VERSÃO DE IMPRESSÃO
Mundo
13/01/2018 08:59:00
Irã qualifica novas sanções dos EUA de "ilegais" e ameaça com resposta

G1/LD

O Ministério de Assuntos Exteriores do Irã condenou neste sábado as novas sanções impostas pelos Estados Unidos, qualificando-as de "ilegais e hostis", e advertiu que receberão uma "séria reação" por parte da República Islâmica.

Segundo o comunicado, esta medida cruza "todas as linhas vermelhas de comportamento na comunidade internacional e viola as normas de princípios da lei internacional".

O Tesouro americano anunciou na véspera sanções contra 14 pessoas e entidades iranianas, entre eles o chefe o Poder Judiciário, o aiatolá Sadeq Larijani, por abusos aos direitos humanos e apoio ao programa de mísseis balísticos de Teerã.

"O senhor Trump continua com suas medidas hostis contra o povo do Irã e menciona ameaças que já várias vezes foi incapaz de aplicar (...) Devido a seu desespero, sancionou vários cidadãos iranianos com escusas ilegais e ridículas para compensar pelo menos uma parte dos seus fracassos", diz a nota.

Acordo nuclear

O departamento iraniano também reagiu no seu texto às novas ameaças feitas ontem pelo presidente americano contra o acordo nuclear, assinado em 2015 entre Irã e seis grandes potências (China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha).

O Ministério de Exteriores insistiu em que não adotará "nenhuma medida além dos compromissos que contraiu com o JCPOA", a sigla do pacto em inglês de Joint Comprehensive Plan of Action, tampouco permitirá que se estabeleça nenhuma conexão entre este acordo e outros temas, nem aceitará "nenhuma mudança nem agora nem no futuro" do JCPO.

O Irã ainda acusou os Estados Unidos de violarem de maneira explícita três seções do acordo, incluindo o parágrafo 26 que pede que o país aja "de boa fé para apoiar o JCPOA".

Trump decidiu ontem manter ativo um mecanismo que suspende temporariamente as sanções ao Irã por causa de seu programa nuclear, algo sobre o qual deve se pronunciar a cada 120 dias por força da lei, mas deu um ultimato à Europa para modificá-lo.

A sua ideia é preparar um "acordo suplementar" com seus parceiros europeus, para impor novas sanções multilaterais se o Irã desenvolver ou testar mísseis balísticos, e impedir as inspeções das suas instalações nucleares, entre outros.

Reações

Em resposta ao ultimato de Trump, a União Europeia afirmou que Reino Unido, França e Alemanha irão fazer uma avaliação conjunta com outros países membros do grupo sobre o anúncio do presidente americano. Ao mesmo tempo, a União Europeia reiterou seu "compromisso a continuar com uma efetiva e total aplicação do acordo nuclear".

Também neste sábado, a Rússia declarou que fará tudo que estiver ao seu alcance para preservar o acordo nuclear de 2015 com o Irã.

"Faremos tudo o que depender de nós para preservar o acordo", disse o vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Serguei Riabkov, em uma entrevista à agência "Interfax".

O político russo criticou também as sanções anunciadas ontem pelos EUA contra 14 indivíduos e entidades do Irã. "Nesta situação, a comunidade internacional deve mobilizar-se, cerrar fileiras e tentar pôr fim a esta arbitrariedade político-jurídica dos Estados Unidos", disse.