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Meio Ambiente
27/10/2017 12:14:00
Incêndio na Chapada dos Veadeiros completa 10 dias
A área queimada já soma mais de 62.000 hectares – praticamente equivalente a todo o tamanho que o parque tinha até pouco tempo atrás

Exame/PCS

Segundo o diretor do parque, a única causa natural possível para o início do fogo seria por queda de raios, mas não chove há meses na região

O Cerrado está em chamas há dez dias. Um incêndio, que teve como causa uma provável ação criminosa, já consumiu mais de 25% da Chapada dos Veadeiros, em Alto Paraíso, no estado de Goiás.

A área queimada já soma mais de 62.000 hectares – praticamente equivalente a todo o tamanho que o parque tinha até pouco tempo atrás. Em junho, ele foi ampliado de 65.000 para 240.000 hectares.

O diretor do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, Fernando Tatagiba, afirmou à reportagem da BBC Brasil que a única causa natural possível para o início do fogo seria por queda de raios, mas não chove há meses na região.

Ele afirma que, durante períodos de seca, 100% dos incêndios no cerrado são causados por ação humana. Na quarta-feira, a polícia começou a investigar as causas do fogo – e dois focos iniciais foram identificados.

O combate ao incêndio está sendo feito por brigadistas e voluntários. Na quinta-feira, um homem ficou gravemente ferido na comunidade de Cavalcante, ao tentar conter as chamas. Um grupo intitulado Rede Contra Fogo, que reúne moradores da região e instituições de defesa do cerrado, iniciou uma campanha de financiamento coletivo para arrecadar fundos para manter a atuação dos brigadistas. Mais de 360.000 reais já foram arrecadados, e é possível doar até o dia 31 de outubro.

A região se tornou um importante destino turístico para quem gosta do contato com a natureza. No ano passado, mais de 56.000 pessoas visitaram a chapada, atraídas pelas cachoeiras e corredeiras.

Mas áreas de preservação no Cerrado continuam sob constante ameaça. Um estudo da Comissão Pastoral da Terra mostra que, entre 2012 e 2016, o Cerrado contribuiu com 64% do aumento total da produção de soja, e é o segundo bioma onde há mais conflitos por terra no país, levando em conta o tamanho da área que ocupa, ficando atrás apenas da Mata Atlântica. Uma ameaça à flora, à fauna e às comunidades que vivem na região.