baseado em redução de danos, implantado pela gestão anterior. Um dos focos da atual política é convencer os usuários a se internarem voluntariamente para fazer tratamento.

No equipamento desativado, funcionava justamente uma unidade avançada do Centro de Apoio Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD), que foi removido para o outro lado da rua. Durante o fim de semana, o complexo de contêineres que fica na Rua General Couto de Magalhães também ficou fechada, mas hoje funcionou normalmente. De acordo com a prefeitura, parte da estrutura havia sido interditada devido aos danos causados por uma ventania.

Ao todo, a administração municipal havia disponibilizado cerca de 350 vagas emergenciais para pernoite na região da Luz. As instalações foram criadas dias após a megaoperação do dia 21 de maio, que removeu a concentração de usuários de crack da Rua Helvetia e Alameda Dino Bueno. Atualmente, o chamado fluxo (aglomeração de usuários) ocupa uma praça próxima a esse local, depois de ao menos quatro realocações feitas com o uso de força policial ao longo dos últimos meses.